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Na startup Carefy, o lucro veio quando a empresa resolveu focar na operação — e não na captação

Startup de auditoria em saúde, a Carefy registrou crescimento de 75% no faturamento em 2023 e chegou ao breakeven

Marcelo Santos e Erika Monteiro, da Carefy: vamos crescer 150% em 2024 (Carefy/Divulgação)

Marcelo Santos e Erika Monteiro, da Carefy: vamos crescer 150% em 2024 (Carefy/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de maio de 2024 às 17h01.

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A healthtech Carefy chegou em 2023 em meio a uma encruzilhada: olhar para a operação interna para fechar gargalos ou focar em um roadshow para uma nova rodada de captação. A primeira opção prevaleceu e a startup de auditoria de saúde fechou o ano com um aumento de 75% no faturamento e seis de operação no azul.

“Nós preferimos olhar para dentro e entender como poderíamos diminuir o ciclo de venda, entregar o serviço mais rápido para o cliente e implementar a tecnologia em menos tempo, gerando essa receita recorrente mais rapidamente”, afirma Erika Monteiro, cofundadora da Carefy. 

Nutricionista, ela criou a startup ao lado do biomédico Marcelo Santos, a quem conheceu durante a graduação na USP de Ribeirão Preto, cidade no interior paulista. De um modelo de acompanhamento de nutrição clínica, a startup, membro do Cubo Itaú, avançou para auditoria em saúde.

Como funciona a Carefy

A partir de uma plataforma própria, desenvolvida com o uso de modelos de linguagem, a Carefy permite que operadoras de saúde e empresas de auditoria avaliem e monitorem processos e custos de internações, tratamentos e acompanhamentos médicos. No sistema, entram serviços como autorização de guias, prorrogação de internação, atendimento domiciliar e checagem de contas médicas.

“Nós começamos lá em 2017 propondo uma transição de sair do papel, do Excel e do WhatsApp ali para uma tecnologia focada em centralizar os dados”, diz Santos. “E hoje temos uma solução inteligente que, baseada na análise que ela fez, é capaz de sinalizar pontos de atenção e dar direcionamentos”.

O modelo atraiu 25 clientes, como a Porto, Seguros Unimed e a Hapvida. Atualmente, a Carefy gerencia mais de 7 milhões de vidas. Cerca de metade chegou à plataforma neste processo de crescimento experimentado pela startup ao longo do ano passado, quando a receita recorrente teve uma alta de 100%. 

Além do foco interno, a startup se beneficiou de dois cenários. O primeiro, a própria plataforma. O segundo, a busca do mercado por produtos que ajudem no controle de contas. 

As operadoras de saúde convivem com altos níveis de sinistralidade desde a pandemia, quadro que tem pressionado cada dia mais o setor.  

“Quando o mercado começou a ficar mais aquecido com essa frente de buscar a redução de custos, a nossa solução estava pronta”, afirma Santos. “Não começamos a olhar para isso quando as operadoras demandaram”.

De acordo com números internos, o uso da tecnologia tem reduzido os custos das internações em 13% e diminuído a média de permanência em até 40%.  

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Quais são os próximos passos 

O ritmo de crescimento, inédito na história recente da startup, tende a ser reforçado neste ano. A expectativa é de que o faturamento avance 150% ao longo dos 12 meses. A startup não revela as cifras atuais.

“Essa dor no mercado já existia e estourou. E agora nós vamos aproveitar essa onda de busca por eficiência que vai ficar um tempo no mercado. E, obviamente, faremos mais investimentos em produto para escalar a tecnologia e em marketing para mostrar os resultados”, diz Monteiro.

Assim como no começo do ano passado, os sócios pretendem manter o foco dentro de casa. Com a operação no positivo, a busca por capital foi postergada mais uma vez e ficará para o próximo ano.

Desde o início das atividades, a Carefy recebeu pouco menos de R$ 2 milhões em recursos. O último foi em 2021, um seed de R$ 1,7 milhão das mãos da Bossa Invest e da Elife Participações.
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