Nissan processa Ghosn e pede R$ 400 mi por atividade fraudulenta
No Líbano após fuga do Japão, ex-presidente da montadora nega acusações
Agência O Globo
Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 10h47.
Tóquio — A Nissan abriu um processo contra seu ex-presidente, Carlos Ghosn , pedindo 10 bilhões de ienes, o equivalente a cerca de R$ 400 milhões. A ação, apresentada nesta quarta-feira na Corte Distrital de Yokohama, pretende “reaver parte significante dos danos monetários infligidos à companhia por seu ex-presidente, como resultado de anos de má conduta e atividade fraudulenta”.
“Os danos financeiros reivindicados pela Nissan estão relacionados com a violação do dever fiduciário de Ghosn como diretor da companhia e sua apropriação indevida de recursos e ativos da Nissan”, afirmou a companhia, em comunicado.
Segundo a empresa, o valor pedido deve aumentar ainda mais, com a inclusão de multas que a companhia foi obrigada a pagar à Agência de Serviços Financeiros (FSA, na sigla em inglês) por ter dissimulado pagamentos a Ghosn em seus balanços anuais. Em dezembro, a montadora foi multada em 2,4 bilhões de ienes, cerca de R$ 95 milhões.
O processo aberto agora se refere a “pagamentos fraudulentos feitos para ou por Ghosn”, incluindo o uso de propriedades no exterior sem o pagamento de aluguel, uso privado de jatos corporativos e pagamentos para sua irmã; a recursos e custos despendidos na investigação interna sobre o ex-presidente; e a custos regulatórios e legais em processos no Japão, nos EUA, na Holanda e em outros territórios.
“A Nissan intensificou sua campanha para recuperar danos provocados por seu ex-presidente após sua fuga ilegal da Justiça”, disse a empresa.
Em comunicado ao New York Times, um porta-voz de Ghosn negou as acusações, dizendo que “as manobras da Nissan continuam”, destacando que o processo foi tornado público um dia antes de a montadora divulgar seu balanço trimestral.
“Os advogados do senhor Ghosn irão reagir sobre os méritos do caso assim que tiverem acesso ao conteúdo da reclamação”, disse o porta-voz.
Ghosn era tratado no Japão como um herói, por ter salvo a Nissan da falência, após ter reestruturado a francesa Renault. Um dos mais prestigiados executivos da indústria automotiva, estava à frente do projeto de fusão das duas montadoras, além de presidir a Mitsubishi Motors. Foi preso em novembro de 2018, mas conseguiu a liberdade condicional em abril do ano passado. Na virada do ano, Ghosn executou uma fuga espetacular do Japão para o Líbano.