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O jovem velho

Leia abaixo mais trechos do livro Matarazzo de Ronaldo Costa Couto. O castellabatense encarou a velhice de frente, enfrentou-a com valentia, lutou o quanto pôde. Nunca se entregou. Trabalhou e sonhou coisas novas até morrer. Nunca deixou de liderar, agir, decidir, sonhar. Não gostava nem de falar em velhice. Há várias histórias. Um exemplo? No […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Leia abaixo mais trechos do livro Matarazzo de Ronaldo Costa Couto.

O castellabatense encarou a velhice de frente, enfrentou-a com valentia, lutou o quanto pôde. Nunca se entregou. Trabalhou e sonhou coisas novas até morrer. Nunca deixou de liderar, agir, decidir, sonhar. Não gostava nem de falar em velhice. Há várias histórias. Um exemplo?

No final de 1934, no finalzinho de extenuante viagem de carro do Rio para São Paulo, então quase uma aventura, Matarazzo, 81 anos, manda o velho motorista Ferruccio tocar o imponente Packard Victoria direto para uma fábrica em São Caetano do Sul. "Não é melhor descansar um pouco em casa, senhor conde?". "Me leve a São Caetano, Ferruccio! Faz muitos dias que não vou lá. Não quero que comecem a pensar que estou ficando velho!".

Mais? O jornalista Vicente Ragognetti dirigia o jornal humorístico Il Moscone, da colônia italiana de São Paulo, cujo lema era: "Para as moscas e os jornalistas, não há lugar proibido". Andava preocupado com questões existenciais e filosóficas. Sobretudo com o fato de que ninguém é dono da própria vida coisa nenhuma, pois não há como controlar o destino. Numa tarde ensolarada do final dos anos vinte, ele encontra o septuagenário amigo Matarazzo empenhado no acendimento do clássico charuto toscano. Pergunta:

  • Conde, quando era moço o senhor sonhou algum dia com tudo isso que já fez na vida?

  • Eu!? Mas se ainda vivo a sonhar!

Ragognetti conta que o velho adorava observar as pessoas, lê-las, adivinhá-las. Certa vez, à janela com ele, no primeiro andar do escritório central das IRFM, na rua Direita, vendo o movimento, ouviu espantado:

  • Veja o espetáculo que nos oferece a humanidade! Eu acho um interesse especial perscrutando o rosto de cada um que passa. Cada qual carrega consigo um sonho, um projeto. Talvez tenha no seu âmago uma comédia para confeccionar. Uma tragédia para solucionar. E todos compõem a sinfonia excelsa da vida.
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