uncionários da MRV trabalhando na construção de um conjunto habitacional em São Paulo (Paulo Fridman/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2014 às 18h02.
São Paulo - A MRV Engenharia e Participações dobrou o ritmo de lançamentos no quarto trimestre de 2013, numa mudança de foco após iniciar o ano concentrada na venda de estoques.
Entre outubro e dezembro, os lançamentos subiram 101 por cento ante igual período de 2012, a 1,34 bilhão de reais, conforme prévia operacional divulgada nesta segunda-feira.
Já as vendas contratadas da construtora e incorporadora avançaram 1 por cento na mesma base de comparação, a 1,23 bilhão de reais.
Em entrevista à Reuters, o diretor executivo de finanças da MRV, Leonardo Corrêa, lembrou que a companhia começou 2013 com grande volume de unidades em estoque, administrando sua comercialização ao longo do ano.
"Fomos vendendo mais do que estávamos lançando, só que isso obviamente tem um limite. No quarto trimestre voltamos a acelerar os lançamentos e vimos uma expansão forte", afirmou. "Esse é o padrão da MRV".
Refletindo a estratégia de desova de estoques, os lançamentos subiram apenas 2 por cento no acumulado do ano, a 3,52 bilhões de reais, enquanto as vendas contratadas cresceram 27 por cento, a 5,09 bilhões de reais.
"As vendas contratadas foram muito fortes no ano, levando-se em conta que a economia está apresentando crescimentos módicos", disse Corrêa.
Apesar do mercado prever expansão econômica mais fraca em 2014, o executivo mantém uma visão otimista para o ano. "Tanto em 2012 quanto em 2013, a expectativa era melhor do que o que efetivamente aconteceu. Acho que em 2014 está todo mundo tão vacinado, que eventualmente pode até acontecer o contrário, ser um pouco melhor do que as pessoas estão esperando", afirmou.
Corrêa acrescentou que as perspectivas continuam boas para a empresa no mercado de empreendimentos residenciais populares, no qual é líder, depois de algumas concorrentes terem desistido de atuar no segmento após terem sofrido com cancelamentos de contratos e atrasos em obras nos últimos anos.
"Independente da economia estar super forte, ou não tão forte, temos menos competição", disse. "Como o ciclo da construção é longo, até alguém resolver voltar, comprar um terreno e recomeçar todo o processo, esse é um cenário que vai perdurar, num prazo relativamente longo", afirmou.
No quarto trimestre, 86 por cento das vendas da companhia foram elegíveis ao programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida.
A velocidade de vendas (VSO) da MRV foi de 23 por cento no período, mesmo percentual de igual etapa de 2012, mas abaixo dos 28 por cento do trimestre anterior, o que segundo a empresa mostra a aceleração no volume de lançamentos no período.
Na prévia, a MRV informou ter encerrado o ano com um banco de terrenos de 23,3 bilhões de reais em Valor Geral de Vendas (VGV), sendo 1,1 bilhão de reais em unidades com registros de incorporação emitidos.
Em relação aos estoques, a MRV afirmou ter 140 mil unidades de projetos contratados nessa situação, representativos de dois anos de operação da empresa, sendo que cerca de 70 mil unidades ainda não foram lançadas ou estão em estoque para venda.
Mais cedo nesta segunda-feira, a MRV também anunciou a convocação de reunião do Conselho de Administração para 27 de janeiro, para deliberar proposta da diretoria para cancelamento de 6 milhões de ações em tesouraria.
"O objetivo da diretoria é, na medida em que a gente tem uma companhia com uma situação financeira resolvida, possamos apresentar melhor retorno aos investidores", disse Corrêa, acrescentando que a geração de caixa da MRV já teria entrado "em velocidade de cruzeiro".
Log
Em documento à parte, a Log Commercial Properties, unidade de gestão de espaços comerciais da MRV, disse ter obtido seu melhor trimestre em termos de locação de áreas, com mais de 65 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL) comercializados entre outubro e dezembro.
O resultado desconsidera o Shopping Contagem, na cidade mineira de mesmo nome, que foi inaugurado no trimestre com 92,3 por cento de suas áreas comercializadas, de um total de 35 mil metros quadrados de ABL.
À Reuters, o diretor executivo de finanças da companhia, Felipe Gonçalves, afirmou que a companhia segue vislumbrando oportunidades no Nordeste e Sudeste, mas fora do eixo São Paulo-Campinas, em mercados "onde o nível de demanda é bem maior do que a oferta".
Para 2014, a companhia terá "viés de menor crescimento de portfólio, para aumentar percentual de ABL entregue em relação ao portfólio total", disse Gonçalves.
Sobre a perspectiva de ter ações negociadas em bolsa, ele afirmou que o ritmo de preparação para a oferta pública inicial de ações da companhia (IPO) continua o mesmo. "Não temos nada hoje em curto pra curtíssimo prazo".