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Mulheres flexibilizam licença maternidade

A americana Marissa Mayer, de 37 anos, assumiu o cargo de presidente executiva do Yahoo! no sexto mês de gravidez. O caso virou notícia no mundo todo

Marissa assumiu o compromisso de retornar ao trabalho apenas duas semanas após seu parto (Noah Berger/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2012 às 08h43.

São Paulo - Com gêmeos recém-nascidos e mamadas de três em três horas, o cálculo era exato: Cláudia Zapparolli tinha 40 minutos de pausa entre uma amamentação e outra. Era esse tempinho que a executiva da Samsung aproveitava para ler os e-mails corporativos e receber telefonemas profissionais. “Montei uma estrutura antes do parto e, nos meses fora do escritório, fiquei disponível para a empresa, mas até certo ponto”, diz ela. A maratona começou no segundo mês de vida dos meninos - hoje eles têm 1 ano e 2 meses - e durou até o fim da licença-maternidade, emendada com um mês de férias.

A história de Cláudia é um exemplo da realidade de muitas executivas ante à maternidade. Ocupantes de cargos estratégicos, essas mulheres acabam não se ausentando do trabalho, mesmo que não estejam fisicamente no escritório. Isso se tornou mais fácil com as tecnologias, as conferências telefônicas e as reuniões por Skype.

A legislação brasileira estabelece o afastamento mínimo e remunerado de 16 semanas, tempo considerado pequeno por muitas mães, mas exagerado por boa parte das empresas. Esse período, contudo, não é aleatório. Os seis meses são defendidos pelos pediatras porque correspondem ao tempo do aleitamento materno exclusivo, importante para evitar alergias e doenças como pneumonia. “Pode não parecer, mas a legislação brasileira é muito rígida. E isso, ao mesmo tempo em que protege a mulher, pode também atrapalhar. Especialmente para cargos de alto escalão”, diz o consultor Jeffrey Abrahams, que trabalha no recrutamento de executivos.

É por essa razão, explica ele, que, apesar de o tabu de contratar mulheres ter sido vencido, grande parte das empresas ainda resiste à ideia de recrutar gestantes. Mas há exceções. No sexto mês de gravidez, a americana Marissa Mayer , de 37 anos, uma das executivas mais bem pagas do mundo, deixou o Google, onde atuava havia 13 anos, para assumir o cargo de presidente executiva do Yahoo! - por um contrato de US$ 1 milhão por ano.

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O caso virou notícia em todo o mundo, principalmente pelo compromisso de Marissa de retornar ao trabalho apenas duas semanas após o parto. “Mas se ela for amamentar, por exemplo, é impossível ficar fora com 15 dias de vida do filho. Vai mandar o leite por e-mail?”, questiona Cláudia. “Não há milagre, mas também não deve haver extremismo. A gente entende a organização, mas a empresa precisa ser compreensiva.”
É esse ceder recíproco que defende Renata Fabrini, sócia de uma empresa de recrutamento de altos executivos, a Fesa. “Eu percebo as lideranças mais flexíveis e abertas mas, é óbvio, esperando uma contrapartida da mulher. Não dá para ter ingenuidade nesse sentido”, diz.


Ela conta que recentemente indicou uma grávida a um cliente e o processo só não progrediu porque a candidata desistiu da vaga. “Se houver comprometimento mútuo, não vejo por que isso não acontecer”, defende. E alfineta: “Quinze dias após o parto, se há uma infraestrutura adequada, a mulher vai ao shopping e ao cinema com o marido. Por que não poderia ir a uma reunião? É preconceito, até”.

Dilce Madureira concorda. Gerente de vendas da Promega, empresa americana de biologia molecular, ela não foi ao escritório durante a licença-maternidade, mas, a partir do segundo mês, participou de tudo. “Eu ligava, me envolvia nas decisões. Até poderia ter ficado de fora, mas sabia que tinha metas a cumprir e tinha em mente que minha participação influenciaria nisso”. Ela é mãe de uma garota de 8 anos e de gêmeos de 4.

Executiva de uma empresa de agronegócio alemã, Andrea Veríssimo discorda totalmente dessa decisão. Quando seu filho nasceu, em 2005, emendou licença-maternidade e férias. “Desliguei-me completamente e nada saiu do eixo na minha ausência”. Para ela, há diferenças culturais. “Organizações americanas cumprem os quatro meses obrigatórios. Já a maioria das alemãs aderiu aos seis meses”. As informações são do Jornal da Tarde.

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