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Nespresso manda pó de café usado para hortas e profissionaliza produtores

Nespresso investe no recolhimento das cápsulas do consumidor, destinação do pó de café e profissionalização dos produtores de orgânicos

Hortas em São Paulo recebem pó de café para adubação (Newton Santos/ Oficio da Imagem/Reprodução)

Hortas em São Paulo recebem pó de café para adubação (Newton Santos/ Oficio da Imagem/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 14h42.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 21h13.

A marca de cafés Nespresso acaba de anunciar o projeto Hortas, para fornecimento de pó de café, decorrente da reciclagem, como alternativa de adubo para o cultivo de alimentos orgânicos, de forma regenerativa, pela Cooperapas — Cooperativa Agroecológica de Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo, localizada em Parelheiros.

"A separação do pó de café e do alumínio das cápsulas sempre aconteceu. O alumínio é um material que, no Brasil, facilmente se torna outros produtos como esquadrias metálicas. Agora, o pó de café passa a virar adubo de alimentos orgânicos", diz Claudia Leite, diretora de criação de valor compartilhado, comunicação corporativa e cafés da Nespresso no Brasil.

A ideia que começou a ser formulada em 2018 passou por fase de testes com dois produtores neste ano. A intenção agora é chegar a dez produtores ainda em 2020, e 40 futuramente. A estimativa é de que nos próximos meses 10.000 pessoas recebam esses alimentos via doações do Banco de Alimentos da prefeitura de São Paulo.

"Acreditamos que o compromisso sustentável é pensar além do meio ambiente. Com o Nespresso Hortas será possível gerar impacto social nas comunidades produtoras e estimular a regeneração do solo agrícola para plantio de alimentos por meio da economia circular. Até por isso destinamos o insumo para uma região perto do nosso centro de reciclagem em Osasco, minimizando os impactos ambientais do transporte", afirma.

A partir do dia 16 de outubro, o investimento inicial de 300.000 reais nessa ação irá oferecer aos pequenos produtores e produtoras agrícolas apoio na gestão, no planejamento e no controle de custos para ajudá-los a melhorar a rentabilidade do negócio e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas que atuam nessa cadeia. Para isso, a marca conta com parceiros como a Morada da Floresta.

"Novas formas de colaboração nas cidades serão um aspecto fundamental da transição para um sistema alimentar mais regenerativo e resiliente, por isso a Fundação Ellen MacArthur está trabalhando com um grupo de organizações em São Paulo e nas demais cidades parceiras da nossa iniciativa de alimentos para colocar a visão em prática", diz Michael Oliveira, coordenador de iniciativas sistêmicas para a América Latina da Fundação Ellen MacArthur, parceira da Nespresso na iniciativa atual.

Logística reversa 

Para conseguir o pó de café para a reciclagem é preciso que os consumidores retornem as cápsulas usadas para um dos 170 pontos de coletas da Nespresso, sendo 30 em lojas próprias. Na pandemia, a empresa precisou incentivar que os consumidores pelo menos separassem o pó do alumínio em casa, para fazer o descarte correto, já que no período de distanciamento social as lojas ficaram fechadas.

Apesar do desafio de reutilizar os materiais, a executiva da marca afirma que há crescimento na prática. "Crescemos 5 pontos percentuais na reciclagem efetiva, chegando a 23% do total vendido e podendo aumentar", diz. Ela lembra ainda que o negócio sustentável é um investimento. "Investimos 5 milhões de reais em projetos de plantio, 12 milhões em restauro de paisagem e valores adicionais para premiar os produtores".

Ainda assim, o investimento se mostra importante e de acordo com o propósito sustentável da marca que está presente em 80 países, e tem o Brasil entre os dez mais importantes. Por aqui, a venda de cafés em cápsulas corresponde a apenas 1,5% de toda a bebida vendida, fazendo com que a empresa fique de olho no potencial de crescimento apesar dos desafios.

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