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Empresários querem juros baixos mas confiam na política econômica

Jorge Gerdau Johannpeter, do Grupo Gerdau, e Roger Agnelli, da Vale, defenderam publicamente a condução da economia e as decisões do governo Lula

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Quem, no governo Lula, defende a política monetária executada pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central respirou um pouco aliviado nesta sexta-feira (2/12). Apesar de terem criticado a liderança do Brasil no ranking mundial dos juros mais altos, durante reunião fechada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vários empresários reunidos no 7º Seminário Brasil e Parceiros, em São Paulo, protagonizaram uma defesa pública da política econômica aplicada no Brasil e mostraram confiança na condução da economia brasileira.

O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, afirmou que acelerar a queda nos juros básicos pode acarretar a perda do "sacrifício feito até agora para chegar no patamar de inflação que o Brasil conquistou". "Corremos o risco de perder a nação civilizada que conquistamos. (...) A questão dos juros no Brasil deve ser avaliada com muito cuidado", disse Gerdau, em entrevista coletiva ao lado do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. "Como empresário, peço para o governo baixar os juros. Mas preciso respeitar as pessoas que, com fundamentos técnicos, conduzem a política econômica no país."

Presente na mesma entrevista coletiva, o presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, concordou com o empresário do setor siderúrgico. "Ninguém é capaz de discordar dos resultados positivos que ela tem gerado", disse Agnelli. "Quem tem as condições técnicas para decidir se os juros sobem ou caem e em qual proporção é o Banco Central." Para o presidente da Vale, o mais importante é que existe uma tendência declinante da taxa de juros e "isso por si só já é muito positivo".

Confiante nesse declínio futuro o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Guido Mantega, já fez uma aposta. "Para 2006, espero que a Selic [taxa básica de juros da economia brasileira] fique abaixo dos 15% ao ano." Atualmente, a Selic está em 18,5% ao ano.

Mais dificuldades

Apesar do clima cordial entre os representantes do governo e da iniciativa privada, os ministros e o presidente precisaram ouvir algumas repetidas queixas contra as dificuldades para empreender no Brasil. Furlan comentou que os empresários reclamaram da burocracia nas áreas tributária e ambiental, na qual enfrentam demandas contraditórias da União, dos municípios e dos estados. O ministro do Desenvolvimento também relatou que as dificuldades para o trânsito aduaneiro de mercadorias e os gargalos da infra-estrutura para exportação e importação foram destacados pelos empresários. "Muitas providências não foram tomadas, não pela falta de recursos, mas por problemas diversos como a falta de licenças ambientais. O presidente Lula se comprometeu em trazer para si a solução do problema dos portos.", disse Furlan.

Realizado pelo governo federal nesta sexta-feira em São Paulo, o 7º Seminário Brasil e Parceiros reuniu um total de 164 empresas de mais de 28 países. Além de Lula, que falou aos empresários no café da manhã, na sessão plenária e no almoço, do ministro Furlan e de Guido Mantega, representaram o governo brasileiro no evento a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o vice-ministro das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. A primeira edição do evento de promoção comercial ocorreu em Genebra, em janeiro de 2004. Os outros seminários foram realizados em Nova York, em junho de 2004 e em setembro deste ano; em Davos, em janeiro de 2005; na Coréia do Sul, em maio de 2005, e no Japão, também em maio deste ano.

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