Negócios

Novas concessões rendem menos que o esperado para a OHL

Empresa venceu o leilão para administrar cinco lotes de rodovias federais em 2007

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A OHL, concessionária espanhola que arrematou cinco dos sete trechos de rodovias federais leiloados pelo governo em outubro de 2007, obteve resultados abaixo da expectativa no primeiro trimestre deste ano, quando houve a consolidação das concessões e mudanças na legislação contábil. O tráfego das rodovias leiloadas ficou 22% abaixo do estimado no processo licitatório pela companhia, a grande vencedora do maior leilão de rodovias federais dos últimos anos.

De acordo com a avaliação da corretora Ativa, a contribuição na receita das estradas federais não foi proporcional ao esperado porque as praças de pedágio ainda não estão operando em sua totalidade. Além disso, as condições de financiamento consideradas possíveis na época do leilão já não refletem as taxas de juros cobradas após o agravamento da crise, assim como o crescimento do PIB brasileiro, que tem sido pior do que o imaginado há quase dois anos.

Isso contribuiu fortemente para um Ebtida (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação) negativo de 81 milhões de reais (12,7% menor do que 2008) no primeiro trimestre, representando uma queda na margem de 22,4 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

A receita líquida da companhia atingiu 218 milhões de reais neste primeiro trimestre, uma alta de 39,7% quando comparada ao ano passado. No entanto, as concessionárias federais mostraram custos e despesas superiores às receitas, o que foi determinante para a queda de 57,2% no lucro líquido da empresa, que fechou em quatro milhões de reais no período.

A companhia que foi extremamente agressiva no processo licitatório das rodovias, chegando a oferecer deságio de até 65% sobre o preço máximo definido para o pedágio, agora só pensa em fechar um fluxo de caixa capaz de fazer frente ao volume de investimentos para 2009 e 2010. Dentre os principais trechos ganhos pela concessionária estão os das rodovias Régis Bittencourt (BR-116), entre São Paulo e Curitiba, e Fernão Dias (BR-381), entre Belo Horizonte e São Paulo.

Para cumprir as melhorias estruturais das rodovias, a OHL irá receber um empréstimo de 756 milhões de reais do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) até final de maio ou início de junho, segundo relatório da corretora Santander, que trabalha de forma independente do banco. Serão destinados 204 milhões de reais para a rodovia Fernão Dias, 332 milhões de reais para a Regis Bittencourt e 221 milhões de reais para a Litoral Sul.

De acordo com a companhia, o BNDES vai esperar para que todas as 29 praças de pedágio estejam em pleno funcionamento para, a partir de então, avaliar todas as condições de financiamento a longo prazo dos trechos controlados. Para a corretora Santander, esse possível financiamento será preponderante para determinar o valor futuro das ações ordinárias da OHL (OHLB3, com direito a voto) que estavam em alta de 9,40%, para 18,38 reais às 16h desta segunda-feira (18/5).

Em teleconferência com analistas, a empresa chegou até a sinalizar que poderia renegociar os contratos de concessão assinados com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Apesar de deixar claro que não iniciou nenhum processo de renegociações, a empresa afirmou que confia em uma avaliação "justa" da ANTT caso haja um pedido para recuperar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

Tanto a corretora Ativa como a do Santander estão cautelosas sobre os futuros resultados da OHL devido ao baixo tráfego nas concessões. “Ainda não nos sentimos confortáveis com a questão do fluxo de caixa da OHL, frente a sua necessidade de investimentos e por isso mantemos nossa preferência no setor em CCR”, afirmou a corretora Ativa em relatório.
 

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Empreendedor produz 2,5 mil garrafas de vinho por ano na cidade

Após crise de R$ 5,7 bi, incorporadora PDG trabalha para restaurar confiança do cliente e do mercado

Após anúncio de parceria com Aliexpress, Magalu quer trazer mais produtos dos Estados Unidos

De entregadores a donos de fábrica: irmãos faturam R$ 3 milhões com pão de queijo mineiro

Mais na Exame