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Internacionalização precisa ser considerada questão de sobrevivência

Para ex-embaixador do Brasil em Washington, empresas precisam adotar uma postura mais criteriosa na escolha de mercados para exportação

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Assim como grande parte do impulso empreendedor no Brasil nasce do desemprego, a internacionalização de empresas tem sido um processo forçado. "É uma questão de sobrevivência", diz Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ex-embaixador do Brasil em Washington.

E a exemplo de qualquer empreendimento, a internacionalização não deve ser conduzida intuitivamente. Além de uma estratégia definida, é necessária uma escolha criteriosa de mercados. "Como resquício da colonização, nossos produtos muitas vezes são comprados, mas não somos nós que decidimos para quem, quanto e quando vender. São coisas muito diferentes", afirma. Barbosa aponta para o potencial (incrivelmente inexplorado) do mercado americano, onde 68% dos bens podem ser importados com tarifa zero.

A desatenção em relação à oportunidade que essa tradicional abertura americana representa pode ser traduzida em números. Em 1985, o Brasil exportava 7 bilhões de dólares para os Estados Unidos, enquanto a China vendia 3,5 bilhões. Hoje, a China exporta 150 bilhões, ao passo que os exportadores brasileiros não faturam mais do que 20 bilhões de dólares com embarques para o mercado americano.

Para José Roberto Mendonça de Barros, sócio-diretor da consultoria MB Associados, mesmo a empresa que não exporta absolutamente nada precisa, no mínimo, entender o mercado global, ficar a par das novas tendências em produtos e serviços, e acima de tudo, ficar atenta à possibilidade de entrada de um novo empresário que afete de forma dramática o mercado local.

Esse acompanhamento, diz Barbosa, implica na busca de informação especializada, de parceiros locais nos mercados de destino e de um monitoramento especializado das negociações internacionais. "Isso é essencial para antecipar-se aos desafios resultantes dessas negociações." Para o ex-embaixador, ainda há muitos empresários que desconhecem, por exemplo, a informação de que 68% do mercado americano é totalmente livre de tarifas de importação.

Choradeira

Em vez de qualificar-se para uma internacionalização pensada, priorizando por exemplo a formação de novos executivos com uma mentalidade mais globalizada, grande parte do empresariado brasileiro opta por uma postura defensiva. O problema, para Mendonça de Barros, é que o câmbio está aí para ficar. "O dólar não será mais cotado a 3,50 reais, a menos que haja uma crise internacional, caso em que um problema será substituído por outro problema", afirma.

Segundo Mendonça de Barros, o que explica o desempenho positivo do setor exportador, a despeito da valorização do real frente ao dólar, é uma combinação de reajuste de preços em dólar, ganhos tributários decorrentes dos incentivos oficiais aos exportadores e acesso facilitado ao mercado internacional de capitais para quem vende ao exterior. Tais vantagens não eliminam a necessidade de reduzir o mais rápido possível os problemas em infra-estrutura rodoviária e portuária, por exemplo. "Com o dólar a 2,40, os custos da estrada e do porto são decisivos."

Barbosa e Mendonça de Barros participaram de seminário sobre internacionalização de empresas na Fiesp, nesta terça-feira (25/10).

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