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Menos iPhone e mais serviços: a Apple após o trilhão

Companhia historicamente se renova a cada 10 anos. Agora, tem que mostrar que consegue entrar numa nova era puxada por aplicativos, streaming e pagamentos

Apple chega à icônica marca de 1 trilhão de dólares: o lucro do segundo trimestre foi de 11,5 bilhões de dólares, uma alta de 32% na comparação anual (Mike Segar/Reuters)
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EXAME Hoje

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 10h34.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 13h45.

Tão difícil quanto chegar ao topo é se manter. A fabricante de tecnologia Apple foi a primeira empresa de capital aberto a alcançar o valor de mercado de 1 trilhão de dólares, na quinta-feira. A partir desta sexta-feira, a grande dúvida de investidores é como a companhia continuará crescendo.

O grande responsável por essa marca é o icônico celular iPhone , que, desde o lançamento do primeiro modelo em 2007, caminhou para se tornar o principal produto da empresa. No segundo trimestre do ano, que teve resultado apresentado nesta semana, o lucro da Apple foi de 11,5 bilhões de dólares, uma alta de 32% na comparação anual — o resultado foi um dos chamarizes recentes para investidores, que compraram as ações da empresa levando a alta este ano para 22,55% no ano.

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A empresa vendeu 41,3 milhões de iPhones no trimestre, 1% a mais do que no ano anterior, com um preço médio de 724 dólares, acima das previsões de analistas. Apesar da alta moderada, a companhia conseguiu aumentar os lucros graças a uma nova geração de celulares, o iPhone X, lançado no ano passado ao preço de 1.000 dólares. A venda de aparelhos havia atingido um platô em 2016 pela primeira vez na história.

Mas o celular não é o último e nem o primeiro produto da Apple. Afinal, a empresa está por aí desde a década de 80, passando por altos e baixos, do computador pessoal ao tocador de mp3. Segundo o analista Gene Munster, que cobre o mercado de tecnologia há mais de 20 anos, a empresa passa por um novo paradigma a cada 10 anos. No começo, entre 1980 e 1985 foi o crescimento do computador Mac; depois a era pós-Steve Jobs, fundador da Apple, e a competição com o PC, da Microsoft, até 1997; o retorno de Jobs e o iPod até 2007; e mais, recentemente a era do smartphone.

Em 2005 o iPod era responsável por 50,5% do faturamento da Apple. Hoje, as vendas do aparelho não chegam a 1%, enquanto que o iPhone, no último trimestre, foi 56,2% de toda a receita da empresa. Apesar disso, as novidades do aparelho não são mais suficientes para registrar grandes aumentos nas vendas: há 8 trimestres a Apple tem as vendas do aparelho estagnadas, com um crescimento médio de 1% ano-a-ano.

Para Munster, o novo paradigma em que a Apple entra hoje, quase onze anos depois do lançamento do primeiro iPhone, é o de serviços. O faturamento desse setor — que responde por licenciamentos, além das vendas na loja de aplicativos, no serviço de streaming de música e na funcionalidade de pagamentos Apple Pay — foi de 9,5 bilhões de dólares no trimestre terminado em junho, o maior já registrado e com uma alta de 33% em relação a 2017.

“A estabilidade das vendas de iPhone é representativa no negócio de hardware. A partir desse negócio, os serviços da Apple podem crescer a uma média de 15% nos próximos anos”, escreveu Munster. Com perspectivas crescentes em carros autônomos, streaming e pagamentos, a Apple pode crescer muito ainda com oferecimento de serviços para os atuais 810 milhões de usuários de iPhone.

A empresa cresceria para um segmento que hoje é marcante no mercado de tecnologia. Microsoft e Google, por exemplo, têm menos ativos do que a Apple, e são grandes fornecedoras de software e de serviços digitais, e são avaliadas em 852 e 817 bilhões de dólares, entre as companhias que mais valem nos Estados Unidos. “O grande propósito da Apple, enriquecer a vida das pessoas, não vai mudar. Isso dá confiança que a Apple irá conseguir aumentar a base e o faturamento por usuário”, afirma Munster.

Segundo o presidente da empresa, Tim Cook, a marca não é algo que a empresa esperava, mas que veio com a inovação. “Se colocarmos o usuário como centro e entregarmos os produtos corretos, coisas como faturamento e valor de mercado virão”, disse em uma entrevista à rede CNN. A empresa precisa continuar se renovando para mostrar que o 1 trilhão de dólares será só mais uma marca de sucesso em sua trajetória. Fazer isso sem Steve Jobs é que são elas.

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