MRV Engenharia: empresa viu sua receita líquida crescer 10,4 por cento no segundo trimestre, para 1,091 bilhão de reais (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2012 às 20h33.
São Paulo - A MRV Engenharia fechou o segundo trimestre com lucro líquido de 145 milhões de reais, queda de 23,4 por cento sobre o ganho obtido um ano antes, ainda refletindo efeitos do começo do ano, conforme dados divulgados nesta segunda-feira.
O resultado também ficou abaixo da previsão média de seis analistas em pesquisa da Reuters, que apontava lucro de 161,2 milhões de reais para a empresa no período.
Já a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou 212 milhões de reais entre abril e junho, 17 por cento menor na relação anual, com a margem caindo de 25,9 para 19,4 por cento.
"Uma série de impactos afetaram negativamente o resultado do primeiro trimestre e ainda tivemos o restante desses impactos, mas isso já está melhorando", disse à Reuters o vice-presidente financeiro da MRV, Leonardo Corrêa.
Entre os ingredientes que pressionaram a última linha do balanço o executivo citou, como os custos do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a empresa e a Prefeitura de Campinas, em janeiro, e o "contínuo esforço na qualidade de entrega", acrescentou.
Em termos de qualidade, a construtora e incorporadora continuou a constituir provisões no trimestre passado.
Ao final de junho, a MRV tinha saldo de provisão para manutenção de imóveis de 176,4 milhões de reais, equivalente ao período de garantia para eventuais problemas identificados em imóveis entregues, e outros 10,9 milhões de reais em provisões cíveis e trabalhistas.
O resultado também refletiu um aumento nas linhas de despesas. As despesas gerais e administrativas subiram 22 por cento nos três meses até junho, a 57 milhões de reais.
As despesas comerciais, enquanto isso, somaram 72 milhões de reais, alta de 43 por cento ano a ano, decorrente do maior número de plantões de vendas, corretores próprios e investimentos em publicidade.
Do lado positivo, Corrêa assinalou a conclusão de um "ciclo importante para a companhia", após anos de investimentos em suas operações.
O consumo de caixa no segundo trimestre no segmento residencial foi de 1,8 milhão de reais. A média de consumo de caixa trimestral em 2011 foi de 147 milhões de reais.
A MRV já havia divulgado lançamentos de 1,067 bilhão de reais de abril a junho, alta de 42 por cento ante o mesmo período de 2011.
As vendas contratadas somaram 943 milhões de reais, queda anual de 2,7 por cento, mas alta de 15,6 por cento sobre o primeiro trimestre.
A empresa cumpriu até junho cerca de 35 por cento do ponto médio da estimativa para o fechado de 2012, de vendas entre 4,5 bilhões e 5,5 bilhões de reais.
Com isso, a MRV viu sua receita líquida crescer 10,4 por cento no segundo trimestre, para 1,091 bilhão de reais.
Ministério do Trabalho - A divulgação dos números da MRV ocorre cerca de duas semanas após a empresa ter dois projetos incluídos na lista do Ministério do Trabalho que reúne empregadores que tenham submetido funcionários a condições análogas às de escravo.
Segundo dados do Ministério, fiscalizações realizadas em março e abril de 2011 resultaram em 68 trabalhadores resgatados em condições análogas a escravidão, o que levou a MRV a pagar multa rescisória de aproximadamente 230 mil reais.
O movimento levou a Caixa Econômica Federal, signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, a suspender a concessão de novos financiamentos à MRV.
A MRV é uma das principais parceiras da Caixa e a maior repassadora de recursos do programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo federal.
Nesta segunda-feira, Corrêa não quis dar detalhes sobre o andamento do processo, mas afirmou estar "confiante de que haverá solução para esse tema o mais rápido possível". "É uma situação temporária", acrescentou.
Ainda nesta segunda-feira, o Ministério Público do Trabalho de Campinas (SP) informou que a MRV entrou com pedido de mandado de segurança, com pedido de liminar, para retirar seu nome da lista. O pedido, segundo o Ministério, foi negado pelo juiz do Trabalho daquela região.
"Os valores, princípios e missão da MRV são incompatíveis com práticas irregulares trabalhistas às quais se refere o Cadastro de Empregadores. A companhia está tomando as medidas legais cabíveis visando à exclusão dos referidos apontamentos no Cadastro", reiterou a empresa no balanço.