Rennan Serrano, Mohamed Bella, Stanislas Pilot e Thibault Duriez, da Evernex, e Adriano Marcelo Pires (centro), CEO da Maminfo: aquisição garante crescimento de receitas no Brasil (Evernex/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 15h02.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2024 às 10h30.
Numa grande operação industrial ou de varejo, uma queda no sistema interno, onde são registradas as vendas ou dados, por exemplo, pode causar prejuízos milionários. O mesmo acontece com as máquinas, data centers ou computadores, que podem falhar de uma hora para outra, interrompendo o trabalho -- e causando perda de dinheiro.
É por isso que há sempre um cuidado redobrado das equipes de TI para fazer um trabalho preditivo, de manutenção dos equipamentos, para evitar problemas futuros. E evitar também aquelas famosas "aberturas de chamados", quando um funcionário liga para o time de TI.
Em algumas empresas e grandes companhias, essas equipes são próprias (e enormes). Noutras, podem ser feitas por times terceirizados.
É aí que entra a francesa Evernex. Com 40 anos no mercado e um faturamento de 250 milhões de dólares (cerca de um bilhão de reais), a empresa faz manutenção da infraestrutura de tecnologia da informação (TI). Ela cuida, justamente, dos equipamentos das companhias, mais especificamente, de datacenters e redes. Diariamente, por exemplo, envia uma tonelada de peças de reposição para cerca de 160 países para que data centers se mantenham funcionando. Além disso, também loca infraestruturas para o mercado.
Na América Latina, a companhia já está presente há 13 anos. Agora, dá um novo passo para ganhar mercado (e receita) no Brasil. A Evernex acaba de anunciar a aquisição da Maminfo, de Campinas.
De área complementar, a empresa comprada cria projetos de TI para eventos e empresas, e cuida, por exemplo, das redes de conexão. Num banco, por exemplo, cada agência precisa ter um roteador com uma rede própria que permita o acesso a sites internos da instituição financeira. A Maminfo desenha toda essa conexão e tira o projeto do papel, cuidando, por exemplo, dos cabos e roteadores.
O valor da aquisição não foi divulgado, mas a Maminfo faturou, em 2023, 79 milhões de reais.
Criada em Paris, a Evernex está no Brasil há 13 anos. Atualmente, faz parte do grupo londrino de private equity 3i. Recentemente, inaugurou uma nova sede de 2 milhões de reais em São Caetano do Sul.
“Apostamos muito no Brasil”, diz Rennan Serrano, vice-presidente da empresa para a América Latina. “A base da América Latina inteira está aqui. Comandamos México e Argentina daqui. E o principal mercado é o Brasil”.
Mohamed Bella, diretor da companhia na América Latina, Oriente Médio e África, lembra que desde que chegou ao Brasil, a Evernex multiplicou cinco vezes seu tamanho. O crescimento é orgânico, mas também apoiado numa política de aquisições mundiais. Na América Latina, também já adquiriu, em 2018, a A Systems, de manutenção de hardwares.
No início dos anos 2000, comprar um computador era um desafio. Os PCs precisavam ser montados em lojas técnicas específicas. Depois, era preciso instalar os programas que rodariam naquela máquina e ver se tudo estava funcionando direitinho.
A Maminfo começou assim: montando computadores.
Em 2005, grandes players do varejo passaram a vender as máquinas em suas lojas. O mercado específico de venda de computadores arrefeceu.
“Em 2007, com muita dificuldade financeira, passamos a trabalhar no mundo das redes, cuidando de wifi, roteadores, switches”, afirma o fundador e CEO da Maminfo, Adriano Marcelo Pires. “Passamos a fazer gestão de roteadores e cuidar das redes, coisas que ninguém fazia antes para as operadoras. Hoje, temos 16.000 equipamentos espalhados pelo Brasil”.
Além de cuidar das redes, passou também a desenhar projetos de conexão. Participou, por exemplo, das equipes que colocaram conexões de rede no Rock in Rio e na Copa do Mundo.
“Pulamos de um funcionário em 2000 para 300 em 2024”, diz Pires. Hoje, a Maminfo tem escritórios em Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.
Serrano e Pires já se conheciam há 10 anos quando começaram a tratar da fusão das companhias. Os dois se tornaram “parceiros de negócios”, por trabalharem em áreas complementares: a Evernex cuidando dos equipamentos de TI e a Maminfo cuidando dos equipamentos de redes.
Quando a francesa decidiu que deveria expandir sua operação no Brasil, e aportou 100 milhões de reais para fazer uma estratégia de fusões e aquisições, a Maminfo entrou no radar.
“Dentro do mercado de suporte, redes são um dos pontos principais, onde você tem um orçamento maior, porque as empresas investem muito em redes”, diz Serrano. “Agora, com essa fusão, a Evernex vai oferecer suporte completo, de TI e de redes”.
A vontade da Evernex de adquirir se casou com o desejo da Maminfo de expandir. “Estávamos num ponto em que éramos pequenos para ser grandes, e grandes para sermos pequenos”, afirma Pires. “Fomos uma empresa familiar, que tinha caixa própria, sem endividamento, que precisava dar o próximo passo. E esse próximo passo será feito com a fusão com a Evernex”.
Pires continuará na companhia, como diretor da Maminfo. Aliás, as duas empresas seguirão atuando como unidades separadas.
“Vamos deixar as coisas funcionando bem, como funcionam hoje”, afirma o executivo da Evernex. “Depois, vamos fazer uma integração faseada. A primeira ideia é fazer portfólio de manutenção de rede e ir para mercado”.
Esse portfólio, num primeiro momento, será oferecido para os 400 clientes finais que a Evernex já tem no Brasil. Depois, se expandirá para outros países de atuação, como México e Colômbia.
“Estamos crescendo 15% anualmente e vamos seguir crescendo”, diz Serrano. “Nossa agenda de M&As continua, para continuarmos ganhando mercado e nos tornarmos líderes dentro da região”.
O Brasil é o segundo maior mercado de atendimento terceirizado de manutenção das Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos. É para esse bolo que a empresa está olhando. E no aguardo de novos chamados.