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Plano de reestruturação da Varig é aprovado por credores

Grande maioria dos presentes à assembléia apoiou as propostas, mas ainda há dúvidas sobre a capacidade da companhia aérea arcar com seus compromissos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

O plano detalhado de recuperação da Varig foi aprovado pela ampla maioria dos credores nesta quinta-feira (23/2), durante assembléia realizada no Rio de Janeiro - 95,8% dos presentes votaram a favor das propostas. "O resultado da votação demonstra a confiança dos credores na empresa", diz Odilon Junqueira, presidente do Aerus, o fundo de pensão dos aeroviários.

A principal peça do plano é a criação de dois fundos de investimento e participação (FIP). O primeiro é o FIP-Controle, que abrangerá as ações das empresas em recuperação judicial (Varig, Rio Sul e Nordeste). Com isso, os credores poderão deter participação acionária nas companhias e influenciar sua gestão. O segundo é o FIP-Crédito. Os credores poderão adquirir cotas desse fundo para converter em ações no FIP-Controle.

Ficou acertado que os fundos serão geridos por um banco "de primeira linha", segundo Junqueira. Por ora, os candidatos são o Mellon, Itaú, Bradesco e Unibanco. O mais importante, segundo o presidente do Aerus, é que o gestor do fundo também deverá indicar uma consultoria especializada em recuperação de empresas para administrar o dia-a-dia da Varig. As cogitadas são a Íntegra, a Galeazzi e a Alvarez Marçal. "Isso viabilizará o choque de gestão de que a companhia tanto precisa", diz Junqueira. No início de março, uma reunião prévia entre os principais credores deve definir o gestor do fundo, que será ratificado por uma nova assembléia de credores em 13 de março.

Falta de capital

Um representante dos credores também recebeu bem a aprovação do plano, mas manifestou dúvidas sobre a sua real capacidade de recuperar a Varig. "A situação financeira da empresa é muito delicada e o plano não prevê nenhuma injeção de capital", diz. "Sem isso, ficará difícil reverter os problemas".

Segundo esse negociador, a carência de três anos solicitada aos credores e os prazos de vencimento, entre sete e dez anos, darão um certo fôlego para a empresa, mas não eliminam outros desafios. A Varig já conseguiu evitar o arresto de suas aeronaves por falta de pagamento, mas terá uma árdua tarefa em 2006: renegociar os contratos de leasing de cerca de 46% da frota. A falta de aporte de mais capitais poderá espantar os fabricantes de aeronaves e dificultar a renovação dos acordos.

Sem novos recursos à mão, a alternativa seria um forte ajuste de despesas, sobretudo no quadro de funcionários. "Não é possível reduzir muito as despesas com combustíveis, por exemplo, mas há bastante espaço para cortar na administração", diz o negociador, que pediu para não ser identificado.

Para Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, é preciso um "choque de gestão" na Varig, mas isso não significa, necessariamente, cortar pessoal. "Primeiro, é preciso saber qual será o novo tamanho da companhia", diz. Segundo Graziella, o plano de recuperação contempla uma frota de 63 a 69 aeronaves, contra as atuais 62. "Talvez não seja necessário cortar na área operacional. É possível até que faltem funcionários", diz. Ela lembra que a própria crise da empresa já enxugou a mão-de-obra da companhia. Em outubro do ano passado, a Varig empregava 10 700 pessoas. Nesta semana, o número estava em 8 700. "Muitos mudaram de companhia, se aposentaram ou foram para o exterior", afirma.

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