Negócios

Mupy fora do saquinho? Os planos do novo CEO para a marca de suco de soja de 44 anos

O executivo Alexandre Moreno estima faturamento de R$ 115 milhões em 2023 e produção de 11,7 milhões de litros de suco de soja — crescimento de 22,8% em relação ao ano anterior

Mupy: "O saquinho pode parecer coisa do passado, mas tem um caráter lúdico", diz o CEO (Mupy/Divulgação)

Mupy: "O saquinho pode parecer coisa do passado, mas tem um caráter lúdico", diz o CEO (Mupy/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de agosto de 2023 às 14h02.

Última atualização em 24 de agosto de 2023 às 15h36.

A marca de suco à base de soja Mupy está sob nova direção há oito meses. Com experiência em companhias como PepsiCo, Bunge e Docile, o executivo Alexandre Moreno está liderando a restruturação da marca de 44 anos. O desafio é ir além de do público forte da marca: a comunidade oriental paulista. "Precisamos aumentar a distribuição pelo Brasil. A possibilidade de crescimento é imensa", diz Moreno.

Dois movimentos descrevem o atual momento da empresa fundada por uma família de imigrantes japoneses. O primeiro, com olhar mais interno, trata do fortalecimento da governança e da busca por eficiência. A outra frente, voltada  para os consumidores, prevê ampliação de presença em canais e regiões específicas, além da modernização do portfólio e do fortalecimento das marcas.

O novo CEO afirma que a icônica embalagem de plástico que os clientes furam com o canudo para beber o suco de soja com sabor de fruta não sairá de linha. "O saquinho pode parecer coisa do passado, mas tem um caráter lúdico e de lembrança do passado que vai passando pelas gerações".

O primeiro ano da nova liderança deve terminar com faturamento de 115 milhões de reais e a produção de 11,7 milhões de litros de suco de soja — crescimento de 22,8% em relação ao ano anterior. Os resultados mais animadores devem vir nos próximos anos. A expectativa é dobrar de tamanho e chegar a 230 milhões de reais de faturamento até 2025.

Plant-based: quatro empresas se unem para criar associação para fortalecer o setor

A projeção para o mercado de leite de soja global também é boa. Até 2031, o setor deve crescer mais de 9% e faturar 11,8 bilhões de dólares, de acordo com levantamento da Persistence Market Research. Ásia e Europa lideram a participação no mercado, com mais consumidores buscando bebidas e alimentos plant-based. Entre as razões para o crescimento do segmento estão:

  • Aumento da demanda por produtos mais sustentáveis
  • Preocupação com o bem-estar animal
  • Busca por uma dieta mais saudável

"Estamos vivendo o nosso melhor momento em mais de 40 anos de Mupy. Hoje produzimos cerca de 800 mil litros por mês e contamos com 200 funcionários na nossa fábrica na Vila Clarice e no nosso centro de distribuição em Jandira . Quero conquistar distribuidores para pulverizar a marca".

Como o negócio começou

A família de imigrantes japoneses Uchinaka fundou em 1977 a empresa Agro Nippo, grupo que detém a Mupy e a distribuidora de produtos asiáticos Hyde Alimentos.

O negócio começou com a produção e venda de brotos de feijão conhecidos como Moyashi. Hideyo Uchinaka, de 78 anos, criou o negócio junto com o seu pai e atua na empresa até hoje. Ambos sabiam do sucesso das bebidas à base de soja na comunidade japonesa e decidiram desenvolver o produto. Na época, a bebida era comercializada em garrafas de vidro e a marca se chamava Mamy.

Dois anos depois, com a adição de suco de frutas, a marca Mupy foi criada e a tradicional embalagem de saquinho foi desenvolvida para consumo individual. Apenas entre os anos de 2006 e 2009 a marca lançou suas versões em caixinha longa vida de 200 ml e 1 litro, para estar presente desde a lancheira das crianças até a refeição em família.

Como parte da estratégia de reestruturação, a empresa formalizou o seu Conselho de Administração, não apenas com a participação dos sócios, mas também com a presença de um conselheiro profissional.

"Recentemente reforçamos o primeiro escalão de executivos, trazendo profissionais muito experientes para áreas críticas como fabricação, logística, controladoria e compras", diz Moreno.

Franui: tudo o que sabemos sobre o doce de framboesa com chocolate que viralizou no TikTok

Qual é o plano de expansão da Mupy

Até a década de 90, as vendas da Mupy eram focadas em cozinhas de grandes indústrias. Nos últimos anos, a marca focou em reforçar a distribuição em grandes atacarejos. Com boa parte das vendas concentradas no estado de São Paulo, o novo CEO quer capilarizar as vendas nos pequenos e médios varejos através de distribuidores.

"Onde tem Mupy, o produto gira. Em 2023 a meta é crescer em aproximadamente 60% a presença em pontos de venda. Para 2024 a meta é ainda mais arrojada. Queremos uma expansão geográfica da distribuição", diz o CEO.

Entre os primeiros estados no radar do negócio estão:

  • Rio de Janeiro
  • Paraná
  • Minas Gerais

Presença em eventos geeks e novos produtos

De olho na conexão com os consumidores, Moreno afirma que Mupy  vai voltar a participar de eventos como Anime Friends e Festival do Japão.

“A cultura pop está em alta, Mupy é uma ‘love brand’, nosso público-alvo é atuante, são defensores da marca, e precisamos estar com eles nos eventos”, diz o executivo.

A empresa também tem fortalecido a sua área de Pesquisa & Desenvolvimento. Moreno afirmou que novas categorias de produtos devem ser desenvolvidas ainda neste ano. "Um exemplo desse compromisso é a nova fórmula de Mupy, que está chegando ao mercado com baixos teores de açúcares".

Após faturar R$ 1 bilhão em cinco anos, empresa americana de óleos essenciais inaugura fábrica em SC

Acompanhe tudo sobre:ReestruturaçãoSojaBebidasgestao-de-negocios

Mais de Negócios

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação