Os principais hotéis estrelados e econômicos do Brasil
Maiores redes de hotéis do país possuem planos agressivos de expansão no segmento econômico para atender empresas e a nova classe média
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2012 às 07h41.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
Nos planos de expansão das maiores redes de hotéis do Brasil para os próximos anos, nenhum segmento está tão em alta quanto o das redes econômicas. Com diárias de 100 a 200 reais e três estrelas, esses hotéis se propõem a atender o público corporativo durante a semana e as classe B e C aos sábados e domingos. Os quartos dos hotéis costumam ser melhores e mais bem-conservados - mas não maiores - que a da maioria dos empreendimentos sem bandeira. Os apartamentos da rede Formule 1, por exemplo, tem apenas 12 metros quadrados. A quase inexistência de infraestrutura complementar também ajuda a reduzir o custo. Há hotéis econômicos que não possuem restaurante, salas para convenções, piscina, academia, área lazer nem mesmo telefone dentro do quarto. Os serviços são igualmente espartanos. Carregadores de bagagem, como esse da foto ao lado, do hotel Fasano, são raros de se ver. Entrega de comida no quarto e chef de cozinha também não são comuns. Em alguns hotéis, até mesmo estacionamento, café da manhã e internet são cobrados à parte. Não é à toa que esses hotéis acabam alcançando margens de lucro maiores do que as de empreendimentos de segmentos superiores mesmo com tarifas tão baixas "É o preço que faz o brasileiro demandar cada vez mais quartos nesse tipo de hotel", diz Ricardo Mader, diretor da Jones Lang LaSalle Hotels. "Como as margens de lucro são mais altas, os investidores estão igualmente interessados." Veja nas próximas páginas quais são as principais redes de hotéis econômicos do país.
O Ibis, do grupo francês Accor, é a maior rede hoteleira de tarifas econômicas no Brasil. Já existem 53 hotéis em funcionamento sob a bandeira no país - e todos seguem o mesmo padrão mundial. Outros 43 estão com contrato assinado para construção e inauguração antes de 2014. Além disso, a rede possui hotéis em diversos países da América Latina e um plano agressivo de expansão para o Chile. No Brasil, o Ibis está em quase todas as grandes capitais brasileiras, com exceção de Recife e Brasília. A rede também está presente ou chegará em breve a cidades pequenas como Lins (SP), Dourados (MS) e Poços de Caldas (MG). A diária média custa 120 reais por casal - sendo 89 reais em cidades do interior e 159 reais na unidade da avenida Paulista. Em troca, o hóspede ficará em quartos de 16 a 18 metros quadrados. O serviço de alimentação e a recepção ficam abertos 24 horas por dia, mas não há carregador de bagagem nem serviço de quarto. A maioria dos apartamentos abriga apenas duas pessoas e têm camas de tamanho simples. Café da manhã e estacionamento são cobrados à parte. O serviço de internet é gratuito apenas no lobby. Não há área de lazer, academia nem piscina. "Estamos concentrados em oferecer tudo o que alguém a trabalho vai precisar de um hotel", diz Steven Daines, diretor para ibis e Formule 1 na América Latina. "Mas não gastamos com o que ele não terá tempo de usar." A maioria dos hóspedes é de brasileiros que viajam a trabalho. As pessoas físicas costumam ser maioria apenas durante os finais de semana. Boa parte dos hotéis brasileiros são de propriedade do grupo Accor, mas a tendência é que o número de franquias Ibis cresça nos próximos anos. A rede registrou de janeiro a outubro uma taxa de ocupação média de 79% e uma margem de lucro de 15%.
