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Novo time de empresários quer levar Flamengo a goleada

Vitorioso nas eleições o Flamengo, presidente Eduardo Bandeira de Mello quer promover choque de gestão no clube rubro-negro; do seu lado, conta com um time de executivos de peso

Nova gestão quer que time fique mais parecido com uma empresa para retomar glórias do passado (Alexandre Loureiro/VIPCOMM)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2012 às 16h08.

São Paulo - Nesta segunda, os sócios do Flamengo escolheram seu novo presidente para os próximos três anos. Sai Patricia Amorim e entra Eduardo Bandeira de Mello, que chefiou por 25 anos a área de meio ambiente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sua eleição não marca apenas a entrada de um novato nos quadros do Flamengo. Ela promete chacoalhar a gestão do rubro-negro, com a colocação de executivos de peso nos principais cargos administrativos do clube carioca.

Há pouco mais de um mês, Bandeira de Mello era um desconhecido para os associados. Acabou assumindo a campanha no meio do caminho, no vácuo deixado por Wallim Vasconcellos. Também egresso do BNDES, o empresário teve a candidatura impugnada pelo fato de ser sócio do Flamengo há menos de cinco anos. Bandeira de Mello tem 34 anos de clube.

Se as cabeças mudaram, o discurso da chapa permaneceu o mesmo: gestão moderna, com a criação de um conselho de administração composto por empresários. A ideia é replicar o que acontece dentro de uma empresa, colocando executivos bem remunerados em cargos-chaves - e cobrando pela atuação de cada um no cumprimento das metas.

Para desatar o nó nas finanças do Flamengo, por exemplo, o escalado será Carlos Langoni, diretor da Fundação Getúlio Vargas e ex-presidente do Banco Central. Sua missão não será das mais fáceis.

Segundo levantamento da consultoria BDO Brazil, o time fechou 2011 com uma dívida de 355,4 milhões de reais, engordada por pendências fiscais e trabalhistas. Apesar de ser apontado como a equipe de futebol com maior torcida no país - com 30 milhões de rubro-negros -, o Flamengo ficou apenas no quinto lugar entre os times com maior receita, com 185 milhões de reais embolsados no ano passado.

"Indiscutivelmente ele tem a maior marca do Brasil. É preciso maximizar seu potencial de ganho", afirma Amir Somoggi, consultor em marketing e gestão esportiva. Em 2011, metade do dinheiro arrecadado pelo Flamengo veio da negociação de cotas de TV. A divisão de patrocínio e publicidade respondeu por 24% desse bolo. Mas o clube está sem patrocínio master há mais de um ano e meio.

“Com 10% da torcida do Flamengo, o Internacional fatura mais com royalties e faz um trabalho de gestão de marca muito mais eficiente”, disse Somoggi. Para equalizar a situação, a nova gestão de marketing ficará sob o comando de Luiz Eduardo Baptista, que também é presidente da Sky.


Outras áreas estratégicas também tiveram mudanças na linha de frente. Rodolfo Landim, ex-EBX e sócio da Maré Investimentos, assume a vice-presidência de patrimônio. Alexandre Póvoa, sócio da gestora europeia Canepa, será o novo vice-presidente de esportes olímpicos. Para o futebol, a ideia é eleger um diretor executivo remunerado, ainda sem nome definido.

Dá certo?

Não é a primeira vez que um time elege a profissionalização como forma de arrumar a casa. No Brasil, o Coritiba resolveu abraçar a causa depois de ter sido rebaixado em 2009. Vilson Ribeiro de Andrade, atual presidente do conselho administrativo do clube e ex-CEO do banco HSBC, assumiu a cadeira em 2010 e instituiu um rigoroso sistema de metas. As finanças também passaram por um pente-fino.

Em dois anos, os associados subiram de 2.500 para 31.000 pessoas. E o Coxa viu seu faturamento crescer 140%, chegando a 75 milhões de reais. Lá fora, a ascensão do Barcelona também costuma ser lembrada como exemplo de reviravolta – e das grandes. Quando assumiu o clube, em 2003, Ferran Soriano investiu numa reestruturação de peso. As dívidas foram equacionadas e o Barça passou a ter fluxo de caixa. Foi nesse época que surgiu o slogan "Mais que um clube", fruto de uma estratégia para colocar o clube na boca do povo.

Tanto deu certo que o cartola acabou escrevendo um livro de gestão ("A Bola Não Entra por Acaso"). Também virou uma espécie de consultor para o Corinthians a partir de 2007.

Ainda que a realidade de alguns times dê mostras que é possível atravessar o caminho das pedras, o Flamengo tem, na opinião do consultor Amir Somoggi, outro inimigo a enfrentar. “Não adianta falar em análises técnicas e abordagens mercadológicas, se não houver equilíbrio dentro do clube. E o Flamengo tem um problema crônico que é o seu ambiente político”, pontuou. Longe das quatro linhas, o novo time de empresários tem três anos para resolver o problema. Resta saber se ele chegará lá.

