Onda de suicídios volta a preocupar a francesa Orange
Neste ano, dez funcionários da operadora se mataram - quase o mesmo que em todo o ano de 2013
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2014 às 09h00.
Paris - A Orange - France Telecom, maior operadora de telefonia fixa e celular da França e uma das maiores da Europa, está vivendo uma nova onda de suicídios de funcionários. Desde o início do ano, dez funcionários se mataram - quase o mesmo que em todo o ano de 2013.
O problema é antigo na empresa, que sofreu uma primeira onda de mortes entre 2008 e 2009. Outras grandes multinacionais do país, como a Renault, também já passaram pelo problema.
O primeiro alerta sobre o retorno do problema foi lançado há uma semana, em Paris, pelo Observatório do Estresse, uma organização não governamental criada por sindicatos da França para monitorar empresas denunciadas por impor políticas de trabalho duras demais.
Na quinta-feira, 20, um novo caso foi computado - o de um jovem de 25 anos encontrado morto em 6 de março. De acordo com o organismo, dos dez casos recenseados em 2014, três são de mulheres e sete de homens.
Em razão do novo surto, dois órgãos ligados aos Ministérios da Saúde e do Trabalho da França foram acionados para apurar as circunstâncias de trabalho dos funcionários mortos. Esta deve ser a ocasião para a direção do grupo se explicar sobre essa degradação, as causas e sobretudo as medidas de urgência que a empresa pretende implantar, diz observatório.
Aposentadorias
De acordo com os sindicatos, a Orange programou um plano de aposentadorias antecipadas de 15 mil funcionários até 2015 e de até 30 mil no horizonte 2020 - de cerca de 100 mil empregados do grupo. Em contrapartida, para suprir as vagas abertas estaria prevista a contratação de 4 mil empregados até 2015 - o que implicaria o corte de 11 mil postos.
No espaço de um ano, a situação se degradou pela supressão de empregos programada ao longo de vários anos e a insuficiência de contratações, a aceleração de fusões, de restruturações, de fechamento de unidades, mudanças de função e mudanças de ambiente de trabalho, advertem os sindicatos.
A direção da Orange confirmou a ocorrência de vários suicídios, mas adverte que seriam nove - e não dez -, e cada morte com razões particulares.
A empresa admite a hipótese de rever mais uma vez seus métodos e, em especial, seu dispositivo de prevenção criado em 2008. Como aconteceu em 2008 e 2009, Jean-François Colin, mediador nomeado pela empresa para as relações trabalhistas, vai se encontrar amanhã com os sindicatos e representantes de trabalhadores para discutir alternativas para a nova crise de recursos humanos.
Há um número elevado de suicídios desde o início do ano, é incontestável e absolutamente dramático, afirmou o diretor de Recursos Humanos da empresa, Bruno Mettling, em entrevista à agência France Presse. É preciso ser muito prudente neste momento sobre a análise feita de existência de vínculos com o trabalho. Não se deve nem negar nem afirmar esses vínculos.
Para Antoine Debure, doutor em Sociologia do Trabalho e analista da consultoria de Recursos Humanos Idéhos, de Paris, possíveis vínculos entre as mortes e o ambiente profissional não podem ser menosprezados pela empresa, mas ainda é cedo para tirar conclusões.
Aparentemente há elementos que indicam vínculos com o trabalho realizado por essas pessoas, mas não sabemos detalhes suficientes ainda, disse Debure ao jornal O Estado de S. Paulo.
O que podemos questionar por ora é que essa talvez seja a ponta do iceberg em empresas como a Orange, que tem 100 mil funcionários. Talvez seja preciso saber mais sobre as condições em que trabalham, de que maneira realizam suas funções cotidianas, em que estado de saúde física e mental elas estão.
Como aconteceu há cinco anos, os Ministérios da Saúde e do Trabalho devem realizar investigações sobre parte dos casos de suicídios para tentar compreender as razões da passagem ao ato. Até lá, uma célula de crise deve ser acionada no interior da empresa.