Entre as principais bandeiras existentes no Brasil, o Formule 1, também do grupo Accor, é a rede de hotéis mais econômica. As unidades da rede cobram uma diária média de 100 reais e conseguem atingir inclusive a classe C. Com uma combinação de custo baixo e serviços enxutos, o Formule 1 pode cobrar pouco sem abrir mão de margens de lucro interessantes. O hotel costuma ser grande, com cerca de 300 apartamentos de apenas 12 metros quadrados cada um. A pia fica no quarto ao invés de dentro do banheiro. A cama extra do apartamento de casal é um beliche. As áreas públicas também são bastante reduzidas. Não há serviço de quarto nem restaurante. Quando o hóspede deseja algo, tem que descer até o lobby e comprar na loja de conveniência. Café de manhã e estacionamento são pagos à parte. No total, a rede de hotéis Formule 1 já possui 11 unidades no país - todos administrados pela própria Accor. Taxas de ocupação acima de 80% neste ano fazem com que a rede planeje a abertura de ao menos sete unidades até a Copa de 2014. Mesmo assim, o Ibis continua a ser com folga o principal negócio da Accor no segmento econômico. A explicação é que o cliente corporativo prefere ficar num hotel mais confortável como o ibis ao mesmo tempo em que a demanda das pessoas físicas ainda é fraca nos dias de semana. "A classe C prefere dormir na casa de parentes ou amigos quando viaja", diz Steven Daines, diretor para ibis e Formule 1 na América Latina. "Mas acreditamos que o crescimento e amadurecimento da classe média vão mudar esse hábito."
Segunda maior rede hoteleira do Brasil, com 75 empreendimentos, a Atlântica Hotels sempre teve um foco muito maior no segmento de quatro e cinco estrelas que sua principal concorrente, a líder Accor. Mas isso está começando a mudar. Neste ano, a empresa brasileira abriu seu primeiro hotel no segmento econômico, um Go Inn em Manaus. E também já assinou contratos para colocar em funcionamento até 2012 outras oito unidades, localizadas em Aparecida do Norte (SP), Campos (RJ), Goiânia, Duque de Caxias (RJ), Itaguaí (RJ), Cuiabá , Porto Velho e Vitória. A empresa tem dado prioridade à bandeira Go Inn em cidades onde acredita não ser possível abrir hotéis mais luxuosos, de bandeiras como Comfort, Quality ou Radisson. Os hotéis Go Inn possuem algumas características de hotel econômico, como quartos com cerca de 15 metros quadrados e pia fora do banheiro. No entanto, serviços como café da manhã, computadores com internet, wi-fi e café da manhã estão incluídos na diária. O hotel aberto em Manaus cobra 128 reais por dia e tem registrado uma taxa ocupação média de 75%. "Isso é mais do que a média da rede, apesar de o empreendimento em Manaus ter sido aberto há apenas sete meses", diz a vice-presidente de marketing e vendas da Atlântica Hotels, Annie Morrissey. Como a construção de um Go Inn também custa menos (cerca de 60.000 reais por quarto, sem contar o preço do terreno), o percentual de frequência é suficiente para garantir taxas de retorno interessantes.
A IHG (InterContinental Hotels Group), maior rede hoteleira do mundo em número de quartos, vê um grande potencial para a abertura de empreendimentos dentro do segmento econômico no Brasil. Um estudo realizado pela própria empresa encontrou oportunidades para a abertura de 84 hotéis econômicos com a bandeira Holiday Inn Express no Brasil, principalmente na região Sudeste. Com 2.100 hotéis Holiday Inn e Holiday Inn Express ao redor do mundo e outros 500 em desenvolvimento, a IHG também é uma das líderes mundiais nos segmento econômico e médio. A principal diferença entre as duas bandeiras são os serviços oferecidos. Em troca de descontos de 10% a 20% em relação ao Holiday Inn, o cliente do Holiday Inn Express tem direito a um apartamento, café da manhã, internet rápida e estacionamento. Por outro lado, não há carregador de bagagem, manobrista nem serviço de quarto 24 horas por dia. Há piscina e sala de ginástica, mas não existe spa. O centro de convenções é substituído por uma ou duas salas pequenas para reuniões. Ao invés de restaurante ou espaço gastronômico, há uma loja de conveniência. Em compensação, os hotéis costumam ser instalados próximos a shoppings e restaurantes para que os hóspedes tenham opção de comida. Apesar de ter identificado oportunidade para a abertura de 84 unidades, até agora apenas três estão em funcionamento: em Natal, Cuiabá e São Paulo (no bairro do Sumaré). Até 2012, outros quatro deverão ficar prontos: Porto Velho, Maceió, Belém e Manaus. O diretor de desenvolvimento da IHG no Brasil, Eduardo Camargo, explica que os investidores brasileiros ainda não estão acostumados com o sistema de franquia hoteleira. No entanto, ele aposta que a rentabilidade dos hotéis econômicos deve atrair mais investidores nos próximos anos. Mesmo com diárias de 140 a 200 reais, o Holiday Inn Express consegue entregar margens de lucro superiores ao de outros segmentos hoteleiros e remunera antes o investimento. O segredo está em taxas de ocupação superiores a 80% e em redução de custos. Um hotel com 100 apartamentos costuma trabalhar com apenas 25 funcionários, que se revezam no exercício de diversas tarefas.
