Negócios

Netflix tem repentino fim do sucesso internacional de programas

Estima-se que cerca de 18 milhões de pessoas assistem a "NCIS", da CBS, nas noites de terça-feira, mas ninguém sabe quantas veem "House of Cards"

Sense8: a série de cancelamentos pegou Hollywood de surpresa (Facebook/Sense 8/Divulgação)

Sense8: a série de cancelamentos pegou Hollywood de surpresa (Facebook/Sense 8/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2017 às 18h17.

Última atualização em 6 de junho de 2017 às 16h26.

Los Angeles — Em uma teleconferência em outubro do ano passado, o diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, descreveu o drama hip-hop "The Get Down" como um sucesso, assim como os outros programas populares do serviço de streaming.

Oito meses e 11 episódios depois, "The Get Down" virou coisa do passado, um fiasco após uma temporada no maior serviço de vídeo pago do mundo.

O thriller de ficção científica "Sense8", outra das extravagantes produções da empresa, foi cancelado após duas temporadas.

A série de cancelamentos pegou Hollywood de surpresa. A Netflix desafiou as convenções porque não oferece nenhum indício de quantas pessoas assistem a seus programas e afirma que praticamente todos são um sucesso.

Isso atormentou os concorrentes, preocupados com a crescente base de clientes da Netflix e com suas influências em Hollywood.

A empresa de streaming gastará mais de US$ 6 bilhões em programação neste ano e boa parte será destinada a cerca de 1.000 horas de programas originais.

"Essa é uma vantagem competitiva", disse Anthony DiClemente, analista da empresa Instinet. "Eles sabem mais sobre quem e sobre quantas pessoas estão assistindo do que os próprios criadores de conteúdo."

Os cancelamentos são comuns em todas as redes de TV — inclusive na Netflix, que concluiu a maior parte de sua primeira safra de programas originais.

Sem a necessidade de atrair anunciantes, a empresa está protegida das classificações semanais de público que definem o destino da maioria dos dramas e comédias.

Estima-se que cerca de 18 milhões de pessoas assistam ao seriado "NCIS", da rede de TV americana CBS, mas ninguém sabe quantas veem "House of Cards", da Netflix — especialmente as pessoas de Hollywood, que disputam uma fatia do orçamento anual de programação da empresa, de US$ 6 bilhões.

"Uma das melhores coisas da Netflix é que não precisamos divulgar dados de audiência", disse o diretor executivo Reed Hastings em uma entrevista concedida nesta semana à CNBC. "Cada programa consegue um público próprio porque é muito personalizado."

Isso é ótimo para a Netflix e seus 100 milhões de clientes, que pagam até US$ 12 por mês nos Estados Unidos pelo serviço.

Sem pressão para fornecer dados semanais de audiência, a empresa pode dar tempo para que os programas conquistem fãs. "House of Cards", o thriller estrelado por Kevin Spacey e Robin Wright, acaba de começar sua quinta temporada.

No escuro

Isso não é tão bom para os concorrentes — nem para os produtores, que precisam encontrar maneiras de medir o sucesso de determinado programa e se perguntam se estão sendo bem remunerados pelo serviço de streaming. Sem dados, resta-lhes confiar nos comentários positivos que os executivos da Netflix fazem para todos os programas.

A Netflix se comprometeu a fornecer um lucro substancial em 2017 após anos de operação perto da taxa de equilíbrio e os resultados de fato atingiram um pico recorde no primeiro trimestre.

No entanto, o fluxo de caixa continua sendo negativo e a empresa ainda contrai empréstimos para financiar a produção.

Isso sugere que a companhia cancelará rapidamente os programas que não estiverem funcionando.

Acompanhe tudo sobre:House of CardsInternetNetflixSéries

Mais de Negócios

Eles vendiam software de porta em porta. Hoje faturam R$ 12 milhões e anunciam compra de concorrente

Com desconto de 90%: Faculdade EXAME apresenta Pré-MBA em Inteligência Artificial para Negócios

Depois de arranha-céus em Balneário Camboriú, FG Empreendimentos estrutura banco e lança consultoria

No radar da SmartFit, Velocity planeja dobrar de tamanho e faturar R$ 140 milhões em 2024

Mais na Exame