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Montadoras, algumas das beneficiárias de acordo com Irã

Montadoras francesas, bem como companhias que transportam petróleo, estão prestes a se beneficiar com acordo de seis meses para frear o programa nuclear

Linha de montagem da Peugeot: “qualquer indício de que poderíamos continuar fazendo negócios com os nossos parceiros do Irã está na direção certa”, disse porta-voz (Gonzalo Fuentes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2013 às 22h28.

Washington - As montadoras francesas PSA Peugeot Citroën e Renault SA, bem como companhias que transportam petróleo iraniano, estão prestes a se beneficiar com o acordo de seis meses para frear o programa nuclear do Irã e reduzir as sanções comerciais.

O acordo fechado ontem em Genebra entre o Irã e seis potências mundiais, incluindo os EUA e a União Europeia, reduzirá restrições sobre carros, produtos petroquímicos, peças de aviação, ouro e seguros para carregamentos de petróleo. Além disso, permitirá ao país do Golfo Pérsico continuar exportando petróleo nos níveis atuais em vez de obrigá-lo a mais reduções.

Os benefícios comerciais diretos do acordo serão limitados, pois as sanções primárias sobre o petróleo e o sistema bancário continuam em vigor. O acordo poderá ser importante como a primeira interrupção de um padrão de endurecimento de sanções sobre o Irã e um potencial primeiro passo para seu retorno à comunidade internacional.

“Qualquer indício de que poderíamos continuar fazendo negócios com os nossos parceiros do Irã está na direção certa”, disse ontem o porta-voz da Peugeot, Jean-Baptiste Thomas. “É claro que nós vamos acolher com prazer a reabertura do mercado iraniano”.

Em troca de uma flexibilização seletiva de sanções o acordo exige que o Irã restrinja atividades nucleares sensíveis, reduza seu estoque de urânio enriquecido e aceite a realização de mais inspeções internacionais em suas instalações nucleares.

Receita perdida

O acordo depende de que o Irã mantenha sua parte do trato e de que a administração Obama rejeite a pressão do Congresso para impor uma nova série de sanções. As empresas americanas não seriam beneficiadas, pois quase todo o comércio entre os EUA e o Irã, fora comida e medicamentos, foi proibido há décadas.

As sanções custaram ao Irã US$ 120 bilhões em perda de receita desde que os EUA e a UE começaram a impor penalidades severas em matéria de energia, portos, seguros, transporte marítimo, bancos e outras transações em 2010, segundo estimativas do Tesouro dos Estados Unidos. As sanções americanas penalizam outros países que negociam com o Irã, incluindo aliados dos EUA.


Além das montadoras, o acordo poderia abrir as portas para operadores de ouro da Turquia, refinarias de petróleo da Índia e seguradoras de transporte marítimo de Londres fazerem negócios com o Irã.

Sanções sobre carros

Mesmo uma redução limitada das sanções produzirá benefícios tangíveis. Reduzir as sanções sobre carros possibilitará recuperar US$ 500 milhões de comércio perdido com o Irã durante seis meses, de acordo com funcionários da administração Obama, que solicitaram anonimato e descreveram detalhes do pacote.

“É uma boa notícia para nós, pois o Irã é um mercado importante para a Renault”, disse Florence de Goldfiem, diretora de comunicações da companhia com sede em Boulogne-Billancourt, ontem em entrevista por telefone. “Esperaremos para ver quais poderão ser as condições de retomada das nossas atividades no país”.

O levantamento das sanções sobre produtos petroquímicos permitirá ao Irã exportar por US$ 1 bilhão, segundo fontes do setor. É possível que o país não sinta um efeito imediato porque tem conseguido enviar materiais como resina de polietileno para a China violando as sanções, disse Paul Hodges, presidente do conselho da International eChem, empresa de consultoria com sede em Londres.

O acordo interino levantaria temporariamente as sanções sobre o comércio de ouro e metais preciosos com o Irã. Entre os potenciais beneficiários se encontram operadores de ouro da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos, com os quais o Irã realizava a maior parte do seu comércio de ouro antes das sanções.

