Odebrecht: assembleia deve ser remarcada para o dia 18 de março (Paulo Whitaker/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 16h10.
Última atualização em 28 de janeiro de 2020 às 17h35.
São Paulo — A Odebrecht pedirá nesta quarta-feira o adiamento de sua assembleia de credores para março. Da mesma forma, a reunião da Atvos - subsidiária do grupo focada em etanol e açúcar -, marcada para a tarde desta quarta-feira, também será postergada por 45 dias. Segundo uma fonte ligada às negociações, por conta do Carnaval, a assembleia da Odebrecht deverá ser marcada para dia 18 de março.
Há ainda muitas divergências entre credores e a empresa, o que impede a aprovação de um acordo. Os credores da construtura aceitarão o adiamento. Um pessoa que acompanha as conversas disse ao GLOBO que as negociações com os bancos, os maiores credores da companhia, não evoluíram. Os bancos tentaram uma negociação extrajudicial com o grupo, mas essa tentativa também fracassou.
Segundo a fonte, os bancos públicos colocam os maiores obstáculos. A Caixa que não tem ações da petroquímica Braskem como garantia de sua dívida - os demais bancos têm essa garantia - estaria dificultando as conversas com os representantes da Odebrecht. A Caixa tem pouco mais de R$ 4 bilhões em dívidas a receber. A Caixa chegou a pedir a transformação da recuperação judicial em falência, o que foi negado pela Justiça paulista. Procurada, a Caixa ainda não se pronunciou.
O Banco Nacional de Desenvovimento Econômico e Social (BNDES), com débitos de R$ 10 bilhões, também dificulta as negociações e quer que a Atvos, que pediu recuperação judicial em separado, seja incorporada à recuperação judicial do grupo. Procurado, o BNDES ainda não se posicionou.
Assim, o plano da Odebrecht fica mais distantes dos objetivos iniciais da empresa que, ao entrar com
a maior recuperação judicial da História do país, de R$ 98,5 bilhões, espererava ter o plano aprovado ainda em 2019.
O plano apresentado, contudo, sempre foi considerado genérico: não estabelecia quais ativos seria vendidos, não criava parâmetros mínimos de pagamento e nem de prazo: apenas estabelecia que todo o lucro da empresa, após um desconto do custeio da holding, seria utilizado para pagar as dívidas do grupo. O prazo total para pagamento de dívidas chega a 50 anos. O plano genérico desagradou parte dos credores, em especial os bancos públicos.
Em dezembro, quando estavam previstas as assembleias, o ambiente na empresa piorou com uma novo capítulo da "guerra" entre Marcelo Odebrecht e seu pai. O filho, que passou anos preso por causa da Operação Lava-Jato, acabou demitido da empresa por justa-causa. Após a demissão, a Odebrecht iniciou
uma investigação interna sobre sua atuação na empresa.