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"Os minoritários não querem a venda do Carrefour"

Sócio da gestora Knight Vinke, que possui 1,5% das ações do grupo Carrefour, afirma grupo deve focar na resolução de seus problemas na Europa

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 17h16.

São Paulo - Na tarde desta terça-feira, a gestora de recursos Knight Vinke, com sede em Nova York, divulgou para a imprensa francesa uma carta que havia sido enviada ao conselho de administração do Carrefour. Nela, Eric Knight, fundador da gestora, critica o Carrefour por buscar a fusão de suas operações brasileiras com o Grupo Pão de Açúcar (GPA), fato que vem sendo ventilado pela imprensa ao longo das últimas duas semanas.

Segundo ele, tal operação não seria adequada para o atual momento do Carrefour e poderia provocar litígios com o Casino - rede varejista francesa sócia do Pão de Açúcar -, além de um complexo caminho de restrições diante de órgãos antitruste brasileiros e franceses. "Parece ser mais ajuizado da parte do Carrefour manter-se focado em melhorar sua performance na Europa, pois isso é vital para restaurar a valorização das ações do grupo", escreveu Knight.

Procurada pelo site de VEJA, a gestora Knight Vinke atendeu ao pedido de entrevista por meio de seu sócio, David Trenchard, que explicou sua visão negativa diante de uma possível negociação com o varejista brasileiro. "Os acionistas controladores podem estar pressionando os diretores da empresa para uma operação que poderá ser financeiramente interessante no curto prazo, mas que não resolve o problema do Carrefour na França", afirmou Trenchard.

Qual é a principal preocupação diante de uma possível fusão do GPA com as operações do Carrefour no Brasil?
O problema é que isso distrairia a atenção da empresa de um problema maior, que é a situação de sua área de hipermercados na França. Eles deveriam voltar todos os seus esforços para isso, e não para operações de spin off (desmembramento de uma parte da empresa) ou fusão. Além disso, seria uma operação complicada e demorada, exposta à aprovação de órgãos antitruste.

Qual é a influência dos controladores do Carrefour (Colony Capital e Bernard Arnault) nesse cenário?
Eles não estão pensando no longo prazo e podem estar pressionando os diretores da empresa para uma operação que poderá ser financeiramente interessante no curto prazo, mas que não resolve o problema do Carrefour na França. Só que para nós, que trabalhamos com fundos de pensão, o horizonte de investimento de longo prazo é o que conta. E por isso escolhemos investir no Carrefour.

Os acionistas minoritários estão de acordo que essa negociação seria ruim?
Sim. Os minoritários não querem a fusão. Nós falamos com alguns deles e justamente por isso decidimos enviar a carta ao conselho de administração do Carrefour. Nosso objetivo é trazer um consenso de minoritários para a situação. Não estamos querendo criar nenhum tipo de confusão, apenas expor que, na nossa avaliação, essa operação não seria indicada para o momento. O conselho precisa ver qual é a coisa certa a se fazer.

O conselho chegou a responder a carta?
Ainda não. Como a reunião do conselho foi na terça-feira, só esperaremos algum tipo de resposta alguns dias depois.

Vocês poderiam processar o Carrefour caso a venda se concretize?
Nós não pensamos nisso, pois as negociações nem mesmo foram oficializadas. Não queremos criar uma briga fiduciária. Mas, caso o processo de fusão caminhe, nós teremos que agir de maneira mais efetiva junto ao conselho. Somos uma gestora de investimentos e temos que zelar pelos aportes de nossos cotistas.

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São Paulo - Na tarde desta terça-feira, a gestora de recursos Knight Vinke, com sede em Nova York, divulgou para a imprensa francesa uma carta que havia sido enviada ao conselho de administração do Carrefour. Nela, Eric Knight, fundador da gestora, critica o Carrefour por buscar a fusão de suas operações brasileiras com o Grupo Pão de Açúcar (GPA), fato que vem sendo ventilado pela imprensa ao longo das últimas duas semanas.

Segundo ele, tal operação não seria adequada para o atual momento do Carrefour e poderia provocar litígios com o Casino - rede varejista francesa sócia do Pão de Açúcar -, além de um complexo caminho de restrições diante de órgãos antitruste brasileiros e franceses. "Parece ser mais ajuizado da parte do Carrefour manter-se focado em melhorar sua performance na Europa, pois isso é vital para restaurar a valorização das ações do grupo", escreveu Knight.

Procurada pelo site de VEJA, a gestora Knight Vinke atendeu ao pedido de entrevista por meio de seu sócio, David Trenchard, que explicou sua visão negativa diante de uma possível negociação com o varejista brasileiro. "Os acionistas controladores podem estar pressionando os diretores da empresa para uma operação que poderá ser financeiramente interessante no curto prazo, mas que não resolve o problema do Carrefour na França", afirmou Trenchard.

Qual é a principal preocupação diante de uma possível fusão do GPA com as operações do Carrefour no Brasil?
O problema é que isso distrairia a atenção da empresa de um problema maior, que é a situação de sua área de hipermercados na França. Eles deveriam voltar todos os seus esforços para isso, e não para operações de spin off (desmembramento de uma parte da empresa) ou fusão. Além disso, seria uma operação complicada e demorada, exposta à aprovação de órgãos antitruste.

Qual é a influência dos controladores do Carrefour (Colony Capital e Bernard Arnault) nesse cenário?
Eles não estão pensando no longo prazo e podem estar pressionando os diretores da empresa para uma operação que poderá ser financeiramente interessante no curto prazo, mas que não resolve o problema do Carrefour na França. Só que para nós, que trabalhamos com fundos de pensão, o horizonte de investimento de longo prazo é o que conta. E por isso escolhemos investir no Carrefour.

Os acionistas minoritários estão de acordo que essa negociação seria ruim?
Sim. Os minoritários não querem a fusão. Nós falamos com alguns deles e justamente por isso decidimos enviar a carta ao conselho de administração do Carrefour. Nosso objetivo é trazer um consenso de minoritários para a situação. Não estamos querendo criar nenhum tipo de confusão, apenas expor que, na nossa avaliação, essa operação não seria indicada para o momento. O conselho precisa ver qual é a coisa certa a se fazer.

O conselho chegou a responder a carta?
Ainda não. Como a reunião do conselho foi na terça-feira, só esperaremos algum tipo de resposta alguns dias depois.

Vocês poderiam processar o Carrefour caso a venda se concretize?
Nós não pensamos nisso, pois as negociações nem mesmo foram oficializadas. Não queremos criar uma briga fiduciária. Mas, caso o processo de fusão caminhe, nós teremos que agir de maneira mais efetiva junto ao conselho. Somos uma gestora de investimentos e temos que zelar pelos aportes de nossos cotistas.

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