“Durante um breve período de tempo o Irã conseguiu receber pagamentos de boa parte de suas exportações de petróleo mediante transferências de ouro encaminhadas através da Turquia”, disse Nic Brown, diretor de pesquisa sobre commodities da Natixis SA em Londres. “O ouro circulava entre compradores de petróleo iraniano, o próprio Irã e os vendedores de exportações para o Irã”.

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Washington - As montadoras francesas PSA Peugeot Citroën e Renault SA, bem como companhias que transportam petróleo iraniano, estão prestes a se beneficiar com o acordo de seis meses para frear o programa nuclear do Irã e reduzir as sanções comerciais.

O acordo fechado ontem em Genebra entre o Irã e seis potências mundiais, incluindo os EUA e a União Europeia, reduzirá restrições sobre carros, produtos petroquímicos, peças de aviação, ouro e seguros para carregamentos de petróleo. Além disso, permitirá ao país do Golfo Pérsico continuar exportando petróleo nos níveis atuais em vez de obrigá-lo a mais reduções.

Os benefícios comerciais diretos do acordo serão limitados, pois as sanções primárias sobre o petróleo e o sistema bancário continuam em vigor. O acordo poderá ser importante como a primeira interrupção de um padrão de endurecimento de sanções sobre o Irã e um potencial primeiro passo para seu retorno à comunidade internacional.

“Qualquer indício de que poderíamos continuar fazendo negócios com os nossos parceiros do Irã está na direção certa”, disse ontem o porta-voz da Peugeot, Jean-Baptiste Thomas. “É claro que nós vamos acolher com prazer a reabertura do mercado iraniano”.

Em troca de uma flexibilização seletiva de sanções o acordo exige que o Irã restrinja atividades nucleares sensíveis, reduza seu estoque de urânio enriquecido e aceite a realização de mais inspeções internacionais em suas instalações nucleares.

Receita perdida

O acordo depende de que o Irã mantenha sua parte do trato e de que a administração Obama rejeite a pressão do Congresso para impor uma nova série de sanções. As empresas americanas não seriam beneficiadas, pois quase todo o comércio entre os EUA e o Irã, fora comida e medicamentos, foi proibido há décadas.

As sanções custaram ao Irã US$ 120 bilhões em perda de receita desde que os EUA e a UE começaram a impor penalidades severas em matéria de energia, portos, seguros, transporte marítimo, bancos e outras transações em 2010, segundo estimativas do Tesouro dos Estados Unidos. As sanções americanas penalizam outros países que negociam com o Irã, incluindo aliados dos EUA.


Além das montadoras, o acordo poderia abrir as portas para operadores de ouro da Turquia, refinarias de petróleo da Índia e seguradoras de transporte marítimo de Londres fazerem negócios com o Irã.

Sanções sobre carros

Mesmo uma redução limitada das sanções produzirá benefícios tangíveis. Reduzir as sanções sobre carros possibilitará recuperar US$ 500 milhões de comércio perdido com o Irã durante seis meses, de acordo com funcionários da administração Obama, que solicitaram anonimato e descreveram detalhes do pacote.

“É uma boa notícia para nós, pois o Irã é um mercado importante para a Renault”, disse Florence de Goldfiem, diretora de comunicações da companhia com sede em Boulogne-Billancourt, ontem em entrevista por telefone. “Esperaremos para ver quais poderão ser as condições de retomada das nossas atividades no país”.

O levantamento das sanções sobre produtos petroquímicos permitirá ao Irã exportar por US$ 1 bilhão, segundo fontes do setor. É possível que o país não sinta um efeito imediato porque tem conseguido enviar materiais como resina de polietileno para a China violando as sanções, disse Paul Hodges, presidente do conselho da International eChem, empresa de consultoria com sede em Londres.

O acordo interino levantaria temporariamente as sanções sobre o comércio de ouro e metais preciosos com o Irã. Entre os potenciais beneficiários se encontram operadores de ouro da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos, com os quais o Irã realizava a maior parte do seu comércio de ouro antes das sanções.

“Durante um breve período de tempo o Irã conseguiu receber pagamentos de boa parte de suas exportações de petróleo mediante transferências de ouro encaminhadas através da Turquia”, disse Nic Brown, diretor de pesquisa sobre commodities da Natixis SA em Londres. “O ouro circulava entre compradores de petróleo iraniano, o próprio Irã e os vendedores de exportações para o Irã”.

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