Oi não cederá à pressão de venda de ativos ou dívida, diz COO
A empresa está sob escrutínio desde que registrou prejuízo de R$ 1,56 bilhão e queimou cerca de R$ 2 bilhões em caixa no segundo trimestre
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2019 às 15h00.
Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 15h00.
A Oi , que está nos estágios finais de uma reestruturação de dívida de US$ 19 bilhões, possui um “leque de opções” para levantar capital enquanto reorganiza seus negócios em um modelo sustentável e não vai decidir entre uma ou outra opção sob pressão, disseram o diretor operacional Rodrigo Abreu e o presidente Eurico Teles em entrevista por telefone.
A Oi está negociando a venda de vários ativos e já começou a se beneficiar de um crédito fiscal de R$ 3 bilhões. A empresa também estuda emissão de dívida de até R$ 4,5 bilhões, conforme descrito no plano de recuperação judicial, disse Abreu.
“Não tem um caminho fixo à frente”, disse Abreu. “A execução desse leque de opções vai depender da ordem em que se realizem as vendas de ativos.” Abreu não disse que tipo de dívida poderia ser emitida ou o tamanho exato da venda.
A Oi vendeu um prédio no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, na semana passada por R$ 120 milhões, disse Abreu. Ele também reafirmou seu objetivo de vender participação de 25% na Unitel em Angola até o final do ano - um negócio estimado em cerca de US$ 1 bilhão - sem dar mais detalhes.
A empresa está sob escrutínio desde que registrou prejuízo de R$ 1,56 bilhão e queimou cerca de R$ 2 bilhões em caixa no segundo trimestre. A Reuters e o Valor Econômico noticiaram no mês passado que a empresa havia colocado sua operação de telefonia móvel à venda, além dos ativos não essenciais, como torres, call centers e imóveis que já tinham sido colocados à venda em seu plano estratégico, em julho.
“A gente tem que deixar de lado as especulações”, disse Abreu. “A gente tem ferramentas para gerir a nossa gestão de caixa e injetar recursos na companhia.”
Embora negue um processo formal para vender sua rede móvel, a quarta maior do Brasil, Abreu recebeu com satisfação o interesse pelo ativo. “Nossa operação móvel é sustentável e gera valor”, disse.
Abreu, que foi membro do conselho da Oi por um ano e foi anteriormente presidente da Tim Brasil, foi nomeado COO no mês passado, depois que o maior acionista da empresa, a GoldenTree Asset Management, solicitou a substituição dos principais gestores da empresa.
A Oi está a caminho de concluir com êxito sua recuperação judicial e não está preocupada com nenhum prazo, disse o CEO Teles na mesma entrevista.
“A gente não está olhando pra lei, pro período de execução judicial, e sim pra companhia”, disse Teles. “Precisa ser recuperado o gap tecnológico da Oi, executado o plano estratégico. Isso é um plano essencial da companhia.”