O desmanche do eX-império de Eike
A holding EBX tinha 400 funcionários no início de 2012, mas hoje são cerca de 65, segundo uma pessoa próxima à reestruturação do grupo
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2013 às 09h31.
Rio de Janeiro - Mesmo com sua ex-estrela, a petroleira OGX, prestes a entrar em recuperação judicial, a saída dos escritórios do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, da sede de 23 andares suntuosamente modernizada no Centro do Rio é o que melhor representa o encolhimento de um império.
As empresas que sobrarem com Eike deverão trocar os 23,3 mil metros quadrados de área construída do Edifício Serrador pelos poucos andares de dois prédios na Praia do Flamengo, Zona Sul carioca, onde ficavam os escritórios originalmente.
Com menos gente, os escritórios já não precisam mais de tanto espaço. A holding EBX tinha 400 funcionários no início de 2012, mas hoje são cerca de 65, segundo uma pessoa próxima à reestruturação do grupo, que prefere não se identificar. E a diminuição prosseguirá: o estaleiro OSX planeja demitir parte dos 800 empregados. Tem adiado os cortes por falta de caixa para pagar indenizações.
O encolhimento se revela também no valor de mercado das empresas do grupo na BM&FBovespa. Em novembro de 2010, no auge do império X, quando os executivos da holding se mudaram para o Edifício Serrador, as companhias valiam R$ 98 bilhões. Hoje, não passam de R$ 2 bilhões.
O inferno astral do grupo começou em 26 de junho do ano passado, quando, após o fechamento do mercado daquela terça-feira, um comunicado enviado pela OGX à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que a vazão do poço de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, em produção desde o início daquele ano, seria menor do que fora prometido.
Se 2012 foi infernal para Eike, na virada para este ano ainda havia esperança. Oficialmente, a EBX afirmava, às vésperas do Natal, que todas as suas companhias abertas tinham funding (financiamento) substancialmente equacionado para os próximos anos. Segundo fontes ouvidas pelo Estado à época, o grupo calculava ter recursos para os projetos de 2013 e 2014.
A esperança, porém, virou pesadelo. A OGX iniciou o ano demitindo cerca de 30 funcionários e os dados de produção de petróleo seguiram decepcionando. Em março, o clima de reestruturação se instalou, com o anúncio do acordo com o banco de investimentos BTG Pactual.
André Esteves, presidente do banco, deu os primeiros sinais do desmonte, sugerindo a diminuição nas participações de Eike no conglomerado. O normal seria o Eike ter participações menores, de 20% a 30%, afirmou ao Estado, na primeira entrevista após o acordo.
O desmonte começaria ainda em março, pela MPX, considerada a empresa mais saudável. A alemã E.ON, então sócia minoritária da empresa de energia, decidiu comprar 24,5% da MPX, por R$ 1,415 bilhão. Após uma operação de aumento de capital, os alemães ficaram com 37,9% e Eike, com 23,9%.
Em setembro, o nome da empresa foi mudado para Eneva. Eike ainda compartilha o controle, mas já está em tratativas para vender sua parte a um novo sócio.
Enquanto as agruras da OGX prosseguiam - em 1º de julho, a petroleira informou ao mercado que o campo Tubarão Azul pode parar de produzir em 2014 -, a reestruturação começou a atingir ativos mais supérfluos da EBX, muito associados às excentricidades de Eike. Ainda em maio, um jatinho Legacy 600, da Embraer, ano 2008, foi colocado à venda. Em agosto, o barco Pink Fleet deixou a Marina da Glória para começar a ser desmanchado e ter as peças vendidas.
Paralelamente, a relação do BTG Pactual com Eike começou a azedar. Com isso, outras consultorias foram contratadas para ajudar na reestruturação, como a Angra Partners e a Alvarez & Marsal.
Um dos motivos da discórdia entre Eike e Esteves seria a venda da LLX, dona do Superporto do Açu, em construção no Rio. Em agosto, foi firmado compromisso de venda do controle, por R$ 1,3 bilhão, para a americana EIG. A negociação teria sido feita diretamente por Eike, sem passar pelo BTG.
Em setembro, a MMX anunciou entendimento com a trading holandesa Trafigura e o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, para a venda do Superporto Sudeste, também em construção, no Rio, e principal ativo da mineradora.
No rol das empresas de menor porte, mês passado, a companhia suíça Acron declarou à imprensa seu interesse em comprar, por R$ 225 milhões, o tradicional Hotel Glória (primeiro cinco estrelas do País). Por fim, o BNDES busca sócios para assumir a participação do EBX na SIX Semicondutores, fábrica de chips em construção em Minas.
