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Odebrecht quer manter dividendos da Braskem por dois anos, dizem fontes

A empresa passa por processo de reestruturação de R$ 51 bilhões em dívidas, uma das maiores da América Latina

Odebrecht: empresa entregará sua proposta para os credores na próxima quarta-feira (Paulo Whitaker/Reuters)

Odebrecht: empresa entregará sua proposta para os credores na próxima quarta-feira (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 21h44.

São Paulo — A Odebrecht está propondo a bancos credores manter o recebimento da maior parte dos dividendos pagos pela petroquímica Braskem e que os bancos esperem um período mais longo antes de tentar vender as ações do conglomerado na empresa, segundo duas fontes com conhecimento do assunto.

A Odebrecht está reestruturando 51 bilhões de reais em dívida, uma das maiores reestruturações da história da América Latina.

O conglomerado entregará sua proposta para os credores na assembleia de credores na próxima quarta-feira, mas representantes dos credores que têm direito às ações da Braskem já aprovaram informalmente a proposta, segundo as fontes, que pediram anonimato para revelar negociações sigilosas.

Mas ainda não há uma decisão final, porque a proposta ainda precisa ser aprovada pelos comitês de crédito dos bancos, disseram as fontes. A Odebrecht preferiu não comentar o assunto.

A Odebrecht está propondo um período de "standstill" de 24 meses, durante o qual não será feito nenhum pagamento de dívida e o conglomerado receberá 80% dos dividendos pagos pela Braskem, que hoje são quase toda a receita do conglomerado. Depois desse período, os bancos poderão concordar com uma extensão do standstill por mais um ano.

Por outro lado, os bancos exigem da Odebrecht que não haja mais questionamento no processo de recuperação judicial do direito dos bancos de tomar posse ou vender as ações pelo instrumento da alienação fiduciária.

Há alguns meses, a Odebrecht argumentou no processo de recuperação judicial que a participação na Braskem era um bem essencial que não poderia ser vendido.

Embora o plano não seja exatamente o que os bancos queriam, é uma solução temporária para evitar uma venda da Braskem a preços ruins. Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander Brasil e o BNDES têm a alienação fiduciária das ações da Braskem. Os bancos não comentaram o assunto imediatamente.

Se os bancos vendessem hoje as ações da Braskem, dificilmente cobririam a dívida de 12,6 bilhões de reais que a companhia tem com eles. A ação da Braskem já caiu 38% neste ano.

A empresa pode ser obrigada a pagar pela realocação de milhares de pessoas em Maceió devido a danos ambientais provocados pela mineração de sal gema na região. Ainda não está claro quanto isso poderia custar à Braskem.

A LyondellBasell desistiu de comprar a Braskem em Junho.

Advogados da Odebrecht analisavam ontem uma decisão tomada pelo desembargador Alexandre Lazzarini, do Tribunal de Justiça, sobre a necessidade de computar os votos dos credores de cada uma das recuperandas da Odebrecht para aprovar a votação de um plano de recuperação único para todos.

Lazzarini tomou a decisão em resposta a um pedido de liminar feito pela Caixa Econômica Federal. Não está claro se a decisão inviabilizará a aprovação do plano pela Odebrecht.

Acompanhe tudo sobre:BraskemNovonor (ex-Odebrecht)

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