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Os brasileiros no controle da Fleming’s, da dona do Outback

Os sócios brasileiros criaram até uma raça nova de gado para que os steaks atendessem aos padrões de qualidade da rede norte-americana


	Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar em São Paulo: sócios brasileiros criaram até uma raça nova de gado
 (Divulgação)

Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar em São Paulo: sócios brasileiros criaram até uma raça nova de gado (Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 4 de abril de 2016 às 13h45.

São Paulo - Com uma adega de dar inveja, um forno que assa a 800° C com chamas e uma raça de gado especialmente desenvolvida para a rede, a Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar é a nova menina dos olhos dos brasileiros que trouxeram o Outback ao Brasil.

A rede de restaurantes, com foco em carne e vinhos, chegou ao país em março, sendo a primeira unidade fora dos Estados Unidos.

O investimento na primeira unidade foi de 7,5 milhões de reais e a companhia espera abrir cerca de 2 restaurantes todo ano pelos próximos 5 anos.

“Já estamos olhando para a segunda unidade, em São Paulo ou Rio de Janeiro”, disse Mauro Guardabassi, presidente da Fleming’s no Brasil.

A marca faz parte da Bloomin’ Brands, grupo norte-americano que controla o Outback e a Abbraccio Cucina Italiana. Mas, ao contrário das duas outras redes, que no Brasil têm controle majoritário da empresa americana, a exploração da marca Fleming’s no Brasil é controlada por três brasileiros.

“Uma coisa nossa”

Peter Rodenbeck, Salim Maroun e Mauro Guardabassi eram os antigos donos da marca Outback aqui no Brasil desde 1997.

Em 2013, a Bloomin’ Brands comprou o controle da operação brasileira como parte de sua estratégia de expansão internacional. A rede com inspiração australiana era 80% da companhia americana e 20% dos sócios brasileiros, que continuaram no comando.

O sucesso por aqui era tanto que, em 2015, o grupo trouxe outra marca para o país. A Carrabba’s Italian Grill foi rebatizada de Abbraccio Cucina Italiana e já tem 4 restaurantes – e mais 2 em construção.

Mas os três brasileiros sonhavam mais longe. “No fundo, a gente queria uma coisa nossa. Trabalhamos 18 anos juntos e dava muito certo, por isso buscamos o direito de explorar a Fleming’s no Brasil”, disse Guardabassi.

Assim, a nova rede de restaurantes tem controle brasileiro, sendo uma empresa separada da Bloomin’ Brands, afirmou o presidente.

Preparação e treinamento

Os preparativos para abrir a rede começaram há cerca de três anos. A razão para tanta antecedência é porque foi preciso criar uma nova raça de bois completamente nova.

Nos Estados Unidos, a Fleming’s usa apenas a variedade USDA Premium, que corresponde a apenas 2% do gado do país. No Brasil, no entanto, não existia uma carne com as características desejadas, então a empresa criou uma.

O novo gado Fleming’s Prime é uma mistura de 50% de Wagyu, gado japonês especial, 25% Angus, originário da Escócia e 25% Nelore, raça indiana.

A combinação resulta em uma carne mais marmorizada, ou seja, com mais gordura entremeada e, portanto, mais macia e suculenta.

Além de interferir na genética do boi, a rede também se preocupou com a sua criação. Ele só se alimenta de uma ração com alto teor energético e fica confinado por 410 dias, muito mais do que o normal, para garantir a maciez da carne.

O tratamento especial à carne não termina aí. Os bifes, incrivelmente altos, são assados em um forno a 800°C, enquanto uma chama sela a carne para nenhum líquido se perder. Importado, o forno custou cerca de 90 mil reais.

As carnes seguem o corte norte-americano, que é diferente do churrasco tradicional brasileiro. No entanto, a marca precisou incorporar a brasileiríssima picanha ao cardápio para agradar o paladar brasileiro.

Além das carnes, o vinho é outro ponto alto da casa, com 100 vinhos disponíveis em taças. 

Para ajudar a escolher entre tantas opções, cada mesa tem um tablet equipado com um aplicativo que expõe todo o menu de vinhos, drinks e cervejas artesanais.

As opções podem ser separadas por tipo de bebida, humor ou até qual irá harmonizar melhor com o prato escolhido.

A empresa trouxe dois mixologistas dos Estados Unidos, que ficarão 3 meses ensinando a equipe brasileira a preparar os drinks assim como são feitos por lá.

Para aprender tudo o que podiam com a matriz, 9 pessoas voaram para a Califórnia e passaram 7 meses trabalhando em unidades americanas. 

Assim como nos Estados Unidos, cada restaurante da rede brasileira tem dois sócios – um que se preocupa com a parte operacional e outro que lida com a cozinha - no restaurante Cidade Jardim, os partners são Roseli Miranda e Jean Paul Maroun, respectivamente.

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