Final da Nascar Brasil 2025 foi no autódromo de Interlagos, em São Paulo, e teve Rubinho Barrichello no pódio (Nascar Brasil/Divulgação)
Repórter
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 13h22.
Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 13h33.
A aposta da Mais Brasil, empresa que trouxe o automobilismo da Nascar para o Brasil, já deixou de ser apenas um projeto esportivo para se tornar um negócio em expansão. Em apenas três anos de operação, a categoria movimenta cerca de R$ 150 milhões por ano na economia brasileira, segundo Carlos Col, CEO da empresa que detém os direitos da NASCAR no país. O número inclui patrocínios, investimentos das equipes, eventos e impacto direto nas cidades-sede.
“Primeiro você apresenta o produto, conquista os fãs e depois vem a movimentação financeira. Ainda é um negócio jovem no Brasil, mas já ganha relevância”, afirma o executivo em entrevista à EXAME, direto de Interlagos – autódromo que recebeu a final neste domingo, 7, e contou com Rubinho Barrichello como o campeão.
O modelo brasileiro se inspira em um gigante global. Nos Estados Unidos, a Nascar está entre as maiores potências do esporte mundial em negócios. Em 2024, a liga fechou um acordo de US$ 7,7 bilhões em direitos de transmissão por sete anos com um pool formado por FOX Sports, NBC Sports, Amazon Prime e TNT Sports. Só em patrocínios, o campeonato americano movimentou cerca de US$ 400 milhões no último ano.
Carlos Col, CEO da Nascar Brasil: “A NASCAR dos Estados Unidos é uma potência ao lado da NBA e da NFL. A ideia foi trazer mais uma opção forte para o automobilismo brasileiro” (Nascar Brasil/Divulgação)
Col acompanha de perto a Nascar americana há anos. Em 2022, iniciou as conversas para trazer a operação ao Brasil — que já tem versões no México, Canadá e Europa. A estreia oficial veio em 2023.
“A Nascar dos Estados Unidos é uma potência ao lado da NBA e da NFL. A ideia foi trazer mais uma opção forte para o automobilismo brasileiro, tanto para pilotos profissionais quanto para novos talentos”, diz.
Em pouco tempo, o projeto chamou a atenção da matriz americana. Segundo Col, executivos da NASCAR nos EUA avaliam que a versão brasileira já é, hoje, a melhor fora dos Estados Unidos, considerando crescimento, qualidade dos pilotos, disputas e público.
A entrada de grandes patrocinadores acelerou a estruturação do negócio. Atualmente, a NASCAR Brasil tem como parceiros oficiais:
“A partir deste ano temos a Petrobras como patrocinadora. É a maior empresa brasileira apostando na categoria”, afirma.
A Toyota, que também integra a Nascar nos Estados Unidos, já está no radar para o Brasil. “Estamos em conversa. A chance para 2027 é boa”, diz.
Carros da Nascar Brasil carregam logo de diferentes empresas na final realizada em São Paulo em 07 de novembro de 2025 (Nascar Brasil/Divulgação)
Além das corridas, a NASCAR Brasil vem se consolidando como um ambiente de negócios corporativos. No evento mais recente, foram montados 55 camarotes de empresas, reunindo patrocinadores e companhias que usam o espaço como plataforma de relacionamento e geração de negócios.
“Muitas empresas nem têm ligação direta com a categoria, mas usam esse ambiente para relacionamento B2B”, explica Col.
A expectativa de público em algumas etapas já chega a 30 mil pessoas por evento, o que impulsiona diretamente o interesse das marcas. “A base de fãs é o que destrava o crescimento econômico da categoria”, diz o CEO.
Diferentemente do modelo americano, focado em circuitos ovais e carros mais robustos, a categoria no Brasil foi totalmente adaptada às pistas nacionais. Os carros são mais leves, mais ágeis e menos potentes.
A sustentabilidade também ganhou protagonismo:
“A categoria 100% elétrica ainda deve demorar, mas já estamos testando caminhos para o híbrido”, afirma.
Um dos pilares estratégicos da Nascar Brasil é o programa Driver Development, criado para construir uma ponte direta com o mercado americano.
Em 2024:
“Até aqui, todos os custos foram nossos. Agora existe uma promessa de apoio da própria Nascar para buscar patrocinadores e levar brasileiros à Cup Series”, afirma.
A aposta na formação de pilotos também passa pela própria vivência do executivo nas pistas. Col foi companheiro de equipe de Ayrton Senna no kart, antes do ídolo conquistar o mundo na Fórmula 1 — uma experiência que, segundo ele, marcou sua visão sobre desenvolvimento de talentos.
“Mesmo ainda no kart, já era claro que o Ayrton era uma pessoa especial. Ele tinha um nível de foco e determinação raríssimos, sempre sustentados por um talento muito grande”, diz.
A categoria terá forte expansão geográfica a partir de 2026, com novas praças e retorno a circuitos históricos:
“Nosso próximo calendário não vai repetir nenhuma pista. Queremos levar a Nascar para mais estados brasileiros”, diz Col.
Rubinho Barrichello vence a terceira edição do Nascar Brasil em São Paulo (Nascar Brasil/Divulgação)
Embora a operação brasileira ainda esteja em fase de consolidação financeira, o espelhamento no mercado americano dá a dimensão do potencial do negócio.
Enquanto a Nascar Brasil movimenta R$ 150 milhões por ano, a categoria global opera em um mercado que gira bilhões de dólares em direitos e patrocínios, com contratos de transmissão multimilionários e presença massiva de marcas globais.
“No começo, você constrói base. Depois constrói dinheiro. Estamos exatamente nesse ponto de virada”, afirma o CEO.