Diego Vaz Galhardi, CEO da iBuild: “As franquias estão nos ajudando a escalar de forma saudável e eficiente" (iBuild/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 15h06.
Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 15h19.
Sabe aquelas casinhas de Lego que você montava quando criança? Essa experiência, em tamanho real, é o que a iBuild quer proporcionar aos brasileiros com suas casas em steel frame.
Trata-se de uma tecnologia com chapas metálicas e modulares, bem comum nos Estados Unidos, onde é usada em cerca de 90% das construções de moradia, especialmente devido à rapidez, à flexibilidade e ao menor custo em comparação à alvenaria tradicional.
Nesse modelo, a estrutura é feita de aço galvanizado e com peças pré-fabricadas, tornando o processo de construção mais eficiente e com impacto ambiental reduzido. Na prática, a construção é mesmo bem parecida com a de um Lego: cada peça vai sendo encaixada, até a casa ou prédio ficar pronto.
Agora, a brasileira iBuild vai acelerar mais essas construções em solo brasileiro.
Ela acaba de receber um aporte de R$ 3,2 milhões para escalar a produção por aqui. “O dinheiro vai para melhorias de gestão, automação e inteligência artificial”, afirma Diego Vaz Galhardi, CEO da empresa. O cheque vem do empresário do agronegócio Gustavo Rizzo.
Com o novo investimento, a iBuild espera padronizar ainda mais os processos nas franquias, ampliando a qualidade e a agilidade nas entregas.
A trajetória da iBuild começou em 2013, quando Galhardi decidiu deixar a carreira em administração para se aventurar no setor de construção civil.
Com uma formação que incluía o rigor do sistema Toyota de produção, ele encontrou no steel frame — técnica que utiliza aço galvanizado no lugar de concreto e tijolos — uma solução para a construção de casas de forma industrializada e organizada.
A inspiração veio durante o trabalho com grandes empresas, como o grupo Pão de Açúcar, que demandavam projetos de construção rápidos e com qualidade, mas sempre enfrentavam os mesmos desafios do setor.
“Percebi que era possível levar essa metodologia a um nível mais industrial”, diz. “O steel frame foi uma luz no fim do túnel: reduziu o número de funcionários nas obras e manteve a qualidade”.
Foi a partir dessa experiência que a empresa percebeu o potencial de simplificar a construção para consumidores individuais, oferecendo projetos “chave na mão”, em que toda a obra fica a cargo da empresa, com a casa pronta para morar.
O modelo da iBuild é baseado na franquia, mas com um formato que traz a padronização e o controle de qualidade de grandes redes, como um “McDonald's da construção civil”.
Para isso, a rede conta com ferramentas tecnológicas para garantir que, onde quer que uma franquia iBuild atue, a construção seja entregue no mesmo padrão.
“Queremos que a construção steel frame seja tão conhecida e confiável quanto a alvenaria no Brasil”, diz Galhardi.
Com o sucesso no interior de São Paulo e em cidades como Marília e Assis, a iBuild já está presente em 20 regiões e projeta um aumento expressivo: 30 franquias até o fim do ano e, em 2024, mais que dobrar o número, totalizando 60.
“As franquias estão nos ajudando a escalar de forma saudável e eficiente. Nosso franqueado tem autonomia para o gerenciamento das obras, mas dentro do padrão iBuild,” afirma o CEO.
O faturamento do grupo, que registrou um crescimento de 600% de um ano para o outro, tem como base o modelo de royalties sobre as obras realizadas pelas franquias. Com o aumento da rede, as expectativas para 2027 são ainda maiores, com 200 franquias e projetos espalhados por todo o país. O faturamento bruto não é divulgado.
O aporte de R$ 3,2 milhões vai apoiar o desenvolvimento de novos recursos tecnológicos, especialmente em uma plataforma de automação e inteligência artificial que garante ainda mais precisão nas obras.
“Estamos aplicando esse investimento na automação para que cada etapa da obra seja supervisionada digitalmente”, diz Galhardi.
A ideia é que cada franquia funcione com um sistema padronizado, que permite o acompanhamento do que é feito em cada fase, desde o uso de parafusos até a quantidade exata de material por projeto.
No futuro, o objetivo é consolidar a marca como referência em construções inteligentes e posicionar o steel frame como uma opção comum no mercado brasileiro, além de atrair novos parceiros de investimentos com uma próxima rodada de captação, prevista para dobrar o valor da empresa para R$ 100 milhões.
“Queremos que o mercado brasileiro entenda que o steel frame não é só uma alternativa, mas uma solução moderna e viável”, diz Galhardi.