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Não adianta ser rico em país pobre, diz novo chefe do Bradesco

O próximo presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse que o banco terá de conviver com juros baixos daqui para frente

Lazari Junior: Bradesco terá de conviver com taxas de juros baixas (Paulo Whitaker/Reuters)

Lazari Junior: Bradesco terá de conviver com taxas de juros baixas (Paulo Whitaker/Reuters)

Diogo Max

Diogo Max

Publicado em 11 de fevereiro de 2018 às 11h15.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 às 15h38.

São Paulo – O próximo presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse que o banco terá de conviver com juros baixos daqui para frente. A informação foi publicada neste domingo em uma entrevista dada pelo executivo ao jornal Folha de S. Paulo.

"É lógico que os bancos têm um ganho importante com taxas de juros altas, mas não adianta ser uma empresa rica num país pobre", afirmou Lazari Junior. "O sistema bancário dos países desenvolvidos opera com juros baixos. Os resultados são bons, dão retorno aos acionistas. Como eles fazem isso? O segredo é ampliar a base da pirâmide", acrescentou o executivo.

Lazari Junior também enxerga que haverá em breve uma redução das taxas de juros cobradas pelos bancos em várias modalidades de crédito. "Não tenho nenhuma dúvida de que vamos ver uma redução nos juros do crédito imobiliário e de outras modalidades no primeiro trimestre deste ano", disse.

As declarações do próximo presidente do Bradesco contrastam com o recente balanço divulgado neste mês pelo banco. Apesar do lucro líquido recorrente de 19 bilhões de reais no ano passado, um aumento de 11% em relação a 2016, a carteira de crédito do banco em 2017 deu uma encolhida.

Em um ano, os empréstimos somaram 514,9 bilhões de reais, uma queda de 4,3%. A baixa, segundo o banco, foi motivada pela tomada de crédito por parte das empresas. Os empréstimos para esse público tiveram uma queda de 7,4% em um ano.

"Estamos prontos para emprestar e temos caixa para isso, mas precisa haver demanda", afirmou Lazari Junior, ainda em entrevista a Folha de S. Paulo. "A recuperação é recente. As pessoas conseguiram emprego, mas ainda têm medo do que possa acontecer", acrescentou o executivo do Bradesco, que projeta um crescimento de até 7% no crédito neste ano.

Lazari Junior foi apontado no dia 5 de fevereiro como o próximo presidente do Bradesco. O vice-presidente do banco sucederá no dia 12 de março a Luiz Carlos Trabuco, que permanecerá no Conselho de Administração da instituição financeira.

Dois dias depois de o Bradesco apontar o sucessor de Trabuco, o banco fez um aumento de capital de 8 bilhões de reais, com reservas de lucros e bonificações em ações. O capital total do banco saiu de 59,1 bilhões para 67,1 bilhões de reais. A proposta, que vista aumentar a liquidez das ações no mercado, ainda precisa ser aprovada em assembleia de acionistas.

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