Paris - A Orange - France Telecom, maior operadora de telefonia fixa e celular da França e uma das maiores da Europa, está vivendo uma nova onda de suicídios de funcionários. Desde o início do ano, dez funcionários se mataram - quase o mesmo que em todo o ano de 2013.
O problema é antigo na empresa, que sofreu uma primeira onda de mortes entre 2008 e 2009. Outras grandes multinacionais do país, como a Renault, também já passaram pelo problema.
O primeiro alerta sobre o retorno do problema foi lançado há uma semana, em Paris, pelo Observatório do Estresse, uma organização não governamental criada por sindicatos da França para monitorar empresas denunciadas por impor políticas de trabalho duras demais.
Na quinta-feira, 20, um novo caso foi computado - o de um jovem de 25 anos encontrado morto em 6 de março. De acordo com o organismo, dos dez casos recenseados em 2014, três são de mulheres e sete de homens.
Em razão do novo surto, dois órgãos ligados aos Ministérios da Saúde e do Trabalho da França foram acionados para apurar as circunstâncias de trabalho dos funcionários mortos. Esta deve ser a ocasião para a direção do grupo se explicar sobre essa degradação, as causas e sobretudo as medidas de urgência que a empresa pretende implantar, diz observatório.
Aposentadorias
De acordo com os sindicatos, a Orange programou um plano de aposentadorias antecipadas de 15 mil funcionários até 2015 e de até 30 mil no horizonte 2020 - de cerca de 100 mil empregados do grupo. Em contrapartida, para suprir as vagas abertas estaria prevista a contratação de 4 mil empregados até 2015 - o que implicaria o corte de 11 mil postos.
No espaço de um ano, a situação se degradou pela supressão de empregos programada ao longo de vários anos e a insuficiência de contratações, a aceleração de fusões, de restruturações, de fechamento de unidades, mudanças de função e mudanças de ambiente de trabalho, advertem os sindicatos.
A direção da Orange confirmou a ocorrência de vários suicídios, mas adverte que seriam nove - e não dez -, e cada morte com razões particulares.
A empresa admite a hipótese de rever mais uma vez seus métodos e, em especial, seu dispositivo de prevenção criado em 2008. Como aconteceu em 2008 e 2009, Jean-François Colin, mediador nomeado pela empresa para as relações trabalhistas, vai se encontrar amanhã com os sindicatos e representantes de trabalhadores para discutir alternativas para a nova crise de recursos humanos.
Há um número elevado de suicídios desde o início do ano, é incontestável e absolutamente dramático, afirmou o diretor de Recursos Humanos da empresa, Bruno Mettling, em entrevista à agência France Presse. É preciso ser muito prudente neste momento sobre a análise feita de existência de vínculos com o trabalho. Não se deve nem negar nem afirmar esses vínculos.
Para Antoine Debure, doutor em Sociologia do Trabalho e analista da consultoria de Recursos Humanos Idéhos, de Paris, possíveis vínculos entre as mortes e o ambiente profissional não podem ser menosprezados pela empresa, mas ainda é cedo para tirar conclusões.
Aparentemente há elementos que indicam vínculos com o trabalho realizado por essas pessoas, mas não sabemos detalhes suficientes ainda, disse Debure ao jornal O Estado de S. Paulo.
O que podemos questionar por ora é que essa talvez seja a ponta do iceberg em empresas como a Orange, que tem 100 mil funcionários. Talvez seja preciso saber mais sobre as condições em que trabalham, de que maneira realizam suas funções cotidianas, em que estado de saúde física e mental elas estão.
Como aconteceu há cinco anos, os Ministérios da Saúde e do Trabalho devem realizar investigações sobre parte dos casos de suicídios para tentar compreender as razões da passagem ao ato. Até lá, uma célula de crise deve ser acionada no interior da empresa.