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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Pensar pequeno certamente não é um atributo do empresário Eike Batista. De suas primeiras minas de ouro na selva amazônica, nos anos 80 - que o levaram a acumular uma fortuna de 6 milhões de dólares aos 23 anos de idade - à OGX, sua petroleira, o empresário está acostumado a bater metas ambiciosas. Agora, aos 52 anos, ele se prepara para mais um desafio gigantesco: dentro de dez anos, quer ter uma fortuna de 100 bilhões de dólares, o que seria suficiente, hoje, para torná-lo o homem mais rico do mundo. A intenção foi revelada nesta semana, em um programa americano de entrevistas - o Charlie Rose Show, transmitido pela rede PBS.
Aposta no Brasil e na China
Mais do que uma meta, Eike afirmou que aumentar sua fortuna será "a conseqüência de um bom trabalho", isto é, ajudar o Brasil a crescer e se consolidar como um dos países mais desenvolvidos do mundo. "Eu posso ajudar o Brasil; eu posso ajudar meu país", afirmou. E ajudar, segundo Eike, é apostar nos negócios que vem tocando - sobretudo na área do petróleo, para a qual fundou a OGX, e de infraestrutura.
Durante toda a entrevista, o empresário tentou mostrar que o crescimento brasileiro determinaria naturalmente a expansão de sua fortuna, já que seus negócios estão concentrados em áreas estratégicas para o país nos próximos anos. Para Eike, o Brasil deve se tornar a quinta maior economia do mundo em 2015 - cinco anos antes das estimativas correntes. "Somos apenas um dos muitos grupos que estão ajudando o país a crescer", afirmou.
O empresário também mostrou muito otimismo com a expansão das relações comerciais entre o Brasil e a China. Para desconforto de Charlie e dos telespectadores americanos, não hesitou em afirmar que, dentro de 30 anos, os chineses responderão por metade do PIB mundial. Essa expansão deverá alimentar por muito tempo a demanda por matérias-primas e commodities - setores nos quais suas empresas estão instaladas, como a mineradora MMX. "É uma grande joint-venture, porque a China precisa de muita coisa que nós temos", disse. (Continua)
Riscos cobertos
Charlie também teve tempo para rememorar alguns dos fracassos na trajetória de Eike - como a tentativa de fabricar jipes, perfumes e cerveja. Para o empresário, entre as lições que tirou desses insucessos, está a de que é necessário ter um modelo de gestão 360 graus, em que todos os aspectos da operação sejam contemplados. Além disso, é preciso não se apaixonar pela empresa - e saber quando é hora de mudar de estratégia ou mesmo de parar.
Trabalhar com commodities globais, como ouro e minério de ferro, também ensinou outra coisa ao empresário: como todo empreendimento envolve riscos, é preciso ter certeza de que o retorno compensará toda dificuldade que encontrar - mesmo as que não conseguiu prever.
Além de ter o prazer de contar com um compatriota no topo da lista dos mais abonados do mundo, os brasileiros também podem torcer para que Eike alcance seus 100 bilhões de dólares por outro motivo: os investimentos sociais que ele deseja fazer. "Quero ser também o maior filantropo do mundo", afirmou na última parte da entrevista, quando Charlie voltou a tocar no tema de sua fortuna pessoal, e lembrou que os grandes bilionários destinavam parte de sua fortuna para obras de caridade. Diante do espanto do jornalista americano, Eike completou: "Sinto muito. É para isso que eu fui educado".