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Medo de calotes de empresas faz lucro do Bradesco cair

O lucro do banco no trimestre foi de 4,11 bilhões de reais, queda de 3,8% na comparação anual e de 9,8% ante os três meses anteriores


	Bradesco: banco provisionou 836 milhões de reais no trimestre para possíveis perdas com uma única empresa
 (Egberto Nogueira/ Imafotogaleria)

Bradesco: banco provisionou 836 milhões de reais no trimestre para possíveis perdas com uma única empresa (Egberto Nogueira/ Imafotogaleria)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 2 de maio de 2016 às 10h43.

São Paulo - Por conta do aumento das reservas para se proteger de possíveis calotes, o Bradesco viu seu lucro líquido ajustado encolher no primeiro trimestre. O resultado foi de 4,11 bilhões de reais, queda de 3,8% na comparação anual e de 9,8% ante os três meses anteriores.

As despesas com provisão para devedores duvidosos saltaram de 4,19 bilhões de reais no último trimestre de 2015 para 5,44 bilhões de reais de janeiro a março a deste ano – uma diferença de 1,25 bilhão de reais, ou 30% de aumento.

Boa parte desse montante, segundo o banco, foi separado para cobrir a inadimplência de clientes corporativos – 836 milhões de reais vinculados ao agravamento do risco de uma empresa em específico.

Especula-se que essa companhia seja a Sete Brasil, que decidiu na semana passada que vai pedir recuperação judicial.

Questionado sobre isso durante teleconferência para divulgação do balanço, Luiz Carlos Angelotti, diretor gerente e de relações com investidores do Bradesco, disse apenas que não pode citar nomes, mas que "o caso é razoavelmente conhecido pelo mercado".

De acordo com ele, uma fatia de cerca de 70% dos empréstimos concedidos à tal empresa está provisionada e o banco ainda vai avaliar se deve provisionar o restante.

Inadimplência

Outro ponto que impactou os resultados do trimestre foi o crescimento da inadimplência.

O índice de calotes para dívidas vencidas acima de 90 dias atingiu 4,22% no período, puxado principalmente pelos pequenos e médios negócios, mais sensíveis ao arrefecimento da economia, cujo índice foi de 6,6%.

Parte do aumento da inadimplência, porém, pode ser explicada pela diminuição da carteira de crédito expandida, segundo o Bradesco.

Ela totalizou 463,2 bilhões em março, uma redução de 2,3% em relação a dezembro. Nessa comparação, os empréstimos às pequenas e médias empresas baixaram 6,5% e às grandes empresas, 1,7%. Já a carteira de pessoas físicas ficou estável. 

Parte desse enxugamento foi creditado à valorização do real no trimestre, já que uma parcela dos créditos é concedida em dólar.

"Se considerarmos o mesmo patamar de dezembro, a inadimplência fica estável", disse Angelotti.

Diversificação

O executivo reforçou que, para contornar a retração da demanda por financiamentos, o Bradesco aposta na diversificação do negócio.

Ele mencionou o braço de seguros, que foi responsável por 34% do lucro do banco no trimestre, com um resultado de 1,28 bilhão de reais; e o de consórcios, que atingiu uma receita de 278 milhões de reais.

Também destacou a estratégia de segmentação com a migração de clientes para as novas categorias Classic e Exclusive, que oferecem linhas de crédito especiais e relacionamento mais próximo com gerentes.

Angelotti citou ainda as receitas com cartões, que somaram 2,42 milhões de reais de janeiro a março, uma queda de 6,3% frente os três meses anteriores, mas um crescimento de 9,6% na comparação anual. 

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