Um dos mais tradicionais grupos hoteleiros do mundo, o Hilton planeja trazer a rede de hotéis econômicos Hampton Inn em breve ao Brasil. Essa bandeira é muito bem-sucedida nos Estados Unidos, mas o padrão dos empreendimentos brasileiros sofrerá uma série de adaptações. A começar pelo nome. No Brasil, a rede vai aproveitar a boa reputação da marca Hilton e deverá se chamar Hampton by Hilton. Devido aos custos elevados de terreno e construção, os quartos da rede serão menores. O tamanho foi reduzido dos 28 metros quadrados nos EUA para 21,5 metros no Brasil. Os cortes também atingiram os gastos com decoração e mobília. Por outro lado, os hotéis Hampton Inn terão um restaurante de comida rápida - ao contrário do que acontece nos EUA. O Hampton by Hilton deve se diferenciar de redes como o Ibis e o Formule 1 e incluir serviços como estacionamento e café da manhã na diária. O modelo, portanto, será mais parecido com o do Holiday Inn Express e tentará atrair o público corporativo durante a semana e as famílias se classe A ou B aos sábados e domingos. O grupo ainda não sabe quando os novos hotéis começarão a ser construídos. Todas as unidades do Brasil serão erguidas por franqueados - a rede internacional só entrará com a bandeira e as ferramentas de gestão. Entretanto, o Hilton só vai tirar o plano do papel quando houver investidores interessados em construir boa parte dos 30 hotéis Hampton by Hilton planejados. "Acreditamos que o crescimento da classe média, o avanço das redes de hotéis com bandeira e a segurança oferecida por uma marca reconhecida criam espaço para a instalação de muitas unidades do Hampton by Hilton no Brasil", diz Paula Muniz, diretora de desenvolvimento da rede Hilton na América do Sul.
A BHG (Brazil Hospitality Group) decidiu utilizar a bandeira Tulip Inn, de três estrelas, para trabalhar no segmento econômico. Atualmente existem no Brasil 11 hotéis Tulip Inn, mas as unidades são pouco padronizadas. Como forma de oferecer tarifas mais baixas sem reduzir a qualidade dos apartamentos, a empresa decidiu que a bandeira deverá entrar na categoria conhecida como "limited services" (ou de serviços mais enxutos). O primeiro hotel a ser construído dentro dessas características será o Tulip Inn de Itaguaí, uma cidade localizada a 80 km da cidade do Rio de Janeiro e que deve receber volumosos investimentos nos próximos anos. O hotel terá 189 quartos, restaurante com capacidade para 100 pessoas e 200 vagas de garagem. Nos próximos cinco anos, o plano ambicioso da BHG prevê a construção de mais 4.000 quartos em hotéis Tulip Inn localizados em 30 cidades. Para se ter um ideia do tamanho da aposta, toda a rede BHG administra hoje cerca de 5.500 apartamentos. Controlada pela GP Investimentos, a BHG é a terceira maior rede hoteleira do Brasil, atrás apenas do grupo Accor e da Atlântica Hotels. Além do Tulip Inn, a rede atua com outras duas categorias de hotéis: Golden Tulip Hotels (quatro estrelas) e Royal Tulip Luxury Hotels (cinco estrelas).
Mais lidas
Mais de Negócios
Ele trabalhava 90 horas semanais para economizar e abrir um negócio – hoje tem fortuna de US$ 9,5 biBezos economizou US$ 1 bilhão em impostos ao se mudar para a Flórida, diz revista15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados