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OGX é prejudicada por dispersão de investimentos, dizem analistas

Empresa precisa definir foco dos investimentos, garantir fluxo de caixa e tecnologias capazes de explorar petróleo dos 34 blocos que detém

Eike Batista, dono OGX: empresa precisa transformar as promessas em realidade (Marcelo Correa/EXAME.com)

Eike Batista, dono OGX: empresa precisa transformar as promessas em realidade (Marcelo Correa/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2011 às 18h58.

São Paulo – A OGX, braço de petróleo do grupo EBX controlado por Eike Batista, vai precisar ter foco para atingir ao máximo sua capacidade de produção e exploração de petróleo. Analistas ouvidos por EXAME.com apontam três problemas que a empresa precisa resolver: definir o foco dos investimentos, tomar cuidado para manter o fôlego de caixa, e estudar as regiões em que vai operar, além de buscar tecnologias eficazes.

“O problema é que a OGX tem muitos pontos para explorar, o que demandará uma grande quantia em investimentos e talvez ela não tenha fôlego de caixa”, diz Oswaldo Telles, analista da Banif Corretora. A petroleira tem hoje 34 blocos, cinco deles na Colômbia.

A situação financeira atual da empresa é boa. A OGX não tem dívidas e encerrou 2010 com quase 7,7 bilhões de reais em ativo circulante. Mas os investimentos aos poucos vão crescendo e diminuindo o caixa da empresa – que ainda não gerou nenhuma receita. Em 2010, foram 2,4 bilhões de reais em investimentos na campanha exploratória. Também foram desembolsados 74,7 milhões de reais para estudos sísmicos, aquisição, processamento e interpretação dos dados das bacias de Campos, Santos, Espírito Santo, Pará-Maranhão e Parnaíba. Além disso, a OGX tem cinco blocos exploratórios na Colômbia, que demandam investimentos de 125 milhões de dólares nos próximos três anos.

Manter o caixa - O controlador Eike Batista afirmou que pretende vender 10% da empresa para capitalizar a OGX e garantir os investimentos previstos para este ano – 2 bilhões de dólares. Porém, a venda indica a fragilidade de manter investimentos no longo prazo. “A empresa foi criada num momento de euforia. Há outras competidoras no mercado e ela precisa provar que terá capital para o futuro”, diz Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Outro ponto que divide analistas é a tecnologia necessária para explorar a região. Eike Batista bate o pé no chão para afirmar que a maior parte das descobertas da OGX situa-se em águas rasas, o que reduziria os custos de exploração e produção, quando comparados ao pré-sal. Além disso, a tecnologia de extração em águas rasas seria “amplamente dominada.”

Os novos estudos da consultoria DeGoyler & MacNaughton (D&M) indicaram uma dificuldade. Na bacia de Campos, os recursos calculados estão em torno de 5,7 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). No relatório de um ano antes, o valor era de 3,7 bilhões de barris. Apesar do acréscimo, os especialistas chamam a atenção para o elevado grau de incerteza desses recursos. A D&M classificou 3 bilhões de boe como 3C – o mais alto grau de incerteza de sua escala.

Essa classificação alimenta desconfiança no mercado. “Desde a época do leilão, em 2007, era sabido que a região tinha um grande potencial, mas a questão é que não há muito conhecimento da área”, diz Ildo Luís Sauer, professor do Instituto Eletrotécnia e Energia da Universidade de São Paulo (IEE-USP).

Com o novo relatório da D&M, a OGX tem recursos totais de 10,8 bilhões de barris de petróleo equivalente (boe). O problema: os recursos não foram provados. “Isso sempre causou desconfiança para a OGX, porque ela nunca produziu”, diz Adriano Pires. Para reverter a situação, a empresa traçou uma estratégia para, até 2013, transformar esses indícios em produção real. Só assim a OGX, criada em 2007 em meio a um aquecido mercado, poderá ter a plena confiança do mercado e dos investidores.

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