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Desfecho do caso Varig determinará rumo do setor aéreo

Se a empresa resistir mais um ano, setor pode crescer 9%, segundo analistas. Falência abrirá espaço para estrangeiros explorarem as rotas internacionais deixadas pela companhia

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

O destino da Varig e a oscilação do dólar, sobretudo em um ano de eleição, podem marcar profundamente o setor aéreo brasileiro em 2006. Em um cenário positivo ou seja, com a permanência da Varig e a estabilização do câmbio em patamares não muito elevados a receita da aviação deve crescer de 7% a 9% em relação a 2005, segundo analistas.

Mas qualquer projeção pode ser facilmente derrubada nas atuais circunstâncias. Isso porque o mercado não descarta a hipótese de a Varig sucumbir de vez. A empresa é responsável por 80% dos vôos internacionais feitos a partir do Brasil e nenhuma das outras conseguiria substituí-la a curto prazo. Uma das saídas, segundo analistas, seria a parceria do governo brasileiro com uma empresa aérea internacional, provavelmente americana.

"Acredito que exista algum plano de contingência do governo, caso a Varig encerre suas operações", diz Alexandre Garcia, analista de aviação da corretora Ágora Senior. "A exploração de rotas internacionais requer investimento pesado e o retorno só vem em 18 meses, no mínimo. Ou seja, fica complicado para as outras", completa.

Quem tem a ganhar com esse cenário são os outros dois principais concorrentes. TAM e Gol vêm se beneficiando não tanto da chegada de passageiros de primeira viagem, mas principalmente do esfacelamento das operações da Varig nas rotas domésticas. Apesar disso, ambas também estão sujeitas a fatores econômicos. "Por mais que TAM, e principalmente a Gol, ganhem passageiros da Varig, elas também precisam lidar com o preço do petróleo e com o câmbio, os dois fatores que costumam ditar os rumos do setor aéreo", diz Garcia.

O futuro das pequenas

Comendo pelas beiradas, as pequenas do setor têm uma missão fundamental: trazer o passageiro das rodoviárias para os aeroportos. O difícil é elas se manterem vivas com tarifas tão reduzidas. "Mais do que as grandes concorrentes, as pequenas empresas de aviação estão muito mais sujeitas ao desempenho da economia. Se tudo vai bem, elas surgem. Mas na primeira crise elas suspendem as rotas", diz Marcelo Ribeiro, analista de aviação da corretora Pentágono.

Foi o caso da Webjet, que surgiu no ano passado com um modelo considerado enxuto, administrada por executivos experientes, mas que não se pagou. Outras duas pequenas BRA e OceanAir também vêm disputando espaço com tarifas baixas, mas seu futuro em 2006 pode ser prejudicado caso TAM e Gol adotem a mesma prática aplicada com a Webjet: reduzir as tarifas exatamente nos trechos operados pelas pequenas.

"TAM e Gol são empresas capitalizadas, com ações em bolsa. Ambas têm fôlego em caixa para reduzir tarifas e, assim, atrapalhar os planos das menores", diz Ribeiro.

Anac, uma promessa

Outra novidade que vir a mexer com o mercado de aviação em 2006 é a implantação da Agência Nacional de Aviação Civil, que vai substituir o Departamento de Aviação Civil (DAC). Já sancionada pelo governo Lula, a nova agência promete entrar em vigor este ano. Com ela, virá uma série de regulamentações, como a exigência de maior transparência nas operações.

A Anac é aguardada com expectativa pelas empresas do setor. Isso porque, além de fiscalizar, ela também terá poder de ajudar financeiramente essas empresas em momentos de crise. O orçamento previsto da Anac é de 120 milhões de reais.

"Essa transparência vai atrair mais investidores. Por isso estou otimista e acredito que 2006 será melhor do que o ano passado", diz Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

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