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O mais recente desafio do GPA é a dúvida

Por conta da falta de informações mais claras sobre a possível reestruturação do Casino , as ações da companhia despencaram

GPA: "A companhia segue acompanhando os desdobramentos das manifestações", afirmou o grupo (Germano Luders/Site Exame)

Karin Salomão

Publicado em 10 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 10 de maio de 2019 às 08h00.

Uma importante mudança pode chegar em breve para o Grupo Pão de Açúcar , o maior varejista do país. O Casino, grupo francês controlador do GPA, afirmou esta semana que estuda opções para seus ativos na América Latina.

No entanto, ainda não há informações sobre o que pode mudar ou como o grupo brasileiro deve ser afetado. Assim, investidores receiam que a reestruturação repita os moldes de outra movimentação, a de 2015, que resultou em uso de caixa das companhias e diminuiu ganhos dos investidores.

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A companhia afirmou ontem, 9, em comunicado, que “ está estudando diferentes opções estratégicas nesta região como parte da permanente revisão dos seus investimentos". A empresa ainda disse que esses estudos não resultam em nenhum elemento material que justifique um anúncio mais detalhado ao mercado.

O grupo Casino controla o GPA, com operações no Brasil, com as marcas Pão de Açúcar, Extra, Assai, e o controle da Via Varejo. Também detém o Grupo Êxito, com operações na Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile. O Êxito tem mais de 1.500 lojas nos países em que opera.

De acordo com a coluna do jornalista Lauro Jardim, que revelou que o grupo deve anunciar uma proposta para combinar seus ativos na América Latina, o GPA pode ser migrado para o Novo Mercado e continuará listado em São Paulo e New York.

Por conta da falta de informações mais claras, as ações da companhia despencaram. Ontem, fecharam o dia em queda de 4,32%.

O receio dos investidores vem do histórico da última grande reestruturação societária, ocorrida em 2015. Na época, o Casino vendeu parte do seu controle no GPA para o Êxito e passou a dividir o controle da operação brasileira com a subsidiária colombiana.

Segundo a XP, a reorganização não foi bem recebida pelos investidores, pois houve retirada de caixa do Êxito, o que reduziu o montante disponível para potencialmente ser distribuído aos acionistas minoritários.

Além disso, as sinergias entre os grupos não estavam claras. Da data de anúncio da transação em julho de 2015 até o final do mesmo ano, as ações do Êxito e do GPA caíram 41% e 44%, respectivamente.

Hoje, a preocupação é que o GPA precise desembolsar caixa para comprar uma participação no Grupo Êxito. “Acreditamos que a queda nas ações é por conta do paralelo com a reestruturação de 2015”, explica Betina Roxo, analista da XP Investimentos.

A confusão ofuscou os bons resultados da companhia. Os números do primeiro trimestre do ano vieram sólidos, com crescimento de vendas na comparação de mesmas lojas de 10,7% ao ano para o Atacarejo (Assai) e 4,8% ao ano para o Multivarejo, que engloba hipermercados, supermercados e lojas de conveniência."O que impactou o papel do GPA não foi o seu negócio, mas a questão societária", afirmou Fernando de Almeida Prado Bresciani, analista da Mirae Asset. "A ideia de que o GPA passe a operar no Novo Mercado agrada os investidores, mas a incerteza do que deve acontecer com as outras companhias na América Latina impactou o grupo", diz.

O grupo também afirmou, em sua teleconferência com analistas, que deve chegar a uma solução sobre a venda da Via Varejo até o fim deste ano. O objetivo é encontrar um comprador estratégico para a dona da Casas Bahia e Ponto Frio. Em fevereiro, o GPA arrecadou 200 milhões de reais com a venda em leilão de 40 milhões de ações da Via Varejo.

Enquanto notícias mais claras não chegam, o mercado continua otimista com o cenário da companhia, apesar da instabilidade de curto prazo.

A corretora Mirae Asset acredita que a varejista brasileira deve entregar "resultados ainda melhores no final do segundo semestre de 2019 e em 2020, quando esperamos uma economia mais aquecida".

Por outro lado, a situação do Casino não é tão positiva. Em abril, o varejista francês Casino Guichard-Perrachon teve sua nota de crédito cortada pela agência de risco S&P, de BB para BB-, com perspectiva negativa. A Moody’s também rebaixou o Casino, de Ba1 para Ba3, mantendo perspectiva negativa. Apesar do crescimento nas vendas, as agências acreditam que a alavancagem da companhia permanece alta.

A empresa planeja vender cerca de 1,5 bilhão de euros (US$ 1,77 bilhão) em ativos que não considera cruciais, a fim de acelerar sua estratégia de desalavancagem na França. Parte das vendas, de ativos imobiliários, já foram realizadas.

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