Para enfrentar inadimplência, BB aposta em prevenção
O volume de renegociações deu um salto de 90 por cento no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2015 às 10h55.
São Paulo - O aprofundamento da crise econômica brasileira exige do Banco do Brasil uma abordagem de mais longo prazo na prevenção de riscos de calote do que simplesmente medidas para evitar o aumento dos índices de inadimplência no curto prazo, disse um executivo do banco estatal em entrevista à Reuters.
Neste aspecto, fatores como longo histórico de relacionamento e uma base de clientes geograficamente diversificada permitem ao BB agir para ao mesmo tempo aumentar a capacidade de pagamento dos tomadores e se proteger de uma espiral de ameaças mais estruturais.
"Tem que trabalhar cuidadosamente com os riscos, inclusive os de perder clientes", disse o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Walter Malieni Júnior, em entrevista exclusiva.
A declaração vem em um momento de maior escrutínio do mercado sobre o banco, que ajustou sua política de renegociação de crédito.
O volume de renegociações deu um salto de 90 por cento no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano, levantando temores de deterioração persistente da qualidade da carteira, embora o índice de calotes acima de 90 dias tenha ficado estável na comparação trimestral e abaixo do nível de seus principais concorrentes.
Mesmo com o ajuste recente, o volume de renegociações em relação à carteira total ainda é menor do que os dos rivais. No ano passado, o BB criou um portal online específico para esse fim, que permite aos clientes renegociarem empréstimos mesmo antes de ficarem inadimplentes.
Desde então, a ferramenta intermediou 1,2 bilhão de reais em renegociações, disse Malieni. O estoque total de renegociações do banco agora é de 3,7 bilhões de reais.
Para Malieni, além de poder dar soluções preventivas a dívidas que normalmente se deterioram com o tempo, a renegociação precoce tem o potencial de reduzir gastos futuros com cobrança terceirizada e proteger o banco contra possíveis ações judiciais futuras.
"Fomos muito criticados quando divulgamos os dados sobre renegociação, mas nos próximos meses os resultados da nossa estratégia vão aparecer", disse.
De acordo com Malieni, apesar dessa abordagem, o banco tem sido vigilante em relação a eventuais sinais localizados de deterioração do crédito. Entre as ferramentas que têm sido usadas para evitar concessão de crédito de má qualidade estão a reavaliação diária de cerca de 700 mil limites de crédito de pessoas físicas e pequenas empresas.
No plano corporativo, o BB tem um time de 200 analistas que avaliam permanentemente a qualidade da carteira de empresas com faturamento anual acima de 30 milhões de reais, disse Malieni.
Ativos
O BB tem uma empresa que o ajuda no trabalho de recuperação de crédito, a Ativos. A empresa foi criada há 10 anos, mas apenas em 2015 comprou carteira de outra instituição financeira, com a aquisição de 1 bilhão de reais em empréstimos inadimplentes da Caixa.
Vendas de carteiras de crédito podre permitem aos bancos tirar empréstimos vencidos do balanço, ganhando espaço para novas operações ao reduzir provisões para perdas com calotes.
Segundo Malieni, a Ativos não tem planos para repassar a terceiros carteiras de empréstimos empacotando esses créditos para vender no mercado na forma de títulos.
Ele afirmou que a Ativos prefere antes melhorar o seu desempenho operacional. "Queremos potencializar a Ativos ao máximo antes de buscar alternativas como essa", disse o executivo.
São Paulo - O aprofundamento da crise econômica brasileira exige do Banco do Brasil uma abordagem de mais longo prazo na prevenção de riscos de calote do que simplesmente medidas para evitar o aumento dos índices de inadimplência no curto prazo, disse um executivo do banco estatal em entrevista à Reuters.
Neste aspecto, fatores como longo histórico de relacionamento e uma base de clientes geograficamente diversificada permitem ao BB agir para ao mesmo tempo aumentar a capacidade de pagamento dos tomadores e se proteger de uma espiral de ameaças mais estruturais.
"Tem que trabalhar cuidadosamente com os riscos, inclusive os de perder clientes", disse o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, Walter Malieni Júnior, em entrevista exclusiva.
A declaração vem em um momento de maior escrutínio do mercado sobre o banco, que ajustou sua política de renegociação de crédito.
O volume de renegociações deu um salto de 90 por cento no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano, levantando temores de deterioração persistente da qualidade da carteira, embora o índice de calotes acima de 90 dias tenha ficado estável na comparação trimestral e abaixo do nível de seus principais concorrentes.
Mesmo com o ajuste recente, o volume de renegociações em relação à carteira total ainda é menor do que os dos rivais. No ano passado, o BB criou um portal online específico para esse fim, que permite aos clientes renegociarem empréstimos mesmo antes de ficarem inadimplentes.
Desde então, a ferramenta intermediou 1,2 bilhão de reais em renegociações, disse Malieni. O estoque total de renegociações do banco agora é de 3,7 bilhões de reais.
Para Malieni, além de poder dar soluções preventivas a dívidas que normalmente se deterioram com o tempo, a renegociação precoce tem o potencial de reduzir gastos futuros com cobrança terceirizada e proteger o banco contra possíveis ações judiciais futuras.
"Fomos muito criticados quando divulgamos os dados sobre renegociação, mas nos próximos meses os resultados da nossa estratégia vão aparecer", disse.
De acordo com Malieni, apesar dessa abordagem, o banco tem sido vigilante em relação a eventuais sinais localizados de deterioração do crédito. Entre as ferramentas que têm sido usadas para evitar concessão de crédito de má qualidade estão a reavaliação diária de cerca de 700 mil limites de crédito de pessoas físicas e pequenas empresas.
No plano corporativo, o BB tem um time de 200 analistas que avaliam permanentemente a qualidade da carteira de empresas com faturamento anual acima de 30 milhões de reais, disse Malieni.
Ativos
O BB tem uma empresa que o ajuda no trabalho de recuperação de crédito, a Ativos. A empresa foi criada há 10 anos, mas apenas em 2015 comprou carteira de outra instituição financeira, com a aquisição de 1 bilhão de reais em empréstimos inadimplentes da Caixa.
Vendas de carteiras de crédito podre permitem aos bancos tirar empréstimos vencidos do balanço, ganhando espaço para novas operações ao reduzir provisões para perdas com calotes.
Segundo Malieni, a Ativos não tem planos para repassar a terceiros carteiras de empréstimos empacotando esses créditos para vender no mercado na forma de títulos.
Ele afirmou que a Ativos prefere antes melhorar o seu desempenho operacional. "Queremos potencializar a Ativos ao máximo antes de buscar alternativas como essa", disse o executivo.