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Pão de Açúcar fica do tamanho de Carrefour e Wal-Mart juntos

União com as Casas Bahia leva faturamento da rede a 39,2 bilhões de reais, ante 39,4 bilhões da soma das concorrentes

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Amante confesso do futebol, o empresário Abílio Diniz colocou em prática, com seu movimento de união do Pão de Açúcar com as Casas Bahia, o velho chavão esportivo de que o ataque é a melhor defesa.

Numa fase de movimentações intensas por parte da concorrência, a compra de uma rede com faturamento de 14 bilhões de reais ao ano permitirá ao Pão de Açúcar se manter na liderança ou ao menos empatar com os competidores das duas grandes áreas de varejo em que o grupo de Abílio Diniz atua.

No setor de supermercados, a pressão sobre o Pão de Açúcar vinha da possibilidade de uma fusão do Carrefour com o Wal-Mart, que ocupam respectivamente o segundo e o terceiro postos no ranking brasileiro. Como mostrou o Portal EXAME, a especulação de que as concorrentes estão em negociação acelerou o acordo entre Abílio Diniz e Michel Klein, das Casas Bahia.

O temor de Diniz era que o Pão de Açúcar mais uma vez perdesse o topo da lista, reconquistado em junho deste ano por meio da compra do Ponto Frio. A aquisição da rede carioca de eletrodomésticos permitiu ao Pão de Açúcar acrescentar um faturamento bruto consolidado de 4,35 bilhões de dólares aos 20,85 bilhões que a empresa já registrava, num total de 25,2 bilhões de reais.

Ainda seria pouco, caso a fusão Wal-Mart e Carrefour se concretizasse. Somados os 22,47 bilhões de reais do Carrefour com os 16,95 bilhões de reais do Wal-Mart, a empresa resultante alcançaria receita bruta de 39,42 bilhões de reais, ultrapassando com folga o Pão de Açúcar.

 

Faturamento das redes (em reais)*
2008
Com as aquisições de 2009
1º) Carrefour           22,4 bilhões1º) Pão de Açúcar  39,2 bilhões
2º) Pão de Açúcar   20,8 bilhões2º) Carrefour          22,4 bilhões

3º) Wal-Mart           16,9 bilhões3º) Wal-Mart          16,9 bilhões

* Fontes: Ranking Abras, balanço do Ponto Frio e Casas Bahia

 

Ao trazer as Casas Bahia para a disputa, porém, a empresa de Abílio Diniz assimila uma operação de 14 bilhões de reais a atinge a marca dos 39,2 bilhões de reais. A diferença em relação à dobradinha Wal-Mart/Carrefour fica tão pequena, diante do tamanho do setor, que praticamente coloca lado a lado as companhias na liderança do varejo no Brasil.

Jogou na defesa, mas estufou a rede

Já na segunda área de varejo em que atua o Pão de Açúcar, a de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, a situação já estava mais confortável, do ponto de vista do faturamento. Na comparação com os 3,4 bilhões de reais do segundo colocado, o Magazine Luiza, a rede nadava de braçada já após a compra do Ponto Frio.

A vantagem da aquisição das Casa Bahia, nesse caso, foi garantir que a concorrente tenha ainda mais dificuldade para entrar nos mercados onde hoje não atua, como o do Rio de Janeiro. Sem uma concorrente de peso para comprar, a rede liderada por Luiza Trajano terá agora que crescer de forma mais lenta, loja após loja.

Para Marcelo Boschi, professor de marketing e branding da ESPM, o Pão de Açúcar teve um comportamento agressivo em ambas as aquisições, mas planejou de maneira defensiva, já que travou um ataque mais poderoso dos outros competidores.

"Aquelas lojas enormes em shoppings e em ruas de grande fluxo são ouro para quem quer entrar em novos mercados", diz. "O Pão de Açúcar isolou o Magazine Luiza. Foi um golaço", afirma Boschi.
 

 

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