Desidratado e com várias empresas saindo de seus domínios, o antigo império X parece mesmo não precisar de edifício que simbolize tanto poder. Colaboraram Mariana Durão e Irany Teresa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Rio de Janeiro - Mesmo com sua ex-estrela, a petroleira OGX, prestes a entrar em recuperação judicial, a saída dos escritórios do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, da sede de 23 andares suntuosamente modernizada no Centro do Rio é o que melhor representa o encolhimento de um império.
As empresas que sobrarem com Eike deverão trocar os 23,3 mil metros quadrados de área construída do Edifício Serrador pelos poucos andares de dois prédios na Praia do Flamengo, Zona Sul carioca, onde ficavam os escritórios originalmente.
Com menos gente, os escritórios já não precisam mais de tanto espaço. A holding EBX tinha 400 funcionários no início de 2012, mas hoje são cerca de 65, segundo uma pessoa próxima à reestruturação do grupo, que prefere não se identificar. E a diminuição prosseguirá: o estaleiro OSX planeja demitir parte dos 800 empregados. Tem adiado os cortes por falta de caixa para pagar indenizações.
O encolhimento se revela também no valor de mercado das empresas do grupo na BM&FBovespa. Em novembro de 2010, no auge do império X, quando os executivos da holding se mudaram para o Edifício Serrador, as companhias valiam R$ 98 bilhões. Hoje, não passam de R$ 2 bilhões.
O inferno astral do grupo começou em 26 de junho do ano passado, quando, após o fechamento do mercado daquela terça-feira, um comunicado enviado pela OGX à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que a vazão do poço de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, em produção desde o início daquele ano, seria menor do que fora prometido.
Se 2012 foi infernal para Eike, na virada para este ano ainda havia esperança. Oficialmente, a EBX afirmava, às vésperas do Natal, que todas as suas companhias abertas tinham funding (financiamento) substancialmente equacionado para os próximos anos. Segundo fontes ouvidas pelo Estado à época, o grupo calculava ter recursos para os projetos de 2013 e 2014.
A esperança, porém, virou pesadelo. A OGX iniciou o ano demitindo cerca de 30 funcionários e os dados de produção de petróleo seguiram decepcionando. Em março, o clima de reestruturação se instalou, com o anúncio do acordo com o banco de investimentos BTG Pactual.
André Esteves, presidente do banco, deu os primeiros sinais do desmonte, sugerindo a diminuição nas participações de Eike no conglomerado. O normal seria o Eike ter participações menores, de 20% a 30%, afirmou ao Estado, na primeira entrevista após o acordo.
O desmonte começaria ainda em março, pela MPX, considerada a empresa mais saudável. A alemã E.ON, então sócia minoritária da empresa de energia, decidiu comprar 24,5% da MPX, por R$ 1,415 bilhão. Após uma operação de aumento de capital, os alemães ficaram com 37,9% e Eike, com 23,9%.
Em setembro, o nome da empresa foi mudado para Eneva. Eike ainda compartilha o controle, mas já está em tratativas para vender sua parte a um novo sócio.
Enquanto as agruras da OGX prosseguiam - em 1º de julho, a petroleira informou ao mercado que o campo Tubarão Azul pode parar de produzir em 2014 -, a reestruturação começou a atingir ativos mais supérfluos da EBX, muito associados às excentricidades de Eike. Ainda em maio, um jatinho Legacy 600, da Embraer, ano 2008, foi colocado à venda. Em agosto, o barco Pink Fleet deixou a Marina da Glória para começar a ser desmanchado e ter as peças vendidas.
Paralelamente, a relação do BTG Pactual com Eike começou a azedar. Com isso, outras consultorias foram contratadas para ajudar na reestruturação, como a Angra Partners e a Alvarez & Marsal.
Um dos motivos da discórdia entre Eike e Esteves seria a venda da LLX, dona do Superporto do Açu, em construção no Rio. Em agosto, foi firmado compromisso de venda do controle, por R$ 1,3 bilhão, para a americana EIG. A negociação teria sido feita diretamente por Eike, sem passar pelo BTG.
Em setembro, a MMX anunciou entendimento com a trading holandesa Trafigura e o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, para a venda do Superporto Sudeste, também em construção, no Rio, e principal ativo da mineradora.
No rol das empresas de menor porte, mês passado, a companhia suíça Acron declarou à imprensa seu interesse em comprar, por R$ 225 milhões, o tradicional Hotel Glória (primeiro cinco estrelas do País). Por fim, o BNDES busca sócios para assumir a participação do EBX na SIX Semicondutores, fábrica de chips em construção em Minas.
Desidratado e com várias empresas saindo de seus domínios, o antigo império X parece mesmo não precisar de edifício que simbolize tanto poder. Colaboraram Mariana Durão e Irany Teresa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.