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O declínio do Yahoo, o gigante da internet que está à venda

Ainda que a empresa enfrente intensas disputas com seus investidores, o seu problema é ainda mais profundo


	Marissa Mayer, CEO do Yahoo: executiva está longe de corresponder às expectativas dos acionistas
 (David Paul Morris/Bloomberg)

Marissa Mayer, CEO do Yahoo: executiva está longe de corresponder às expectativas dos acionistas (David Paul Morris/Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 11 de maio de 2016 às 08h00.

São Paulo – Antes um gigante da internet, o Yahoo está em sérias dificuldades. A empresa enfrenta queda nas receitas e discussões com seus acionistas e parte deles quer inclusive trocar toda a diretoria.

Com prejuízo bilionário de US$ 4,4 bilhões em 2015, a companhia demitiu 1.200 pessoas só no último trimestre.

No meio desse turbilhão, a presidente Marissa Mayer não tem conseguido reerguer o negócio, contrariando expectativas que surgiram quando ela saiu do Google para liderar a empresa em 2012.

Ainda que enfrente intensas disputas com seus investidores, seu problema é ainda mais profundo. "O Yahoo está decaindo há quase 10 anos”, disse Paul Sweeney, analista da Bloomberg Inteligence em entrevista por email à EXAME.com.

Com pouco mais de 20 anos de existência, o Yahoo está atrasado em relação ao mercado e seus principais concorrentes, diz ele. Enquanto o mercado de anúncios digitais cresceu 15% nos últimos anos, o faturamento da companhia decaiu nesse período.

A empresa "depende de expor anúncios, mas perdeu a evolução da propaganda, pesquisa e redes sociais da internet", afirmou o especialista.

Quando Marissa Mayer assumiu o comando, ela tentou colocar a companhia de volta nos trilhos com foco em pesquisa e anúncios em plataformas mobile.

Também fez algumas aquisições, como a compra do Tumblr em 2013 por US$ 1,1 bilhão, para trazer novos talentos à empresa.

"Ainda que ela tenha feito progresso em algumas dessas áreas, não foi o suficiente para acertar o rumo", afirmou Sweeney.

Brigas com os investidores

A empresa tem um valor de mercado bastante expressivo, de US$ 35,25 bilhões, segundo o Wall Street Journal. No entanto, grande parte desse valor não vem de seus ativos principais ou de seu negócio na internet.

Sua fatia no comércio eletrônico chinês Alibaba Group, comprada há 10 anos, é o que mais pesa e equivale a cerca de US$ 30,3 bilhões.

A empresa também tem 38% do Yahoo Japan, no valor de US$ 8,5 bilhões.

Em crise, a companhia anunciou a intenção de vender sua participação no Alibaba, o que causou graves divergências entre seus acionistas. 

O mais enfático de todos foi o grupo de investimentos Starboard Value, que tem divulgado cartas abertas e relatórios contra a gestão de Mayer

Recentemente, ele publicou um comunicado afirmando que investidores “perderam toda sua confiança na gestão da diretoria” e questionando o valor de seus ativos.

À venda

Depois de não conseguir vender sua participação na varejista chinesa, o Yahoo decidiu vender seus próprios ativos. 

A empresa está buscando compradores para seu negócio principal, que concentra sites, email, pesquisa, Tumbrl, Flickr, produção de conteúdo e de notícias e, principalmente, sua divisão de anúncios na internet.

Segundo análise da SunTrust Robinson Humphrey, esses ativos poderiam valer até US$ 8 bilhões – com desconto de impostos e taxas, o valor líquido poderia chegar a cerca de US$ 6 bilhões.

Em outro relatório, a consultoria diz acreditar que o negócio de patentes também pode ser bastante valioso, com mais de 6.000 adquiridas durante sua trajetória e com a compra de mais de 100 empresas desde sua fundação, em 1995.

Mais de 10 empresas já se mostraram interessadas nesses ativos.

O principal possível comprador é a empresa de telefonia Verizon. Como ele comprou a AOL recentemente, poderia estar interessado em integrar o Yahoo ao seu segmento de internet.

O grupo Alphabet, empresa mãe do Google, o conglomerado Time Inc., a Microsoft, o jornal britânico Daily Mail e o grupo de private equity TPG também estão entre as empresas que fizeram ofertas pelos ativos.

Ligação perdida

No entanto, Marissa Mayer não está respondendo às ofertas. Segundo a jornalista Kara Swisher, do Re/Code, ela não retorna as ligações de potenciais compradores, atrasando as negociações.

Para o analista Robert Peck, da SunTrust, o Yahoo está frustrando compradores em potencial por não ser claro o que ele quer vender.

Peck também afirmou que a demora em se decidir pela venda e falta de diálogo com os possíveis compradores levanta mais dúvidas do que respostas, tanto para investidores quanto para funcionários, parceiros e anunciantes.

Enquanto o processo de venda está sendo discutido, o Yahoo implementa um plano para que seu negócio “chegue ao máximo que puder valer", disse Marissa Mayer à Bloomberg TV.

Entre as ações previstas pela empresa, ela pretende enxugar mais de US$ 400 milhões em custos até o fim do ano e gerar US$ 1,8 bilhão em faturamento de seu negócio principal, além de cortar 15% de toda sua força de trabalho.

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