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Carne podre na China atinge mais marcas e já chega ao Japão

Escândalo sobre segurança alimentar na China já afeta cadeias como McDonald's, KFC, Pizza Hut, Starbucks, Burger King, a chinesa Dicos, e chegou ao Japão

Empregados trabalham em empresa que fornece carne para redes de fast food, na China (Stringer/Reuters)

Empregados trabalham em empresa que fornece carne para redes de fast food, na China (Stringer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2014 às 13h58.

Xangai - O escândalo sobre a segurança alimentar que explodiu na China em torno da Husi Food de Xangai, empresa fornecedora de carne para várias redes de fast food, já afeta cadeias como McDonald's, KFC, Pizza Hut, Starbucks, Burger King, a chinesa Dicos, e chegou ao Japão.

Essas marcas foram afetadas pela venda de carne fresca misturada à carne vencida da Husi e, por isso, as instalações da fábrica foram fechadas pelas autoridades para investigação e os produtos começaram a ser retirados das lojas por todo o país asiático.

O McDonald's, por exemplo, também está retirando alimentos no Japão, já que acredita que 20% das tirinhas de frango empanado, os McNuggets, comercializados no país são da Husi.

A Husi foi acusada no domingo passado, em um programa da televisão chinesa "Dragon TV", de alcance nacional, de vender carne em mal estado, depois de ter falsificado sistematicamente a data de validade de parte da carne vendida a essas redes de fast-food.

Novas compras na Husi já estão suspensas.

As autoridades locais, que só foram autorizadas a entrar na fábrica no domingo à noite, após chamar à polícia para permitir o acesso, lacraram o local e começaram a investigar o caso, segundo disse à Agência Efe um funcionário da Administração de Alimentos e Remédios do governo de Xangai.

O equivalente nacional desse organismo publicou hoje um comunicado adicional para confirmar que examinará também as instalações da Husi em outras cinco províncias, e que qualquer violação será "castigada severamente".

Hoje, a "Dragon TV" exibiu parte do interrogatório entre os investigadores oficiais e um diretor de controle de qualidade da Husi.

Nele, o diretor confessa diante das câmaras que executivos da sua empresa "de nível superior ao diretor da fábrica" autorizaram os funcionários a utilizar "partes de carnes vencidas", e que isso foi feito "durante anos".

Embora tenha dito não se lembrar desde quando tal prática era mantida, ele admitiu que a política da empresa permite acrescentar matérias-primas vencidas para produzir carnes de hambúrguer.

A reportagem da "Dragon TV", feito a partir de uma câmera escondida e com jornalistas infiltrados, mostra que uma prática parecida era feita com os McNuggets, do McDonald's, e com produtos similares que a Husi vendia para outras marcas.

O programa mostrou ainda como os funcionários da fábrica utilizavam conscientemente carne de frango com cerca de meio mês de vencimento.

"As partes fora da data de validade foram enviadas à linha de produção, esmagadas e misturadas por grandes máquinas. Depois, essas peles e peito de frango foram recobertos com três camadas de extrato de damasco e fritos em óleo a 200 graus centígrados. Ou seja: para os consumidores, ela tem boa aparência, mas não se sabe como foi fabricada", explicava a reportagem.

A "Dragon TV" mostrou, além disso, como os funcionários pegavam a carne que caia no chão e a devolviam à máquina de processamento, e como os pedaços de frango descartados pelos controles rotineiros das autoridades eram reprocessados várias vezes até que superavam o controle.

As redes de fast-food já se desculparam através de diferentes comunicados públicos nas últimas horas, assim como a matriz da Husi, do Grupo OSI, um conglomerado de processamento de alimentos com sede em Aurora (Illinois, nos Estados Unidos).

A OSI manifestou que seus executivos estão chocados com a notícia, e que estão atuando "de maneira direta e rápida", com uma equipe de investigação própria que está "cooperando totalmente" com as autoridades chinesas.

"A gestão de nossa companhia acredita que este é um evento isolado, mas assume a total responsabilidade pela situação e tomará as medidas apropriadas de maneira rápida e exaustiva. Temos tolerância zero para qualquer ação que ponha em risco a segurança alimentar", acrescentou o texto. A Husi processa 25 mil toneladas de alimentos por ano.

A falta de segurança dos alimentos é um dos graves problemas que afeta à China, onde irregularidades deste tipo se acumulam enquanto cresce a preocupação da sociedade, cansada de não encontrar alimentos seguros dos mais básicos como o leite até, agora, os de restaurantes estrangeiros.

Um caso parecido afetou o KFC de Xangai, em 2012, que vendeu com total conhecimento carne de frango com excessivos níveis de antibióticos durante dois anos.

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