MP notifica Hydro para fechamento de canal não autorizado
Hydro Alunorte é acusada por moradores e autoridades de ter despejado efluentes no meio ambiente, depois de fortes chuvas entre 16 e 17 de fevereiro
Reuters
Publicado em 12 de março de 2018 às 15h00.
Rio de Janeiro - A maior produtora de alumina do mundo Hydro Alunorte , da norueguesa Norsk Hydro, foi notificada por autoridades para vedar um novo canal não autorizado de despejo de efluentes em Barcarena ( PA ), descoberto na semana passada, afirmou nesta segunda-feira o Ministério Público Estadual do Pará (MPPA).
A notificação, segundo o MPPA, foi entregue na sexta-feira, juntamente com promotoria de Justiça de Barcarena, Agrária da I Região e Ministério Público Federal, dando até 48 horas para a conclusão do fechamento da tubulação, descoberta após nova vistoria técnica na área de operações da empresa.
A Hydro Alunorte é acusada por moradores e autoridades de ter despejado efluentes no meio ambiente, depois de fortes chuvas entre 16 e 17 de fevereiro, contaminando a floresta amazônica e causando danos à população local.
Em nota publicada no domingo, a Norsk Hydro admitiu o despejo proposital de "água de chuva" de área da refinaria ao rio Pará, em 17 de fevereiro e periodicamente entre 20 a 25 de fevereiro, por meio de um canal chamado "Canal Velho".
A empresa, no entanto, ressaltou que "não há indícios de impacto ambiental negativo causado pela liberação".
Segundo a empresa, "a água de chuva da área da refinaria pode conter poeira de bauxita e vestígios de soda cáustica, mas a água não esteve em contato com as áreas de depósito de resíduos de bauxita".
"A água teve seu pH tratado na entrada do canal, antes de ser liberada e depois misturada com a água da estação de tratamento de efluentes e com as águas superficiais da fábrica de alumínio Albras", disse a empresa.
Tal "Canal Velho" seria utilizado com a abertura de uma comporta, segundo o Ministério Público.
A empresa havia admitido anteriormente o vazamento de pequena quantidade de "água de chuva" de sua fábrica por meio de rachaduras em tubulação antiga, fora de operação, descobertas durante vistorias na unidade.
Isso mesmo após um laudo publicado em 22 de fevereiro, pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), ter apontado que houve contaminação do meio ambiente por efluentes da refinaria, com análises químicas que mostram a evolução do material por um caminho até chegar a comunidades, com pH elevado, alta turbidez, além de conter metais pesados, como o chumbo.
Na sexta-feira, reportagem da Reuters informou que um novo laudo do IEC, previsto para ser publicado nesta semana, deverá conter novas evidências do despejo de resíduos na região.
Dentre as informações do próximo relatório, o IEC informou à Reuters que haveria informações sobre vazamento de um duto que transporta resíduos do beneficiamento da bauxita de um dos dois depósitos da empresa, o DRS1, que é o mais antigo, bem nas laterais da refinaria de alumina.
O MPPA afirmou na nota desta segunda-feira que a empresa também foi notificada para realizar correção imediata das manilhas de concreto nos trechos das tubulações que conduzem rejeitos do DRS1, fazer a reparação de buracos localizados no entorno da contenção de efluentes, dentre outras medidas corretivas.