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Analistas apontam erro estratégico no acordo da Petrobras com El Paso

Para especialistas, maior mérito da negociação é eliminar a disputa jurídica entre as companhias. No longo prazo, porém, estatal brasileira deveria se focar em petróleo, e não em termelétricas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

A Petrobras pode ter cometido um erro estratégico ao fechar o acordo com a companhia americana El Paso para a compra de seus ativos no Brasil. Anunciado nesta quinta-feira (2/2), o contrato prevê a aquisição das empresas El Paso Rio Claro e El Paso Rio Grande, que controlam a usina termelétrica de Macaé, no Rio de Janeiro, por 357,5 milhões de dólares. Para os especialistas, o mérito do acordo é eliminar a disputa judicial entre Petrobras e a El Paso, que se arrastava desde 2003, em torno dos termos da parceria para a construção da planta de Macaé. Mas, no longo prazo, os analistas prefeririam que a estatal se desfizesse desses ativos e se concentrasse na extração e refino de petróleo. A Petrobras ainda realizará uma auditoria nos números das controladas da El Paso para fechar o negócio.

"Estrategicamente, o melhor para a Petrobras é se concentrar na área de petróleo. Quem tem o melhor negócio do mundo precisa focar nele", afirma Luiz Caetano, analista de petróleo do Banif Investment Banking. Luiz Otavio Broad, que acompanha o setor pela corretora Agora Senior, concorda. "Com o contrato, a Petrobras só está reparando um erro do passado. Não há necessidade de a empresa atuar no setor termoelétrico", diz.

Durante o período de racionamento de energia, em 2001, a Petrobras assinou diversos contratos de parceria para a construção de usinas termelétricas movidas a gás natural. Os acordos determinavam que a estatal deveria assegurar os custos de operação das plantas por cinco anos, no caso de estarem deficitárias. Na época, a companhia justificou os acordos com o argumento de que as termelétricas ocupariam cada vez mais espaço na matriz energética brasileira. Com as perspectivas de demanda crescente de energia, esperava-se que as usinas operassem com lucro.

Mas a demanda pela termoeletricidade não evoluiu como se previa e a Petrobras foi forçada a arcar com os prejuízos dos parceiros. O contrato com a El Paso foi assinado em 2001. Desde 2003, a estatal contesta judicialmente o acordo, alegando que o valor pago para a El Paso já superava o total investido na construção da empresa. A disputa arrastou-se por duas cortes: um tribunal de arbitragem em Nova York, e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O primeiro condenou a petrolífera brasileira a pagar 227 milhões de reais à El Paso, referentes a desembolsos efetuados em Macaé. Já o segundo deu ganho de causa à Petrobras.

De saída

Macaé não foi a única termelétrica comprada pela Petrobras. A renegociação de contratos semelhantes terminou da mesma forma. No ano passado, a empresa já havia assinado um termo de compromisso para comprar a MPX Termo Ceará, um negócio avaliado em quase 140 milhões de dólares. No ano anterior, adquiriu a térmica Eletrobolt, instalada no Rio de Janeiro. A planta pertencia à falida Enron e foi negociada junto aos credores da americana.

Para os analistas, o melhor é que a Petrobras se desfaça o quanto antes desses ativos e se concentre na área de petróleo. A Petrobras controla ou mantém parcerias em dez termelétricas. No início da tarde, as ações preferenciais da companhia registravam queda de 1,32%, negociadas a 46,13 reais por lote de mil. Já as ordinárias caíam 1,46%, para 50,55 reais. Enquanto isso, o Ibovespa acumulava queda de 0,99%.

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