Na contramão da Netflix, YouTube derruba paywall para conteúdo original
Conteúdo original que empresa está produzindo para o YouTube Premium estará disponível para todos os usuários, com foco na receita de anúncios
Carolina Riveira
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 12h49.
Na guerra do streaming que já envolve nomes como Disney, Netflix, Apple e HBO, o YouTube vai apostar em um novo caminho.
A plataforma de vídeo do Google anunciou que não vai mais cobrar para que os usuários assistam às séries originais que vai começar a lançar. O anúncio foi feito durante o lançamento nesta quinta-feira 29 da primeira temporada completa da série Cobra Kai, original do YouTube e baseada no filme Karatê Kid.
As séries originais que o YouTube vai começar a lançar a partir de agora poderão, a partir de 24 de setembro, ser assistidas gratuitamente mesmo para quem não é assinante de seu serviço de streaming, o YouTube Premium, lançado no ano passado. Ao contrário do modelo usado pelos concorrentes, que é baseado em assinaturas, o pagamento dos usuários do YouTube pelo conteúdo original virá de outra forma: em receita de anúncios.
Já os assinantes do YouTube Premium continuarão a poder ver o conteúdo sem anúncios e têm também outras vantagens, como poder "maratonar" as séries -- os não-assinantes terão acesso a somente um episódio por semana. Assinantes também têm vantagens como continuar ouvindo ou assistindo vídeos em segundo plano no celular e ter acesso ao catálogo completo do serviço (para além dos originais do YouTube, incluindo títulos de outras produtoras que não podem ser exibidos gratuitamente por questão contratual).
Para o resto do ano, o YouTube planeja o lançamento de novos títulos de conteúdo original. A líder do projeto é a veterana de Hollywood Susanne Daniels, contratada em 2015 para fazer do YouTube Premium um concorrente aos moldes do Netflix. Daniels disse nesta quinta-feira que a empresa, agora, está "desenvolvendo novas séries e especiais centradas em áreas favoritas dos fãs como música, personalidades e aprendizado de longo prazo".
O conteúdo original deve incluir modelos como reality shows e programas, e não somente séries -- nicho em que os executivos da empresa passaram a aceitar que a concorrência será muito grande e o investimento, muito alto.
Entre este ano e o ano que vem, para além da líder Netflix, produtoras de conteúdo devem lançar suas plataformas próprias de streaming e apostar em conteúdo original para conseguir assinantes mensais. A Disney terá o Disney+, a Apple, o Apple TV+, a Warner e a HBO (agora com a AT&T) terão o HBOMax. A Amazon também já é dona do Amazon Prime Video.
A decisão do YouTube em mudar o foco do conteúdo e apostar nos anúncios vem da tradição da empresa em ganhar dinheiro com publicidade, o que não acontece nas concorrentes do setor de streaming. A consultoria eMarketer estima que a receita de anúncios do YouTube vai crescer 20% em 2019 e chegar a 11,4 bilhões de dólares. O YouTube representa 11% de toda a receita de anúncios do Google.
Dois terços de todos os usuários que assistem vídeo na internet estão no YouTube, que tem 1,7 bilhão de usuários em todo o mundo. Uma base de usuários a ser monetizada que é infinitamente maior que os mais de 140 milhões de usuários da Netflix.