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Nossa expectativa é fechar o ano no positivo, diz presidente da Marcopolo

Em entrevista à EXAME, o presidente da empresa falou sobre apostas para o futuro e como a pandemia impactou o negócio

James Bellini, presidente da Marcopolo: Temos carteira garantida até setembro (Marcopolo/Divulgação)
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Juliana Estigarribia

Publicado em 20 de julho de 2020 às 06h00.

Última atualização em 20 de julho de 2020 às 15h33.

A produção de carrocerias de ônibus da Marcopolo estava de vento em popa no início do ano. A empresa de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, se preparava para fazer uma contratação expressiva de 1.000 novos funcionários, mas a pandemia interrompeu este plano.

A crise que se instalou na economia global impactou a fabricante gaúcha, mas o ritmo aquecido dos negócios, verificado no início do ano, foi crucial para a companhia atingir a maior parte das suas metas de 2020.

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"Nossa expectativa é fechar o ano ainda no positivo. Já atingimos o breakeven porque as vendas não pararam, só estão com volumes menores",afirma James Bellini, presidente da Marcopolo, em entrevista à EXAME.

Ele relata que, após o coronavírus, uma boa parte da população passou a ter medo de andar de ônibus. Os clientes da companhia estão com as frotas paradas por falta de passageiros. Pensando nisso, a Marcopolo rapidamente formou uma equipe multidisciplinarpara pensar em uma solução para a crise.

O chamado Kit Biosafe, retratado na edição desta quinzena da revista EXAME , é um conjunto de mudanças dentro do ônibus que visa elevar a utilização da capacidade de passageiros para 75% com distanciamento e medidas de segurança, como três fileiras de poltronas e dois corredores em vez de um, além de itens como capas e cortinas feitas com material antimicrobiano. "Percebemos que teríamos de reconquistar os passageiros", diz Bellini.

A Marcopolo já tem pedidos do kit Biosafe e está oferecendoplanos de financiamento para a solução, com prazo de carência, que permitem que os clientes coloquem os ônibus para rodar. "Hoje, o cliente não consegue sair com mais de 50% da capacidade do veículo em uso. Com o kit, ele vai conseguir preencher 75% do ônibus, com um retorno do investimento no curto prazo."

Apesar da solução inovadora, a demanda por novos ônibus caiu na pandemia. "Enquanto a crise persistir, nossos clientes não terão condições de comprar ônibus novos."

O executivo afirma que a Marcopolo renegociou o alongamento da carteira com os clientes.A grande maioria das vendas da empresa é feita via financiamento do BNDES para bens de capital, o Finame, com um baixo risco. No segmento da Volare, que é um produto que o cliente compra em pequenas quantidades, o banco da fabricante é mais demandado. "Não temos enfrentado inadimplência."

Ele garante que a redução de custos permitiu que a empresa tenha um nível de caixa confortável. Dois fatores também contribuem para isso: um contrato com o governo federal, fechado no ano passado, para o programa "Caminho da Escola", de 4.800 ônibus.Além disso, a companhia está exportando para países da África, beneficiada pelo câmbio.

Mudança de paradigma

Bellini usa como exemplo de divisor de águas para um "novo normal" o ataque às torres gêmeas na cidade de Nova York, em 11 de setembro de 2001. Ele lembra que, após o episódio, os protocolos de segurança para embarque em aeronaves e nos aeroportos foram modificados para sempre.

Para o executivo, depois dessa pandemia as pessoas vão querer se resguardar do coronavírus, que poderá sofrer inúmeras mutações. "Acreditamos que os cidadãos vão continuar buscando alternativas para evitar eventuais contaminações.Temos convicção de que as coisas não vão voltar ao normal."

Economia do mínimo toque possível, esta é a perspectiva que a Marcopolo está trabalhando para o futuro. Bellini acredita que os passageiros vão apresentar bilhetes nos terminais pelo celular - via QR Code -  com distanciamento dentro dos veículos.

"Com a pandemia, as transformações vão ser aceleradas. O que era para ser lançado daqui a 3 ou 4 anos vai ser feito em 4 ou 5 meses."

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