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São Paulo - Nesta segunda, os sócios do Flamengo escolheram seu novo presidente para os próximos três anos. Sai Patricia Amorim e entra Eduardo Bandeira de Mello, que chefiou por 25 anos a área de meio ambiente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sua eleição não marca apenas a entrada de um novato nos quadros do Flamengo. Ela promete chacoalhar a gestão do rubro-negro, com a colocação de executivos de peso nos principais cargos administrativos do clube carioca.

Há pouco mais de um mês, Bandeira de Mello era um desconhecido para os associados. Acabou assumindo a campanha no meio do caminho, no vácuo deixado por Wallim Vasconcellos. Também egresso do BNDES, o empresário teve a candidatura impugnada pelo fato de ser sócio do Flamengo há menos de cinco anos. Bandeira de Mello tem 34 anos de clube.

Se as cabeças mudaram, o discurso da chapa permaneceu o mesmo: gestão moderna, com a criação de um conselho de administração composto por empresários. A ideia é replicar o que acontece dentro de uma empresa, colocando executivos bem remunerados em cargos-chaves - e cobrando pela atuação de cada um no cumprimento das metas.

Para desatar o nó nas finanças do Flamengo, por exemplo, o escalado será Carlos Langoni, diretor da Fundação Getúlio Vargas e ex-presidente do Banco Central. Sua missão não será das mais fáceis.

Segundo levantamento da consultoria BDO Brazil, o time fechou 2011 com uma dívida de 355,4 milhões de reais, engordada por pendências fiscais e trabalhistas. Apesar de ser apontado como a equipe de futebol com maior torcida no país - com 30 milhões de rubro-negros -, o Flamengo ficou apenas no quinto lugar entre os times com maior receita, com 185 milhões de reais embolsados no ano passado.

"Indiscutivelmente ele tem a maior marca do Brasil. É preciso maximizar seu potencial de ganho", afirma Amir Somoggi, consultor em marketing e gestão esportiva. Em 2011, metade do dinheiro arrecadado pelo Flamengo veio da negociação de cotas de TV. A divisão de patrocínio e publicidade respondeu por 24% desse bolo. Mas o clube está sem patrocínio master há mais de um ano e meio.

“Com 10% da torcida do Flamengo, o Internacional fatura mais com royalties e faz um trabalho de gestão de marca muito mais eficiente”, disse Somoggi. Para equalizar a situação, a nova gestão de marketing ficará sob o comando de Luiz Eduardo Baptista, que também é presidente da Sky.


Outras áreas estratégicas também tiveram mudanças na linha de frente. Rodolfo Landim, ex-EBX e sócio da Maré Investimentos, assume a vice-presidência de patrimônio. Alexandre Póvoa, sócio da gestora europeia Canepa, será o novo vice-presidente de esportes olímpicos. Para o futebol, a ideia é eleger um diretor executivo remunerado, ainda sem nome definido.

Dá certo?

Não é a primeira vez que um time elege a profissionalização como forma de arrumar a casa. No Brasil, o Coritiba resolveu abraçar a causa depois de ter sido rebaixado em 2009. Vilson Ribeiro de Andrade, atual presidente do conselho administrativo do clube e ex-CEO do banco HSBC, assumiu a cadeira em 2010 e instituiu um rigoroso sistema de metas. As finanças também passaram por um pente-fino.

Em dois anos, os associados subiram de 2.500 para 31.000 pessoas. E o Coxa viu seu faturamento crescer 140%, chegando a 75 milhões de reais. Lá fora, a ascensão do Barcelona também costuma ser lembrada como exemplo de reviravolta – e das grandes. Quando assumiu o clube, em 2003, Ferran Soriano investiu numa reestruturação de peso. As dívidas foram equacionadas e o Barça passou a ter fluxo de caixa. Foi nesse época que surgiu o slogan "Mais que um clube", fruto de uma estratégia para colocar o clube na boca do povo.

Tanto deu certo que o cartola acabou escrevendo um livro de gestão ("A Bola Não Entra por Acaso"). Também virou uma espécie de consultor para o Corinthians a partir de 2007.

Ainda que a realidade de alguns times dê mostras que é possível atravessar o caminho das pedras, o Flamengo tem, na opinião do consultor Amir Somoggi, outro inimigo a enfrentar. “Não adianta falar em análises técnicas e abordagens mercadológicas, se não houver equilíbrio dentro do clube. E o Flamengo tem um problema crônico que é o seu ambiente político”, pontuou. Longe das quatro linhas, o novo time de empresários tem três anos para resolver o problema. Resta saber se ele chegará lá.

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