Pandemia parou a Volks, mas não vai adiar investimentos no país, diz CEO
Fábricas da montadora no Brasil ficarão paradas durante 12 dias; presidente da empresa afirma que decisão não irá afetar desenvolvimento na América Latina
Maria Clara Dias
Publicado em 23 de março de 2021 às 13h41.
Última atualização em 25 de março de 2021 às 13h38.
Na última sexta-feira, a Volkswagen comunicou a suspensão de atividades relacionadas à produção de todas as suas quatro fábricas no país, nos estados de São Paulo e Paraná. A medida começa a valer a partir de amanhã, 24, e irá se estender por 12 dias corridos - até dia 4 de abril.
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Em nota, a companhia afirmou que manterá em funcionamento apenas as atividades essenciais, como limpeza e logística. A decisão, segundo a montadora, visa proteger a saúde dos funcionários e seus familiares em momento de agravamento da pandemia e alto nível de ocupação de leitos de UTI no país.
Por hora, o Brasil é o único da América Latina para o qual a Volkswagen prevê paralisações. O país enfrenta atualmente o pior momento da pandemia de covid-19, com uma escalada no número de casos e mortes nas últimas semanas.
A suspensão, porém, não impacta os planos ambiciosos da Volks na região. “A produção da Volkswagen em 2021 não será afetada com essa paralisação”, disse, por-email, Pablo Di Si, CEO e presidente da montadora na América Latina. Os investimentos da subsidiária brasileira também não sentirão reflexos imediatos da decisão, segundo o executivo. O novo ciclo de investimentos da Volkswagen para a região será anunciado em breve, afirma.
O lançamento de novos modelos, especialmente os elétricos - que fazem parte de uma estratégia global da empresa rumo à eletrificação total da frota e redução das emissões de carbono - não serão impactados com a parada repentina, segundo Di Si. Para a América Latina, o curto período não compromete a chegada e “não interfere na estratégia de eletrificação da empresa”, afirma.
A Volkswagen planeja lançar no mercado pelo menos 60 modelos elétricos e 70 híbridos nos próximos cinco anos. O plano da montadora é vender 1 milhão de veículos elétricos até o final do ano e dominar a indústria até 2025, superando até mesmo a líder no segmento, a americana Tesla .
Apesar de coincidir com o momento em que a indústria enfrenta forte escassez de matérias-primas para a produção de carros, como os semicondutores, a Volkswagen afirma que não há influência do cenário na decisão. No início do ano, as rivais Ford e Toyota paralisaram, durante um mês, as operações nos Estados Unidos diante do gargalo na oferta de componentes. A alemã também havia anunciado o reajuste na produção em terras americanas e também na China e Europa.
Na última segunda-feira também foi a vez da Volvo anunciar a paralisação de parte da produção de caminhões na fábrica de Curitiba, em razão da falta de peças, principalmente componentes eletrônicos, junto com o agravamento da pandemia no país.
Segundo Di Si, não haverá qualquer prejuízo financeiro para a montadora em decorrência do período em “congelamento”, e os dias serão compensados ainda no segundo semestre de 2021. A montadora afirma que não haverá demissões, e o pagamento dos empregados não será impactado durante esse período. A estratégia foi acordada em conjunto com sindicatos das regiões onde operam as fábricas.