Montadoras brasileiras questionam livre comércio com México
A partir de hoje (19), o comércio de carros e peças automotivas entre os países não será mais taxado
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2019 às 06h58.
Última atualização em 19 de março de 2019 às 07h12.
Desde o ano 2000, Brasil e México mantêm um acordo que inibe taxas para importação e exportação de carros , mas até agora havia uma cota máxima para esse tipo de comércio. A partir desta terça-feira, 19, este limite deixa de existir, instaurando um livre comércio ilimitado para as transações comerciais no setor. As montadoras instaladas no Brasil tentam recorrer ao governo para impedir a nova fase do acordo, sem muita chance de sucesso.
Para o alto escalão executivo das montadoras brasileiras, a imposição de um livre-comércio ilimitado, neste momento, irá agravar ainda mais o cenário de crise e também poderá acelerar a fuga de investimentos do setor para outros pólos ao redor do mundo. Segundo as montadoras, o México oferece vantagens tributárias e competitivas para as montadoras instaladas em seu território.
No último dia 19 de fevereiro, a Ford , umas das cinco maiores montadoras do Brasil em vendas, anunciou que irá fechar sua unidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo . O fim da operação nesta planta, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), afetará uma cadeia de, ao menos, 24 mil trabalhadores.
O acordo de livre-comércio que será alterado hoje remonta ao ano 2000. Na época, o então presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso junto ao seu par mexicano, Vicente Fox, firmaram o tratado que estabelecia uma cota para transações de carros ー que não incluiu caminhões ou outros veículos ー sem taxação.
A primeira versão do tratado previa a adoção de um livre comércio ilimitado até 2015, mas na época, a então presidente Dilma Rousseff estendeu a cota máxima por mais quatro anos, que terminam agora.
Quando foi firmado, o acordo era positivo às montadoras brasileiras porque o Brasil produzia mais carros de passeio do que o México, o que abria espaço para exportações sem barreiras alfandegárias. De lá para cá, entretanto, o cenário se inverteu.