Loja da Movida: na pandemia, empresa vendeu carros online (Germano Lüders/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 09h08.
A locadora de carros Movida vendeu mais carros na pandemia do que fora dela. No pior da crise, a companhia fechou o segundo trimestre de 2020 com receita de 1 bilhão de reais, um crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro ficou em 2,6 milhões de reais, após prejuízo de prejuízo de 114 milhões de reais no primeiro trimestre.
“O segundo trimestre foi o mais desafiador, o auge do isolamento social, e conseguimos executar muito bem. A principal mensagem é que o pior já passou”, disse Renato Franklin, presidente da Movida, em entrevista à EXAME.
Um ponto crucial para o aumento na receita da companhia durante a crise foi a venda de seminovos. A Movida acelerou um projeto para fazer a venda de seminovos totalmente online. Na modalidade, o cliente compra o carro pela internet, recebe em casa e assina o contrato somente após fazer uma vistoria no veículo.
Com o avanço tecnológico, as vendas de seminovos ficaram em 740 milhões de reais, um crescimento de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior. O sucesso das vendas online leva a companhia a estudar uma mudança de planos na abertura de lojas de seminovos no futuro, considerando que há menos necessidade de unidades físicas.
“Pensei que levaríamos 5 anos para chegar a esse volume de vendas online. Temos conseguido vender carros mais caros, com um bom mix, e com essas vendas conseguimos reduzir idade da frota. Assim entro num ciclo virtuoso: como o estoque fica melhor, isso traz mais margem”, diz Franklin.
A frente de aluguel de carros foi a que mais sofreu no trimestre, com queda de 34% na receita líquida em relação ao mesmo período de 2019. O segmento foi duramente impactado pela redução na demanda de alugueis de turismo, os mais rentáveis para a companhia.
Para compensar a perda, a Movida apostou nos alugueis com duração maior, de um a doze meses, que cresceram na pandemia. “Essa é uma modalidade que está crescendo muito, acredito que esta será uma das maiores linhas de negócio das locadoras”, afirma Franklin.
A maior procura é fruto de uma mudança de comportamento trazida pela pandemia, afirma o executivo. “Quem andava de ônibus está no aplicativo, e quem andava de aplicativo está migrando para o carro alugado. Está todo mundo buscando se prevenir”, afirma.
A locadora aposta também no aluguel de carros zero quilômetro, cuja plataforma foi lançada no final de abril. Pela modalidade os carros são alugados por 12, 24 ou 36 meses. A meta é atuar como uma espécie de gestão de frota, mas para a pessoa física.
Na frente da gestão de frotas, o resultado da locadora ficou em linha com o trimestre anterior, com 3 milhões de diárias. A companhia buscou reduzir custos para ganhar margem na modalidade, que foi de 65% para 73%.
Com a queda na demanda, a locadora fez uma redução de 13 mil carros em sua frota que ficou com 106 mil veículos. Com isso, reduziu o número de carro ociosos, que chegou a ser de 29 mil veículos parados em abril, e em julho já estava em cerca de 9 mil. A média pré-pandemia é de 7 mil a 8 mil.
“Vamos sair da pandemia com muito mais produtos, mais canais de venda, mais soluções digitais e com mais avenidas de crescimento para 2021”, diz Franklin.