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Com compra da Ale, Ipiranga ganha força e se aproxima da BR

A transação aproximará sua fatia de mercado à da líder BR Distribuidora


	Ipiranga: com a Ale, distribuidora vai conquistar mercado na região Nordeste, onde ainda tem participação pequena
 (Divulgação)

Ipiranga: com a Ale, distribuidora vai conquistar mercado na região Nordeste, onde ainda tem participação pequena (Divulgação)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 27 de junho de 2016 às 10h13.

São Paulo - Com a compra da rede Ale por 2,17 bilhões de reais, a Ultrapar vai fortalecer seu negócio principal, a Ipiranga, e acelerar a consolidação da marca em lugares onde ela ainda tem pouco espaço.

A transação aproximará sua fatia de mercado (hoje de 14,9%) da parcela da líder BR Distribuidora, da Petrobras (de 19,4%). A porção correspondente à Ale é de 3,1%, logo, juntas, elas teriam 18% do setor.

Os dados são do último boletim da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), divulgado em maio.

O grupo Ultra atua em diversos segmentos e detém também as marcas Ultragaz (gás), Oxiteno (que fabrica óxido eteno e derivados), Ultracargo (de armazenagem para granéis líquidos) e Extrafarma (rede de farmácias).

Mas o braço de venda de combustíveis ainda é o centro de suas operações e foi responsável por 86,4% das receitas obtidas em 2015.

A aquisição dará impulso a uma estratégia já desenhada pela companhia: a de aumentar o número de postos onde ela ainda tem participação pequena.

A Ale é sediada em Natal, no Rio Grande do Norte, e tem forte atuação em todo o Nordeste, o que "complementa geograficamente" a rede da compradora.

"Com ela, a Ipiranga terá maior presença em regiões com alto potencial de crescimento", afirma o diretor-presidente do Ultra, Thilo Mannhardt, em comunicado

Do plano de investimentos de 1,8 bilhão de reais da Ultrapar para este ano, 887 milhões estão prometidos para a distribuidora de combustíveis.

Grande parte dessa fatia (354 milhões) será usada na expansão de postos e franquias am/pm e Jet Oil, principalmente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Escala

Com a associação, a Ipiranga somará à sua cadeia (que tem 7.241 postos), os cerca de 2.000 pontos de abastecimento da Ale, além das 260 lojas de conveniência e 10 bases de distribuição.

Ela já tem em seu portfólio 1.919 lojas am/pm e 1.473 unidades Jet Oil, serviços nos quais investe há alguns anos com o objetivo de se firmar como uma varejista e não apenas uma vendedora de gasolina.

Ao que tudo indica, esse plano será mantido. "A Ipiranga pretende estender sua estratégia de diferenciação por meio da oferta de serviços à rede Ale", diz a empresa em nota.

Além de escala, com a compra, Ultrapar espera ganhar mais eficiência logística.

"O grande motivador para essa operação são as sinergias em termos de capilaridade. Elas são difíceis de captar no curto prazo, mas fazem todo o sentido no longo", afirmou o professor Rafael S. Mingone, da Trevisan Escola de Negócios.

Aprovações

O negócio ainda precisa ser aprovado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Até lá, as empresas seguem como concorrentes, com atividades totalmente separadas.

Dos 2,17 bilhões de reais que serão desembolsados pelo grupo Ultra para a compra da Ale, ainda será deduzida a dívida líquida da rede em 31 de dezembro de 2015 (que era de 737 milhões de reais).

O montante também está sujeito a ajustes de capital de giro e endividamento líquido na data de conclusão da operação.

Números

O faturamento total da Ultrapar no ano passado foi de 75,6 bilhões de reais, crescimento de 12% ante 2014. Seu lucro líquido atingiu 1,5 bilhão de reais, aumento de 21%.

A controladora terminou 2015 com 3,5 bilhões de reais em caixa e aplicações financeiras.

No mesmo período, a receita líquida da subsidiária Ipiranga foi de 65,3 bilhões de reais, aumento de 11% ante o ano anterior.

A distribuidora vendeu 25,7 bilhões de litros de combustíveis, em linha com o volume comercializado em 2014.

Já a Ale teve uma receita de 11,3 bilhões de reais em 2015, queda de 2% ante os 12 meses anteriores. Seu lucro líquido foi de 33,6 milhões de reais, baixa de 22% ante o ano anterior.

A empresa vendeu 4,4 bilhões de litros de combustíveis no ano passado, 12% menos que em 2014.

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