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Petrobras quer evitar atrasos do balanço financeiro

Graça Foster disse que ficará no cargo enquanto Dilma Rousseff quiser, mas não descartou saída da diretoria para que a publicação do balanço financeiro ocorra


	A presidente da Petrobras, Graça Foster: Graça também afirmou que investimentos em 2015 a princípio devem ser menores
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

A presidente da Petrobras, Graça Foster: Graça também afirmou que investimentos em 2015 a princípio devem ser menores (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 17h20.

Rio de Janeiro - A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse nesta quarta-feira que ficará no cargo enquanto a presidente Dilma Rousseff quiser, mas não descartou eventual saída de toda a diretoria da estatal para que a publicação do balanço financeiro, que está atrasada, possa ocorrer.

"Hoje estou aqui presidente da Petrobras enquanto eu contar com a confiança da Presidência, e ela entender que eu deva ficar", afirmou Graça Foster, como prefere ser chamada, durante café da manhã com jornalistas.

"Minha motivação é não travar a assinatura do balanço da Petrobras por conta da investigação", acrescentou ela, temendo que a permanência da diretoria possa atrasar mais a publicação dos resultados da empresa.

Na última sexta-feira, a Petrobras adiou novamente a divulgação das demonstrações contábeis não auditadas do terceiro trimestre de 2014 para até 31 de janeiro, devido a "novos fatos" relacionados à operação Lava Jato que investiga um suposto esquema de corrupção na estatal.

O novo adiamento foi possível porque os credores aceitaram mudanças nos termos contratuais dos bônus (covenants) que tratam dos prazos para a apresentação dos resultados, eliminando o risco de a empresa ter que pagar antecipadamente parte da dívida crescente.

Segundo a executiva, a atual diretoria precisa ter uma sinalização positiva de que está em condições de permanecer, do ponto de suas práticas de governança, e para isso necessita ser investigada, o que poderá atrasar ainda mais a publicação do balanço da companhia.

"Eu preciso ser investigada, nós precisamos ser investigados, isso leva tempo", afirmou, explicando que os escritórios independentes contratados para realizarem auditorias na empresa têm contratos de um ano, mas que isso pode levar mais tempo.

A operação Lava Jato da Polícia Federal, que já resultou na aceitação de várias denúncias pela Justiça Federal nesta semana, investiga um esquema de corrupção em obras da estatal, envolvendo empreiteiras e pagamentos ilegais a políticos, o que afetou a assinatura do balanço do terceiro trimestre por auditores independentes.

"Nós nos enfrentamos com a evidência de que nós não estávamos prontos para apresentar o balanço para a Price (PriceWaterhouseCoopers), porque não foi a Price que disse que não assinava, nós é que não estávamos prontos", afirmou Graça Foster, citando as investigações. A Petrobras divulgou na última sexta-feira apenas alguns indicadores operacionais e informações econômico-financeiras que acredita não serão afetados por eventuais baixas contábeis que possivelmente terão que ser feitas por conta dos resultados das investigações.

De acordo com Graça Foster, pode demorar anos para que todas as denúncias sejam averiguadas em sua plenitude. Ela indicou ainda que os diretores acreditam em sua "moral".

"Não somos os únicos capazes de materializar tudo isso, existem dentro da companhia pessoas preparadas para nos substituir, e não somos um valor isolado. Há dentro e fora da companhia pessoas que podem assumir a cadeira da presidente, mas acreditamos em nós, na nossa moral", disse.

A executiva manifestou também que está ansiosa por ver todas as denúncias esclarecidas.

"Não temos receio da verdade", disse Graça Foster, ao fim da entrevista.

Investimentos

Graça Foster também afirmou que os investimentos em 2015 a princípio devem ser menores do que em 2014, mas disse que valores não seriam revelados agora.

A presidente não relacionou uma queda nos investimentos no ano que vem às denúncias de corrupção que envolvem empresas que trabalham com a Petrobras.

Mas o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Miranda Formigli, admitiu que incertezas relacionadas a alguns dos principais players da indústria, envolvidos nas denúncias, podem trazer consequências. Ele afirmou que uma redução eventual dos investimentos "não faz impacto significativo imediato" e reforçou que “hoje em dia” a empresa continua trabalhando com a curva original de crescimento da produção.

Mas Formigli disse que a companhia trabalha focada na redução de impactos que eventualmente possam prejudicar a produção e também foca na manutenção de projetos no cronograma atual.

Como exemplo, ele destacou que a diretoria está estudando a conexão de novos poços em plataformas já existentes, o que poderia contribuir com aumento da produção na ausência da entrada de novas unidades de extração de óleo no prazo previsto.

Afastamento de funcionários

Graça Foster disse ainda que as investigações internas da Petrobras levaram ao afastamento de até 12 pessoas de seus cargos, mas que até o momento não houve demissões, já que a estatal não tem evidências de dolo, má-fé ou de recebimento de benefícios indevidos.

A presidente e outros diretores da empresa tiveram que responder muitas perguntas sobre como não souberam antes de informações sobre as denúncias que estão vindo à tona.

Segundo ela, os diretores sabiam daquilo que era reportado nas reuniões, e que as investigações internas da empresa não têm recursos investigativos como a polícia os tem, de quebra de sigilo bancário e escutas telefônicas.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, completou dizendo que as informações que "todos aqui temos", atualmente, "não tínhamos" antigamente.

"Não se julga ação tomada lá atrás à luz de dados que tem agora, você tem que julgar com dados que tinha naquele momento", afirmou Barbassa.

Graça Foster destacou que a empresa internacional contratada para buscar nomes para a diretoria de governança tem até 30 dias para apresentar uma lista tríplice, que será levada ao conselho de administração.

Cenário internacional

Além dos problemas enfrentados relacionados ao suposto esquema de corrupção, o preço do petróleo tem apresentado quedas consecutivas desde meados do ano, operando atualmente perto de mínimas de mais de cinco anos. Segundo Formigli, a empresa espera que preços do petróleo não ficarão no patamar atual e que se recuperem eventualmente, mas ele disse que a empresa vai ter que ajustar estimativas de curto prazo. "O efeito atual faz com que a gente tenha que reprojetar isso", afirmou.

Sem entrar em detalhes sobre os efeitos da queda do preço do petróleo para a companhia, o diretor explicou que a margem do pré-sal diminuiu, mas continua positiva.

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