O que Bradesco, BTG, Safra e Santander ganhariam com o Panamericano
Para consultor, há dois grupos de interessados, os que ganham com sinergias e os que estão interessados em um novo mercado
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 12h02.
São Paulo – O Panamericano é um dos últimos ativos disponíveis no setor financeiro, o que explica o grande interesse que a instituição do Grupo Silvio Santos vem despertando entre os bancos. Dentre os competidores interessados, os rumores de mercado destacam BTG, Bradesco, Santander e Safra. Os bancos entrariam no negócio por motivos diferentes, segundo Juan Pérez Ferrés, ex-economista-chefe da SDE.
Os quatro bancos podem ser divididos em dois grupos, segundo Ferrés. Santander e Bradesco estão no grupo interessado nas sinergias, enquanto BTG e Safra veem no Panamericano a possibilidade de entrar em um novo mercado. “Se o passivo for muito incerto, o André Esteves (fundador do BTG Pactual) é o favorito”, diz Ferrés. Se o BTG tem como vantagem seu amplo apetite a risco, os bancos maiores têm maior fôlego para apresentar uma oferta maior pelo banco – algo que pode ser interessante ao Grupo Silvio Santos, que ainda precisa pagar os 2,5 bilhões de reais que tomou emprestados do Fundo Garantidor de Crédito para cobrir o rombo no Panamericano.
Tanto Santander, quanto Bradesco já atuam no varejo e com a classe C. O Bradesco, por exemplo, já comprou o Ibi, da varejista C&A. O Santander, por sua vez, herdou as contas do Banespa. Além das sinergias das operações, o Panamericano representa para os bancos uma oportunidade de acessar clientes dos concorrentes, uma vez que muitos clientes do Panamericano buscam crédito no banco, mas não têm conta corrente nele e sim em instituições maiores.
Gestão de recursos
O BTG, apesar de ser focado em gestão de ativos e investimentos e, portanto, não ter sinergias com o Panamericano, aposta na capacidade de gerir funding, isto é, de levantar recursos no mercado – que é um problema recorrente nos bancos médios. “O ponto principal dessa discussão é que o BTG teria uma capacidade de funding melhor que dos bancos médios”, diz Ferrés. Além disso, uma possibilidade para o BTG seria rentabilizar a instituição bancária, para depois revender sua participação.
O Safra, por sua vez, está muito voltado ao atendimento corporativo, e entraria no Panamericano mais pela oportunidade de participar de um banco de varejo do que para ganhar sinergias, segundo Ferrés. O banco, que mantém fama de conservador, poderia optar por deixar de ganhar rentabilidade para se reposicionar de forma mais equilibrada, combinando empresas e varejo.
Além das diferenças entre os objetivos dos quatro bancos com a operação, a instituição financeira que comprar uma participação no Panamericano automaticamente torna-se sócia da Caixa Econômica Federal, que tem participação de 49% no banco. Aparentemente é mais fácil imaginar Santander e Bradesco nessa parceria do que BTG ou Safra. O Bradesco, por exemplo, já se associou à Caixa em outros negócios, como na Elo, credenciadora de cartões. Especula-se no mercado, porém, que o Santander teria fôlego para pagar mais que o Bradesco pela fatia do banco de Silvio Santos, já que a operação brasileira do banco espanhol ainda estaria capitalizada pelo bilionário IPO que realizou.
Por enquanto, o valor que será pedido pelo Panamericano ainda é incerto e não há favoritos, segundo Ferrés. “Vai haver desistências no meio do caminho”, diz Ferrés. Apesar do rombo (que começou em 2,5 bilhões de reais, mas pode chegar a 4 bilhões de reais) o banco se tornou mais acessível para possíveis compradores, porque o desembolso imediato não é tão grande, e o crédito com o fundo garantidor é a longo prazo, segundo o consultor. Os quatro bancos não comentam os rumores sobre as negociações.