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Exportadores de suco de laranja comemoram estagnação

Furacões na Flórida e alta das cotações internacionais compensam valorização do real e encarecimento dos custos, diz associação do setor

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Pesando prós e contras, a citricultura brasileira está razoavelmente satisfeita. Simplesmente porque não andou para trás, com tantos problemas acumulados. Um dia depois da revelação de que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário retrocedeu 3,4% no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre, a Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus) prevê manutenção de volumes e receita com vendas externas. Segundo o presidente da entidade, Ademerval Garcia, espera-se exportação de 1,4 milhão de toneladas de suco de laranja, com faturamento de 1,3 bilhão de dólares, próximo do desempenho do ano passado.

As exportações acumuladas de janeiro a outubro foram de 1,19 milhão de toneladas. No total dos últimos 10 anos, as exportações apresentaram alta de 30%.

Na lista de percalços, Garcia menciona o que todo exportador aponta há meses como o principal tormento do setor: a contínua valorização do real ante o dólar, que bate em 24,7% nos últimos doze meses. Com uma inflação pouco superior a 5% no ano, as margens ficam comprometidas. Depois há a elevação dos custos de produção, com destaque para energia, transportes e insumos. Para piorar, o setor de citros teve de enfrentar o surgimento de pragas graves como o greening (que torna o fruto deformado e assimétrico), além do cancro-cítrico, entre outros. O avanço da cultura de cana-de-açúcar no estado de São Paulo também concorre por área plantada.

Para 2006, Garcia prefere não fazer prognósticos. "Ainda não sabemos estimar como os pés novos vão produzir", diz. A subtituição de pés tem sido acelerada com a incidência do greening, tornando muito mais complexa a gestão das lavouras. "É um desafio monumental", afirma Garcia.

Antidumping

Sobre a imposição pelos Estados Unidos, em agosto, de sobretaxas antidumping que variam de 24% a 31%, Garcia afirma que a passagem de furacões sobre áreas produtoras da Flórida acabou tornando a medida inócua. O suco do Brasil entra nos Estados Unidos quando os produtores da Flórida não dão conta da demanda, e, por conta da quebra de safra causada pelos furacões, o Brasil está destinando cerca de 20% de suas exportações ao mercado americano, com sobretaxa e tudo. "Os fundamentos mudaram de lá para cá. Havia enxurrada de oferta e estoques altos, mas vieram os furacões e a situação se inverteu."

Como o estado de São Paulo e o estado da Flórida produzem 90% do suco de laranja consumido no mundo, o resultado é uma alta dos preços. A alta das cotações internacionais nos últimos 12 meses atinge 52,8%.

Novos mercados

Mas a esperança da Abecitrus não está nas cotações e nos furacões, mas na Ásia, especialmente China, e nos países do leste europeu, como Rússia, Polônia e Hungria, regiões vistas como em ascensão para a indústria do suco de laranja. Em 1998, o Brasil exportava aproximadamente 1 000 toneladas de suco de laranja para a China. Em 2005, a expectativa é chegar a 60 000 toneladas. "Conseguimos diminuir a tarifa chinesa, que estava em 75%, para 7,5%", diz Garcia.

No caso da Rússia, o volume exportado de 1993 a 2003 teve um salto de 10 000 toneladas para 35 000 toneladas. A tarifa caiu de 25% para 5% em 2000, graças a negociações privadas, sem participação dos governos.

O principal mercado para as exportações brasileiras, porém, é a União Européia (UE), com 70% dos embarques. A despeito das dificuldades, a Abecitrus continua acreditando que as negociações entre Mercosul e UE chegarão a algum resultado prático em termos de redução tarifária.

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