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Odebrecht tenta mudar imagem para continuar no mercado

Desde que Marcelo Odebrecht foi preso, em meados de 2015, um batalhão de executivos foi recrutado para tentar mudar a cultura do grupo

Odebrecht: hoje, 49 diretores trabalham na aplicação de uma série de regras para moralizar a empresa (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Odebrecht: hoje, 49 diretores trabalham na aplicação de uma série de regras para moralizar a empresa (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2017 às 14h37.

Protagonista do maior escândalo de corrupção da história do País a Odebrecht foi obrigada a rever suas regras de conformidade para tentar se manter viva no mercado.

Desde que o principal executivo da empresa, Marcelo Odebrecht, foi preso, em meados de 2015, um batalhão de executivos foi recrutado para tentar mudar a cultura do grupo.

Hoje, 49 diretores trabalham na aplicação de uma série de regras para moralizar a empresa, cuja imagem ficou bastante arranhada no mercado. Até o fim do ano, serão 60 pessoas nessa área.

Para bancar esse time, o grupo teve de aumentar em cinco vezes o orçamento da área de conformidade. Em 2015, esse setor consumia R$ 11,3 milhões dentro do grupo.

No ano passado, dobrou para R$ 24,3 milhões e, neste ano, deve gastar R$ 64,8 milhões. “Isso não deve ser visto como um custo, mas como um investimento”, afirma a chefe de compliance da holding Odebrecht S/A, Olga Pontes. Antes do atual posto, a executiva trabalhava na Braskem, empresa do grupo Odebrecht.

Ela conta que, para formar o time de conformidade do grupo, contratou uma empresa de recrutamento internacional e que a disputa por uma vaga foi grande.

“Para quem gosta do assunto, não existe melhor lugar no mundo para trabalhar neste momento.” A executiva conta que os profissionais vieram de empresas renomadas, como o escritório internacional de advocacia Norton Rose Fulbright, Oi, Telemar e Fibria.

Um dos contratados foi Nir Lander, que passou a comandar a área de compliance da Odebrecht Óleo e Gás. Ele conta que o sistema aplicado na empresa é baseado em três elos: prevenção, remediação e detecção.

O objetivo é criar regras e explicitar o que pode e o que não pode ser feito numa relação com os parceiros da empresa. “Por exemplo, qual o valor e qual o limite para um brinde de fim de ano; quais as normas numa relação com o agente público”, destaca.

Nesse último caso, há uma série de maneiras e orientações que os funcionários devem seguir. Num almoço com um agente público, é preciso registrar o encontro, dizer quem vai participar e qual a pauta.

“E cada um paga a sua conta”, diz Lander. Ele destaca que seu trabalho é fazer com que essas regras sejam efetivas. Para isso, uma série de treinamentos são feitos para que os trabalhadores conheçam o negócio e os dilemas éticos de cada segmento. “O objetivo é criar novas práticas para garantir o ‘fazer certo’”, diz Olga Pontes.

Para garantir a independência dos executivos na execução do plano, a área de conformidade passa a ser ligada aos Conselho de Administração de cada empresa (e não mais ao presidente executivo, como era até 2016).

Além disso, houve aumento da participação de conselheiros independentes nos conselhos de administração. Até 2016, isso não ocorria. Agora, devem ser ao menos dois, ou 20% do total de conselheiros (o que for maior)

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