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Empregados da Usiminas reinvidicam lugar no Conselho

Em 2014, CVM analisou esse assunto e chegou à conclusão que, de fato, a vaga destinada aos funcionários está sendo ocupada por um nome indicado pelo controlador


	Usiminas: imposição é de que assunto seja equacionado na próxima Assembleia Geral da siderúrgica
 (Nelio Rodrigues/EXAME)

Usiminas: imposição é de que assunto seja equacionado na próxima Assembleia Geral da siderúrgica (Nelio Rodrigues/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2015 às 14h10.

São Paulo - Os empregados da Usiminas estão tomando posição para serem colocados como protagonistas nas discussões sobre o rumo da companhia, que vive hoje uma briga societária, sem solução em vista, entre seus dois principais acionistas.

Alegando piora constante nas condições de trabalho, principalmente do ponto de vista da segurança, os trabalhadores da usina de Cubatão, unidade paulista da companhia mineira, também querem colocar luz no fato de que o direito de eleger um representante ao Conselho de Administração da empresa, previsto no estatuto desde a privatização, não vem sendo respeitado.

O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que esse tema terá que ser equacionado até a próxima Assembleia Geral, que acontece no fim de abril, por determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

"Desde a privatização da Usiminas temos direito a uma vaga no conselho, mas nunca a tivemos na prática, nunca aconteceu. A Usiminas (os controladores) que indica. O nome escolhido nunca passou pelo crivo dos trabalhadores", afirma o presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias siderúrgicas na região (STISMMMEC), Florêncio Resende de Sá, ao Broadcast.

Esse direito consta no Estatuto da companhia.

O documento prevê a obrigatoriedade de um membro efetivo ser "sempre ser um representante dos empregados da Companhia".

Atualmente, a Usiminas possui nove conselheiros.

Cada controlador tem três indicações: um é representante dos minoritários, um da Previdência Usiminas e um, na teoria, dos empregados.

No ano passado, a CVM analisou esse assunto e chegou à conclusão que, de fato, a vaga destinada aos funcionários está sendo ocupada por um nome indicado pelo controlador.

A Usiminas recorreu da decisão da CVM, mas o colegiado indeferiu o pedido, segundo apurou o Broadcast.

A companhia mineira ainda pode pedir a reconsideração da decisão do colegiado, mas, até aqui, a imposição é de que esse assunto seja equacionado na próxima Assembleia Geral da siderúrgica, marcada para o fim de abril.

Na ocasião da privatização da Usiminas, no início da década de 1990, as ações da companhia foram ofertadas aos empregados: 10% das ordinárias e 10% das preferenciais, sendo que os empregados se organizaram por meio do Clube de Investimentos Usiminas (CIU).

O próprio edital de privatização deu ao Clube o direito a um assento no conselho.

O presidente do sindicato diz também que a própria trajetória do atual presidente da companhia, Romel Erwin de Souza, traz dúvidas sobre a atuação da Previdência Usiminas em prol dos trabalhadores.

Romel, que é presidente da companhia desde a destituição de Julián Eguren, evento que trouxe à tona a briga societária entre os dois controladores, Nippon Steel e Ternium, já foi presidente da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU).

Depois disso, em 2010, foi conselheiro da companhia, passando, em seguida ao cargo de diretor vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, cargo que acumula hoje com a presidência.

"Questionamos hoje se ele chegou a fazer algo, de fato, aos trabalhadores. Uma pessoa que deveria estar defendendo o interesse dos trabalhadores que depois se torna presidente do grupo gera suspeitas. Será que um dia essa pessoa tentou ou teve interesse de defender o trabalhador?", pergunta.

Desde que assumiu a presidência da Usiminas, conta o presidente do Sindicato, Romel não foi em nenhum momento conversar com os trabalhadores de Cubatão.

"A Previdência Usiminas está 100% alinhada com os controladores e esqueceram que dos funcionários", diz.

Em 2011, a CEU passou a se denominar Previdência Usiminas, depois da união das diretorias da previdência das duas usinas da companhia,

Cubatão e Ipatinga, que passaram o ter o mesmo presidente. A CEU é ainda signatária do acordo de acionistas da Usiminas desde 2004.

Hoje ela possui 6,75% das ações ordinárias da Usiminas, lembrando que no fim de 2011, quando a Ternium entrou no capital da companhia, a Previdência Usiminas vendeu parte de sua fatia.

Segundo o presidente do Sindicato, a situação para os aposentados da Usiminas, por exemplo, é hoje insustentável.

Para ele, o contexto evidencia a má gestão dos recursos da Previdência Usiminas e por isso o sindicato irá entrar com uma ação junto à Previc, órgão que supervisiona a previdência complementar no Brasil.

Antes disso, o sindicato já realizou denúncias junto ao Ministério Público, sobre o risco vivido hoje pelos trabalhadores.

"Não sei se o objetivo final é fechar a unidade de Cubatão", diz.

Na última sexta-feira, a Usiminas cancelou a divulgação de seu balanço trimestral porque não houve aprovação do Conselho de Administração, diante de falta de consenso em relação ao documento apresentado.

Procuradas, Usiminas, Previdência Usiminas, Ternium e Nippon não comentaram.

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